03/02/2014
No mês de fevereiro, a quantidade de motocicletas emplacadas na capital paulista deve bater a marca simbólica de um milhão de veículos. A projeção, tabulada pelo Estado, leva em conta a média de 2.760 motos novas colocadas em circulação a cada mês em 2013 - até outubro, havia na cidade 990 mil desses veículos registrados no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP), 28 mil dos quais nos dez primeiros meses do ano.
A uma taxa anual de 3,6%, o número de motos cresce, em média, quase o dobro do que o de carros, que, entre 2011 e 2012, variou 1,9%, alcançando o patamar de 5,3 milhões de automóveis emplacados.
Em ritmo de expansão, a categoria das motocicletas só perde para a das caminhonetes, que subiu 5,7% nos últimos dois anos, segundo o Detran-SP. Apesar disso, são restritas as políticas públicas voltadas à segurança do deslocamento das motos, que são o segundo tipo de veículo individual mais usado na cidade.
Em 2013, a medida mais visível colocada em prática pela Prefeitura foi a criação de 103 bolsões para as motos pararem na frente dos carros enquanto aguardam o semáforo abrir. Instalado em grandes cruzamentos, como o das Avenidas Rebouças e Brasil, na zona oeste, o mecanismo "tem por objetivo melhorar a segurança de motociclistas e ciclistas em trânsito", informou a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Para os motoboys, isso não é suficiente. "Não vejo política pública avançada para a motocicleta. O que a Prefeitura faz são coisas tímidas", diz Gilberto Almeida dos Santos, presidente do Sindicato dos Motoboys (Sindimoto). Para ele, a gestão Fernando Haddad (PT) deveria fazer mais motofaixas em vez de desfazer as existentes, como a da Avenida Sumaré, desativada em novembro para a criação de uma faixa de ônibus.
Acidentes. A Prefeitura informou que a ação foi tomada porque a motofaixa não reduziu os acidentes com motos e, sim, os aumentou em 152% entre 2006, quando foi implementada, e 2012. "Mas a maioria dos motoboys aprova e usa as faixas só de motos", diz Santos. A única motofaixa hoje é a da Rua Vergueiro. O Sindimoto pede a criação de mais desses dispositivos.
Também pensa assim Fernando Aparecido de Souza, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte e Entregas Rápidas do Estado de São Paulo (Sedesp). "Essas faixas de retenção ajudaram bastante, mas é preciso ter mais motofaixas."
Segundo ele, a maioria das novas motos emplacadas pertence a quem não trabalha diretamente com as motos, mas as usa para deslocamento. "A moto ser mais barata e rápida que o carro, o trânsito estar caótico e o transporte público ainda superlotado explicam a opção por esse tipo de veículo", diz Souza.
Os motofretistas criticam ainda o estreitamento das faixas em avenidas como a 23 de Maio, após a criação das faixas exclusivas para ônibus. "Assim, fica inviável para o motociclista circular no corredor entre as faixas", afirma Santos. Para Flamínio Fichmann, urbanista e consultor em Engenharia de Tráfego, o poder público deveria vetar a circulação de motos por esses corredores.
Em 2012, 438 pessoas morreram em acidentes com motos na cidade.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores