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Disputa política trava PEC contra trabalho escravo há 15 anos


03/02/2014

Mais de 100 anos após ser abolida no papel, a escravidão ainda é uma realidade no Brasil. Só em 2013, o Ministério Público Federal abriu 702 procedimentos para apurar denúncias de casos de trabalhadores em condições análogas à escravidão (submissão a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva; condições degradantes de trabalho; restrição, por qualquer meio, de locomoção em razão de dívida com o empregador ou preposto) no País. Enquanto isso, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina a expropriação de terras onde for flagrado esse tipo de irregularidade tramita no congresso há 15 anos e ainda não foi aprovada.

 

Para as autoridades responsáveis por punir os infratores, a aprovação da PEC é essencial para inibir o crime, uma vez que a legislação atual é branda e tornaria rentável ao empregador manter este tipo de prática, mesmo com as sanções aplicadas quando há condenação. Por outro lado, membros da bancada ruralista no Congresso dizem que a redação atual da emenda poderia levar a injustiças, com irregularidades trabalhistas sendo tratadas como escravidão, e pedem uma alteração na definição de trabalho análogo à escravidão no Código Penal antes que a PEC seja aprovada.

 

O ex-deputado Tarcísio Zimmermann (PT-RS), que relatou a PEC na Câmara, afirma que há um componente ideológico por trás da não aprovação da PEC até hoje. "Tem setores no Parlamento brasileiro que consideram normal o trabalho em condições análogas ao trabalho escravo", diz. "Do ponto de vista rigorosamente racional, é uma vergonha a gente não ter aprovado até hoje."

 

Em quase 15 anos de tramitação no Congresso, passando pelo Senado, Câmara dos Deputados e de volta ao Senado, a PEC 57 ficou anos esquecida, aguardando votações, e ainda hoje aguarda redação final. A proposta foi apresentada em 18 de junho de 1999 pelo senador Ademir Andrade (PSB/PA) - desde 2012 afastado da política. O objetivo era alterar o artigo 243 da Constituição Federal, que estabelece o confisco das terras (sem direito à indenização) utilizadas para a produção de culturas ilegais (como drogas), atribuindo a mesma pena a proprietários que utilizem trabalho em condições análogas à escravidão.

 

Em entrevista ao Terra, o ex-senador afirmou que a PEC 57 surgiu a partir das constantes denúncias de práticas de trabalho escravo que apareciam nos anos 80 e 90. "Na época, existia muito dessa coisa do trabalho forçado, sem liberdade de ir e vir", diz.

 

Segundo ele, o Brasil não tinha uma política de vigilância, que existe hoje, e a expropriação da terra tinha como objetivo tentar conter esse tipo de crime. Andrade, porém, salienta que o combate ao trabalho escravo foi reforçado desde então, primeiro no final do governo Fernando Henrique Cardoso, mas especialmente na Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. "A emenda foi aprovada em dois turnos no Senado. Na Câmara incluiu-se a questão do trabalho escravo urbano, aí se criou mais um complicador", diz.

 

Fonte: Terra

 


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