27/01/2014
A presidente Dilma Rousseff fará hoje um discurso contundente de repúdio ao embargo econômico americano contra Cuba. Na cerimônia de inauguração da primeira etapa do Porto de Mariel, financiado pelo Brasil, Dilma destacará ao lado do presidente cubano, Raúl Castro, que o novo terminal é o símbolo do desenvolvimento da ilha, apesar do bloqueio dos EUA, chamado por ela de "injustificável".
Mariel fica a 45 quilômetros de Havana e é a grande aposta de Cuba para mudar sua economia. De frente para a Flórida, será o maior porto do Caribe, com 465,4 quilômetros quadrados. Deste total, mais da metade correspondem à Zona de Desenvolvimento Especial.
Dilma aterrissou em Havana às 14h40 e foi recebida pelo ministro de Comércio Exterior, Rodrigo Malmierca. Em seu discurso, a presidente exaltará a abertura econômica na ilha, destacando as novas oportunidades de negócio. É nesse contexto que ela condenará o bloqueio dos EUA.
Dilma participará amanhã da 2.ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O próximo encontro do grupo, que foi criado em 2010, será na Costa Rica. Para atrair investimentos, uma declaração da Celac destacará que "América Latina e Caribe são zona livre de conflitos bélicos". Outra manifestação, acertada pelos 33 integrantes, criticará o imperialismo e censurará o embargo econômico promovido pelos EUA contra Cuba há mais de 50 anos.
Mariel custou US$ 957 milhões, dos quais US$ 682 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O BNDES combinou com o governo de Cuba que, desses US$ 957 milhões orçados para a construção de Mariel, pelo menos US$ 802 milhões serão gastos na compra de bens e serviços comprovadamente brasileiros. Por esse acordo, empresas brasileiras se dispuseram a participar do empreendimento.
A empreiteira brasileira Odebrecht é responsável pela obra e uma empresa de Cingapura administrará o terminal. Para obter parceiros, o governo cubano promete isenção de tributos a investidores, mas empresas temem retaliação dos EUA. A aposta atual de Cuba é na União Europeia, que começou a revisar suas relações com o país, condicionadas a avanços em relação a democracia e direitos humanos, tema em que Dilma não pretende tocar. Na sua última visita a Havana, em 2012, ela disse que não é possível fazer da política de direitos humanos uma arma de combate ideológico contra alguns países. "Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro", disse a presidente.
Atritos. Enquanto as dissidentes das Damas de Branco denunciavam a prisão de cem ativistas de seu movimento, representantes dos governos de Cuba e Panamá travaram uma tensa discussão em um evento preliminar. O motivo era uma proposta de reconhecimento ao presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em março, principal entusiasta da cúpula.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores