21/01/2014
O real está vivendo uma fase de valorização ante o dólar. Nos últimos dez dias, foi a divisa de país emergente que mais ganhou em relação à moeda americana, com valorização de 1,2%.
Economistas afirmam que a expectativa de novas altas da taxa de juros tem aumentado a atratividade de investimentos no país.
Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) subiu a taxa para 10,50% ao ano. No mercado, aumentaram as apostas de que o Banco Central terá que fazer novas elevações neste ano para segurar a inflação, que fechou 2013 com alta de 5,91%, maior que a de 2012.
Se o teto inicial era 11% ao ano, ontem, os negócios no mercado de juros futuros já indicavam aposta na taxa de 11,50% em janeiro de 2015.
"Eu vejo a Selic em 11% até o fim do ano, o último Focus [pesquisa semanal do BC com uma centena de analistas] apontou para 10,75%", disse André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual. "Há um retorno que é apetitoso para o investidor."
Para Gabriela Fernandes, economista do Itaú Unibanco, como a decisão do BC na semana passada foi alvo de dúvidas (muitos esperavam alta para 10,25%), a reacomodação dos investidores contribuiu para a alta do real.
Quanto mais altos os juros, maior é a tendência de valorização da moeda, pois cria a perspectiva de que recursos estrangeiros adicionais entrem no país para ganhar com a taxa mais elevada.
Além disso, o país sustenta um nível de juros mais alto do que o de muitos de seus concorrentes na disputa por investimentos.
Nos últimos dez dias, o dólar recuou de R$ 2,366 para R$ 2,339. Ontem, a moeda à vista caiu 0,43%, menor patamar desde 17 de dezembro (R$ 2,322). O dólar comercial recuou 0,34%, a R$ 2,338.
Segundo levantamento feito por Fernandes, as captações de empresas brasileiras no exterior neste mês superam em 35% as feitas em todo o janeiro de 2013. Neste ano, foram US$ 6,9 bilhões.
Ela diz que, de 8 empréstimos registrados, 5 ocorreram no mercado europeu, que vive uma recuperação. "A perspectiva de que essas empresas internalizem parte desses recursos trouxe valorização adicional [ao real]."
Esse dinheiro ainda não apareceu nas estatísticas de entrada de dólares no país. O dado mais recente (até o dia 10) mostrava saída de US$ 1,2 bilhão no mês.
Mas a simples perspectiva de entrada já influi nos negócios no mercado futuro e afeta a cotação da moeda.
Segundo o economista-chefe do Fator, José Francisco Gonçalves, a onda de valorização do real não muda a tendência de alta do dólar neste ano. "Crescendo [pouco] como está, o Brasil não vai atrair muito mais recursos."
Fonte: Folha de S.Paulo
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