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Consultoria lança game on-line gratuito para auxiliar estagiários no mercado de trabalho


13/01/2014

É melhor ficar até mais tarde na empresa ou estudar para a prova da faculdade no dia seguinte? Aceitar o convite para o churrasco na casa do chefe pega bem ou mal?

 

 

Como reagir a um colega que rouba o crédito pelo trabalho que você fez? Questões que não parecem tão difíceis para quem já está há muitos anos no mercado de trabalho podem tirar o sono do estagiário que está tendo sua primeira experiência profissional. Pensando em ajudar esse público, a consultoria People on Time lançou um jogo on-line, chamado “A hora do estágio”, que simula a realidade vivida por universitários que estão procurando um estágio e dando os primeiros passos na carreira.

 

 Alguns processos seletivos de estágio chegam a ter 1.600 candidatos por vaga. É muita coisa e, em processos tão concorridos, os jovens acabam se frustrando muito.

 

Pensamos em desenvolver algo que tivesse a cara desse jovem, que o ajudasse a se tornar um candidato mais preparado para o mercado e a se frustrar menos — diz a sócia-diretora da People, Elvira Berni.

 

Com premissa que lembra a do The Sims — popular jogo de simulação no qual é possível casar, ter filhos e construir casas, entre outras ações — “A hora do estágio" (http://hde.peopleontime.com.br) começa dando ao universitário a opção de personalizar seu avatar, escolhendo tipos de cabelo e roupa. Depois, o jogador define sua rotina de tempo na busca pela vaga e começa a receber ofertas e perguntas sobre práticas profissionais, pessoais e universitárias.

 

No jogo, trabalhamos situações que acontecem no ambiente do trabalho, incluindo conflitos que o jovem enfrenta no momento em que começa a estagiar, sobre como conciliar o trabalho e os estudos com a família e com a namorada e administrar o dinheiro — afirma Elvira.

 

‘Game é normal para a geração y’

O participante precisa, por exemplo, decidir se sai mais cedo do estágio para ir visitar a avó, se perde um sábado para ajudar um professor na organização de um seminário e, ainda, se fica depois do horário quando o chefe pedir. Conforme vai tomando as decisões, vai ganhando mais ou menos pontos nos diferentes núcleos da vida — profissional, acadêmico e pessoal.

 

Por que transformar uma coisa normal da vida, que é o processo de preparação para entrar no mercado de trabalho, em um game? A explicação é que essa geração, que tem 18 a 29 anos, está muito ambientada com isso. Para eles, o jogo é normal — avalia Ana Erthal, professora de Entretenimento Digital da ESPM Rio.

 

A sócia da People on Time, consultoria que é especializada em processos de recrutamento e seleção de estagiários e trainees, diz que as empresas costumam se queixar da falta de vivência e de noção do ambiente empresarial do jovem.

 

Além disso, essa geração tem uma dificuldade muito grande de lidar com a frustração e de entender que, às vezes, a vida exige uma rotina para que seja possível sair do ponto A e chegar até o ponto B — pontua Elvira, que espera que o jogo ajude a capacitá-los.

 

Jogo deve ganhar segunda versão

O estudante de comunicação Bruno Mota, de 20 anos, terminou o game — que dura três horas, mas pode ser jogado ao longo dos dias — na semana passada, e gostou da experiência.

 

As situações apresentadas ajudam a pensar na convivência com as pessoas, já que, dependendo da sua decisão, pode perder ou ganhar pontos com a família, com o chefe e com o professor da faculdade — destaca Mota, que está no mercado de trabalho há um ano. — Já tinha experimentado alguns dos cenários apresentados, como dificuldade para falar com o chefe e problemas de organização do tempo.

 

A sócia-diretora da People, Elvira Berni, que lançou “A hora do estágio”, diz que a ideia é aprofundá-lo e apresentar diferentes situações em uma segunda versão do jogo — ainda sem data de lançamento:

 

Pretendemos gerar mais complexidade nas questões que o jovem vai vivendo no jogo, acrescentando projetos e situações, como desligamento do estágio, por exemplo. Mas ainda não sabemos quando isso será feito, estamos sentindo o impacto primeiro.

 

Ana Erthal, professora de Entretenimento Digital da ESPM Rio, acha a iniciativa válida porque, por meio do jogo, o jovem desenvolve algumas habilidades.

 

Embora seja uma brincadeira, quando jogamos, na maior parte das vezes estamos falando a verdade e demonstrando os verdadeiros interesses — salienta Ana, que diz que há muitos jogos sérios, como o da prova para tirar carteira de habilitação do Detran, que inclui um game, e os simuladores nos quais os pilotos de avião fazem seus treinamentos. — Esses aplicativos têm muitas funções, além das cognitivas, como o aumento da capacidade lógica e do desenvolvimento oral. Há muitas queixas de que as pessoas, principalmente os jovens, se isolam no seu computador, quando, na verdade, elas estão ali desenvolvendo aptidões diversas que vão servir para a vida real.

Não é à toa, diz a professora da ESPM, que mais empresas têm adotados jogos on-line e presenciais em seus processos de recrutamento e seleção.

 

Quando você está sendo observado, tende a mudar de comportamento. Quando se está jogando não há esse efeito, você esquece que está sendo observado e é verdadeiro — conclui Ana Erthal.

 

Fonte: O Globo

 


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