09/09/2022
Com a continuidade da queda nos preços dos combustíveis, o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de -0,36% em agosto,
segundo mês seguido de deflação. A queda foi menos intensa do que a registrada
em julho (-0,68%), quando a taxa foi a menor desde o início da série histórica
da pesquisa, em janeiro de 1980. No ano, a inflação acumulada é de 4,39% e, nos
últimos 12 meses, de 8,73%. Os dados foram divulgados hoje (9) pelo IBGE.
“Alguns fatores explicam a queda menor em relação a julho.
Um deles é a retração menos intensa da energia elétrica (-1,27%), que havia
sido de 5,78% no mês anterior, em consequência da redução das alíquotas de
ICMS. Também houve aceleração de alguns grupos, como saúde e cuidados pessoais
(1,31%) e vestuário (1,69%), e a queda menos forte do grupo de transportes em
agosto. No mês anterior, os preços da gasolina, que é o item de maior peso no
grupo, tinham caído 15,48% e, em agosto, a retração foi menor (-11,64%)”,
explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
O grupo dos transportes (-3,37%) exerceu o maior impacto
negativo sobre o índice geral, contribuindo com 0,72 ponto percentual (p.p.). A
queda desse grupo foi influenciada principalmente pela retração nos preços dos
combustíveis (-10,82%). Em agosto, os quatro combustíveis pesquisados tiveram
deflação: gás veicular (-2,12%), óleo diesel (-3,76%), etanol (-8,67%) e
gasolina (-11,64%). Item com maior impacto negativo sobre o índice geral, a
gasolina teve redução de R$ 0,18 por litro nas refinarias no mês passado.
Os preços das passagens aéreas também caíram em agosto
(-12,07%), após quatro meses consecutivos de alta. Para o gerente da pesquisa,
a sazonalidade é uma das explicações para esse resultado. “Essa é uma
comparação com julho, que é um mês de férias e há aumento da demanda. Além
disso, foram quatro meses seguidos de alta, o que eleva a base de comparação.
Também há o impacto da redução do querosene de aviação nesse período”.
No grupo habitação (0,10%), os preços da energia elétrica
residencial (-1,27%) continuaram caindo, mas de forma menos intensa do que no
mês anterior (-5,78%). “Os efeitos da redução das alíquotas de energia elétrica
ficaram mais concentrados no mês anterior. Em alguns locais, como Vitória e
Belém, ainda houve reajuste nas tarifas em agosto”, explica.
Por outro lado, a alta de 1,31% no grupo de saúde e cuidados
pessoais é relacionada aos aumentos dos itens de higiene pessoal (2,71%) e
plano de saúde (1,13%). Já a maior variação positiva no IPCA de agosto veio do
grupo vestuário (1,69%), cujos preços haviam desacelerado no mês anterior
(0,58%). As roupas femininas (1,92%), masculinas (1,84%) e os calçados e
acessórios (1,77%) foram as maiores influências no avanço do grupo.
Ainda no lado das altas, os preços no grupo alimentação e
bebidas (0,24%) desaceleraram frente ao mês anterior (1,30%). Itens importantes
na mesa das famílias tiveram inflação, como o frango em pedaços (2,87%), o
queijo (2,58%) e as frutas (1,35%). Mas também houve queda nos preços do tomate
(-11,25%), da batata-inglesa (-10,07%) e do óleo de soja (-5,56%). Isso fez com
que o resultado da alimentação no domicílio (0,01%) ficasse próximo da
estabilidade.
Outro produto importante na cesta é o leite longa vida, que
teve deflação de 1,78% em agosto. “Nos últimos meses, os preços do leite
subiram muito. Como estamos chegando ao fim do período de entressafra, que deve
seguir até setembro ou outubro, isso pode melhorar a situação. Mas no mês
anterior, a alta do leite foi de 25,46%, ou seja, os preços caíram em agosto,
mas ainda seguem altos”, afirma Kislanov.
A alimentação fora do domicílio avançou 0,89%, com a
refeição passando de 0,53%, em julho, para 0,84%, em agosto, e o lanche
desacelerando de 1,32% para 0,86% nesse período.
INPC tem queda de 0,31% em agosto
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve queda
de 0,31% em agosto. No mês anterior, também houve deflação nesse indicador
(-0,60%). O índice acumula alta de 4,65% no ano e de 8,83% nos últimos 12
meses. Os produtos alimentícios passaram de 1,31%, em julho, para 0,26%, em
agosto. Já os não alimentícios tiveram queda menor (passando de uma retração de
1,21% em julho para -0,50% em agosto).
Mais sobre as pesquisas
O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40
salários mínimos, enquanto o INPC, as famílias com rendimentos de 1 a 5
salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza,
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba,
Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo
Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. Acesse os dados no Sidra.
Fonte e Foto: Agência IBGE
UGT - União Geral dos Trabalhadores