08/09/2022
País fica na 87ª posição entre 191 nações e retorna ao nível
de 2014. No mundo, índice também recuou, mas recuo foi menor, ao patamar de
2016. Mortalidade na pandemia explica retrocesso brasileiro
O Brasil caiu uma posição no ranking de desenvolvimento
humano das Nações Unidas, que mede o bem-estar da população considerando
indicadores de saúde, escolaridade e renda. Dados divulgados pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram que o país recuou da 86ª
posição em 2020 para a 87ª em 2021.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro ficou em
0,754, considerado pelo Pnud um patamar elevado. Mas, com a perda de
desenvolvimento humano por dois anos seguidos, o Brasil recuou ao patamar de
2014, quando o IDH do país também era de 0,754. É um retrocesso maior do que a
média mundial — o IDH global retrocedeu ao nível de 2016.
Comparando com os dados de 2019, a única dimensão que
derrubou o IDH brasileiro foi a saúde, o que evidencia o impacto da alta
mortalidade no país durante a pandemia. A renda média do brasileiro avançou em
relação a 2019, e os indicadores de educação ficaram estagnados.
Mas, se em 2019 a expectativa de vida média do brasileiro ao
nascer era de 75,3 anos, em 2021 este número caiu para 72,8 anos. Neste
quesito, o país retrocedeu 13 anos. A esperança de vida média ao nascer hoje é
praticamente igual à de 2008, que era de 72,7 anos.
O Brasil é o segundo país com maior número de mortes por
Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Mais de 684 mil brasileiros
morreram na pandemia. Nos EUA, onde mais de um milhão de pessoas morreram de
Covid, a expectativa de vida caiu 1,9 anos — para 77,2 anos, ao nascer.
A queda da expectativa de vida do brasileiro também foi
maior que a média global, que sofreu uma redução de 1,6 anos, para 71,4 anos.
No mundo, o IDH voltou aos níveis de 2016, com mais de 90%
dos países registrando declínio na pontuação em 2020 ou 2021, anos em que o
planeta foi afetado fortemente pela pandemia. A guerra na Ucrânia também puxou
os indicadores para baixo, segundo o Pnud.
No caso do Brasil, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
ficou em 0,754 em 2021, de acordo com os dados revelados hoje. Pela metodologia
do Pnud, quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento humano. O IDH global
é de 0,732.
O Brasil vinha subindo seu IDH ano a ano. Em 2010, por
exemplo, era de 0,723. Com a pandemia e a crise econômica, o país estacionou e
retrocedeu no desenvolvimento humano. O dado de 2019, antes da pandemia, mostra
o país com um IDH de 0,766.
Desigualdade
No Brasil, o desenvolvimento humano despenca, no entanto,
quando a desigualdade entra na equação. O país perde nada menos que 20 posições
quando o indicador é ajustado à desigualdade. O IDH de 0,754 cai para 0,576,
uma queda de 23,6%.
A principal causa para o resultado brasileiro neste
indicador é a desigualdade de renda — o que já vinha sendo observado em anos
anteriores.
O relatório também chama a atenção para a desigualdade de
gênero. A expectativa de vida das mulheres é 6,4 anos menor que dos homens. A
renda média anual é US$ 7 mil menor, de acordo com os dados do Pnud.
Dados pelo mundo
O Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022 foi
divulgado nesta quinta-feira. O último dado foi divulgado em 2020, referente ao
ano anterior. Portanto, este é o primeiro relatório do IDH que captura o
impacto no desenvolvimento humano causado pela pandemia. O IDH mede a saúde, a
educação e o padrão de vida de uma nação.
Entre os cinco primeiros colocados estão Suíça (0,962),
Noruega (0,961), Islândia (0,959), Hong Kong (0,952) e Austrália (0,951). Maior
economia da Europa, a Alemanha figura na nona posição, com IDH de 0,942,
seguida pelos Países Baixos, com 0,941. Reino Unido ficou com a 18ª posição
(0,929).
O Brasil está atrás, no ranking, de países como Chile (42º)
e Argentina (47º).
O Canadá é o mais bem colocado país das Américas, com índice
de 0,936, na 15ª posição. Estados Unidos aparece em 21º, com 0,921. Cuba
aparece em 83º, com 0,764 de índice. México está abaixo, com 0,758, em 86º
lugar.
Na América do Sul, o país mais bem colocado é o Chile, com
0,855 de IDH em 42º lugar. Em seguida vem Argentina, em 47º (0,842); Uruguai
está em 58º (0,809), bem à frente de Peru (84º, com 0,762), Brasil (87º) e
Colômbia (88º, com 0,752).
Um dos destinos preferidos de brasileiros que buscam uma
nova vida fora do país, atualmente, Portugal ficou em 38º lugar, com índice de
0,866, atrás de Espanha (27º, com 0,905), França (28º, com 0,903) e Itália
(30º, com 0,895).
Entre os países asiáticos, o Japão ficou em 19º lugar, com
0,925 de índice. A Rússia ficou em 52º, com 0,822, à frente da China, com a
marca de 0,768 em 79º lugar.
Nas três últimas colocações estão países do continente
africano: Níger, 189ª posição (0,400), seguido de Chade com 0,394 e, em último
lugar no IDH global, o Sudão do Sul, com índice de 0,385.
Fonte e Foto: O Globo
UGT - União Geral dos Trabalhadores