01/09/2022
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% no segundo
trimestre deste ano frente ao trimestre anterior. É o quarto resultado positivo
consecutivo do indicador após o recuo de 0,3% no segundo trimestre do ano
passado. O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil,
chegou a R$ 2,404 trilhões em valores correntes.
Esse resultado fez o PIB avançar 2,5% no primeiro semestre
do ano. Com isso, a atividade econômica do país está 3,0% acima do patamar
pré-pandemia, registrado no quarto trimestre de 2019, e atinge o segundo
patamar mais alto da série, atrás apenas do alcançado no primeiro trimestre de
2014. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado hoje
(1º) pelo IBGE.
O crescimento no segundo trimestre foi impactado pela alta
de 1,3% nos serviços. “Os serviços estão pesando 70% da economia, então têm um
impacto maior nesse resultado. Dentro dos serviços, outras atividades de
serviços (3,3%), transportes (3,0%) e informação e comunicação (2,9%) avançaram
e puxaram essa alta. Em outras atividades de serviços, estão os serviços
presenciais, que estavam represados durante a pandemia, como os restaurantes e
hotéis, por exemplo”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE,
Rebeca Palis. Com o resultado, o subsetor outras atividades de serviços está
4,4% acima do patamar pré-pandemia.
Na indústria, a alta de 2,2% foi o segundo resultado
positivo consecutivo do setor, após a queda de 0,9% no quatro trimestre do ano
passado. Foi a taxa positiva mais alta para a indústria desde o terceiro
trimestre de 2020 (14,7%), quando o setor começava a se recuperar dos efeitos
da pandemia e tinha uma base de comparação depreciada. Esse crescimento se deve
aos desempenhos positivos de 3,1% na atividade de eletricidade e gás, água,
esgoto, atividades de gestão de resíduos, de 2,7% na construção, de 2,2% nas
indústrias extrativas e de 1,7% nas indústrias de transformação.
“Houve crescimento em todos os subsetores da indústria. Um
deles é a construção civil, que vem enfrentando problemas há anos e foi
bastante afetada na pandemia, mas está se recuperando há alguns trimestres”,
avalia a pesquisadora.
Ela complementa que o avanço da atividade de eletricidade e
gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos é explicado pelo
desligamento das usinas térmicas, que resultou no fim da bandeira tarifária de
escassez hídrica. “No início do ano, houve esse desligamento e o aumento do uso
das energias renováveis, que são mais baratas”, pontua.
A agropecuária, que havia recuado 0,9% no último trimestre,
variou 0,5% no segundo trimestre deste ano. “Esse setor é muito ligado à
sazonalidade. No semestre, a agropecuária vem caindo, puxada pela retração na
produção da soja, que é a nossa maior lavoura. De acordo com o Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a previsão é de queda de 12% nessa
produção. Isso impactou bastante o resultado da Agropecuária no ano”, diz
Rebeca. Ela acrescenta que, no trimestre, o resultado está relacionado ao menor
peso da safra da soja no período comparado ao trimestre anterior e ao ganho de
peso da safra do café, cuja produção deve aumentar 8,6% na comparação com o
colhido no ano passado.
Consumo das famílias cresce 2,6%
O consumo das famílias cresceu 2,6% no segundo trimestre,
maior alta desde o quatro trimestre de 2020 (3,1%). Já o consumo do governo
recuou 0,9%, após registrar estabilidade no trimestre anterior (-0,1%). “A alta
do consumo das famílias está relacionada à volta do crescimento dos serviços
prestados às famílias, em decorrência dos serviços presenciais que estão com a
demanda represada na pandemia. Um reflexo disso é o aumento no preço das
passagens aéreas, uma consequência do crescimento da demanda”, analisa Rebeca.
“Também houve o crescimento do comércio, tanto do atacado
quanto do varejo, o último ligado ao consumo das famílias. Outros pontos são a melhora do mercado de
trabalho, com crescimento da massa salarial na comparação anual, a liberação do
saque emergencial do FGTS e a antecipação do 13º de aposentados e pensionistas
do INSS. Tudo isso impactou o consumo, apesar do aumento da inflação e dos
juros”, afirma.
Em relação aos investimentos (Formação Bruta de Capital
Fixo), houve aumento de 4,8%. “Esse crescimento está ligado às atividades de
construção e de informação e comunicação. Nessa última atividade, o desempenho
positivo está especialmente relacionado ao desenvolvimento de software. Essa é
uma das atividades que foram menos impactadas pelos efeitos da pandemia, assim
como o setor financeiro, a agropecuária e a indústria extrativa”. A taxa de
investimento foi de 18,7% do PIB no segundo trimestre.
PIB cresce 2,5% no primeiro semestre
No primeiro semestre deste ano, o PIB cresceu 2,5% frente ao
mesmo período do ano anterior. Tanto a Indústria (0,2%) quanto os Serviços
(4,1%) tiveram resultados positivos. Mas houve declínio de 5,4% na
Agropecuária.
“Os serviços impactaram mais esse resultado de 2,5% no
semestre. Também nessa comparação, as atividades que mais influenciaram esse
crescimento foram outras atividades de serviços, transportes e informação e
comunicação. Esse último setor já vinha crescendo antes da pandemia”, diz
Rebeca.
Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o
crescimento do PIB foi de 3,2%. A alta foi influenciada pelo crescimento de
4,5% dos serviços, com destaque também para outras atividades de serviços
(13,6%) e transporte, armazenagem e correio (11,7%).
Na indústria, houve crescimento de 1,9% frente ao mesmo
período de 2021. Esse resultado foi influenciado pelo aumento de 10,8% na
atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de
resíduos, impactada pelo desligamento das usinas térmicas.
Já o recuo de 2,5% da Agropecuária, nessa mesma comparação,
está relacionado ao baixo desempenho de produtos cujas safras são
significativas para o período, como a soja (-12,0%) e o arroz (-8,5%). Por
outro lado, houve contribuição positiva da pecuária para o setor, com destaque
para os bovinos.
Sobre o Sistema de Contas Nacionais
O Sistema de Contas Nacionais apresenta os valores correntes
e os índices de volume trimestralmente para o Produto Interno Bruto (PIB) a
preços de mercado, impostos sobre produtos, valor adicionado a preços básicos,
consumo pessoal, consumo do governo, formação bruta de capital fixo, variação
de estoques, exportações e importações de bens e serviços. No IBGE, a pesquisa
foi iniciada em 1988 e reestruturada a partir de 1998, quando os seus
resultados foram integrados ao Sistema de Contas Nacionais, de periodicidade
anual.
Fonte e Foto: Agência IBGE
UGT - União Geral dos Trabalhadores