30/08/2022
Apesar do saldo positivo, o ritmo das contratações com
carteira assinada se desacelerou pelo segundo mês consecutivo. Em junho foram
abertas 278.753
O mercado formal de trabalho apresentou em julho a geração
líquida de 218.902 empregos, o que representa queda de 28,5% em relação ao
saldo registrado em igual período do ano passado, que foi de 306.477. Foi o
segundo mês de desaceleração consecutiva no ritmo das contratações com carteira
assinada. Em junho, foram abertas 278.753 vagas, segundo o Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e
Previdência nesta segunda-feira.
Entre janeiro e julho, a geração de empregos alcançou 1,56
milhão contra 1,78 milhão de postos no mesmo período do ano passado,
considerando dados ajustados pelo Ministério.
Em julho, o setor de serviço foi o destaque na geração de
empregos, com saldo de 81.873 postos, seguido pela indústria de transformação
que respondeu por 50.503 contratações, acima dos 41.722 registrados em junho.
No comércio, foram abertas 38.574 vagas e na construção civil, 32.082.
Ao apresentar os dados, o ministro do Trabalho, José Carlos
Oliveira, destacou que em julho o país bateu a meta de 1,5 milhão de empregos,
projetada em janeiro para todo o ano: Ele observou que o nível do emprego
formal subiu em todos os estados e nos principais setores da economia.
– Isso faz com que a gente possa sonhar e projetar uma meta
acima da projetada anteriormente – disse Oliveira.
A nova meta de geração de empregos para ano fica entre 2,3
milhões e 2,4 milhões. Apesar de positivo, o saldo representa queda em relação
ao 2021, quando foram abertas 2,7 milhões de vagas com carteira assinada.
Em 2022, os empregos formais estão sendo puxados pelo setor
de serviços, um dos mais impactados pela Covid 19. Mas desde junho, a indústria
também vem se destacando nas contratações, num sinal de que a atividade
econômica se recupera, embora lentamente.
A expectativa do Ministério é que os meses de agosto,
setembro, outubro e novembro deverão apresentar saldo positivo de cerca de 200
mil postos de trabalho mensais. Já dezembro, tradicionalmente negativo devido
às contratações temporárias do fim de ano, deverá vir negativo entre 200 mil e
250 mil.
O governo aposta nos efeitos do Auxílio Brasil de R$ 600 para
dar um estímulo ao comércio e ao setor da construção civil, nos próximos meses.
O benefício, que tem piso de R$ 400 e teve o valor turbinado pela Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) Eleitoral, que ampliou os programas sociais do
governo às vésperas das eleições, começou a ser pago em agosto.
A PEC também autorizou o pagamento de um benefício de R$ 1
mil para caminhoneiros e taxistas até o fim do ano. Segundo o Ministério, o
auxílio já foi pago a 240 mil taxistas e 200 mil caminhoneiros. A meta é beneficiar
320 mil taxistas e 600 mil caminhoneiros no total.
Segundo relatório da Tendências Consultoria, os dados do
emprego em julho vieram abaixo da expectativa do mercado, reforçando a
tendência de desaceleração na abertura de vagas. O documento cita o fim dos
estímulos, como saque extraordinário do FGTS e antecipação dos 13º dos
aposentados e pensionistas do INSS.
"O ritmo de contratações formais deve desacelerar,
tendo em vista os efeitos defasados da perda de ímpeto da economia esperada
para este 2º semestre ", diz o relatório, que cita ainda o risco de
recessão da economia global e a retomada lenta da atividade interna.
Na avaliação da Genial Investimentos, o resultado do Caged
foi influenciado pelo desempenho mais fraco do setor de serviços e do comércio.
No caso de serviços, contudo, as contratações estão acima no ritmo verificado
antes da pandemia da Covid 19. O relatório destacou também o aumento dos
empregos na indústria e na construção civil.
Para analistas, a médio prazo a formalização do mercado
formal deverá ser influenciada pelo regime de trabalho intermitente, por hora
de serviço criado com a reforma trabalhista e de jornada parcial. Nos últimos
12 meses, as duas modalidades apresentaram saldo positivo de 136 mil postos. As
demissões acordadas entre patrões e trabalhadores alcançaram 224 mil no
período.
O salário médio das admissões em julho alcançou R$ 1.926,54
aumento de R$ 15,31. Mas na comparação com julho de 2021, a diferença é de R$
56,01.
O economista chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho,
disse que os empregos formais que estão sendo criados têm qualidade inferior à
observada antes da pandemia. Quem consegue uma colocação no mercado, destacou,
vai por salário mais baixo
- Você não precisa pagar salários altos porque há muita mão-
de- obra parada – disse Carvalho.
Segundo ele, os benefícios turbinados pela PEC Eleitoral vão
garantir que a oferta de vagas até o fim deste ano no setor de serviços e
comércio, por exemplo. Porém, para 2023, o emprego é uma incógnita por causa
dos efeitos da trajetória de alta nos juros na indústria, por exemplo e a falta
de investimentos, em razão das incertezas.
Fonte e Foto: O Globo
UGT - União Geral dos Trabalhadores