29/08/2022
Crescimento da massa salarial deve sustentar expansão da
economia brasileira em 2022
A melhora do mercado de trabalho brasileiro surpreende. No
segundo trimestre de 2022, a população ocupada cresceu 2% ante o primeiro
trimestre, e 11% ante o segundo trimestre de 2021. A expansão foi de 6% ante o
quarto trimestre de 2019, último trimestre antes da epidemia.
Para efeito de comparação, na economia americana, que tem se
caracterizado por forte recuperação do mercado de trabalho, a população ocupada
encontra-se 1% acima do nível anterior à epidemia.
A massa salarial no Brasil também tem crescido. Aumentou
4,4% ante o primeiro trimestre de 2022 e 4,8% ante o segundo trimestre de 2021.
Como o salário médio ainda está 8% abaixo do nível anterior à epidemia, a massa
salarial no segundo trimestre ainda estava 2% abaixo do quarto trimestre de
2019.
Mas os salários têm reagido. No primeiro semestre os
salários subiram 2% acima da inflação, em relação ao quarto trimestre de 2021.
Ainda há muito o que melhorar, pois o salário permanece bem abaixo do nível
anterior à epidemia, como vimos no parágrafo anterior.
De qualquer forma, o crescimento da massa salarial deve
sustentar uma expansão da economia brasileira em 2022 maior do que eu imaginava
em dezembro. Semana próxima o IBGE divulgará o desempenho do PIB no segundo
trimestre de 2022. Segundo a estimativa do Ibre, crescemos 1% ante o primeiro
trimestre e 2,9% ante o segundo trimestre de 2022. A economia deve fechar 2022
a 2%.
A taxa de desemprego encontra-se em 9,1%. É possível que a
melhora do mercado de trabalho, que tem surpreendido todos, já seja um sinal de
maturação da reforma trabalhista.
O professor do Instituto de Economia da UFRJ Eduardo Costa
Pinto criticou no texto "Por que é tão difícil acertar nas contas quando
falam dos investimentos no refino da Petrobras?, no site Brasil 247, a coluna
da semana passada sobre os elevados custos da construção de refinarias pela
Petrobras.
Eduardo argumenta que não está certo atribuir todos os US$
100 bilhões de investimento em refino, como eu fiz. Que parte desse
investimento teve outros destinos: US$ 13,6 bilhões em transporte; US$ 27,4
bilhões em melhora da qualidade; US$ 35 bilhões em modernização; e, portanto,
somente US$ 24 bilhões em expansão da capacidade.
Assim, como a expansão da capacidade no período foi de 400
mil barris por dia, o custo foi de US$ 60 mil por barril por dia de capacidade
de refino, muito menor do que o número que eu reportei na coluna, mas, ainda
sim, o dobro do custo das melhores refinarias.
Segundo Eduardo, os custos foram maiores devido a três
fatores: 1) o ciclo de investimento dos anos 2000 coincidiu com um boom de
investimento do setor; 2) aprendizado da Petrobras após décadas sem expandir a
capacidade; 3) os problemas advindos da operação Lava Jato.
Entendo a crítica e agradeço ao professor a gentileza do
comentário e das correções. No entanto, me parece que um fato continua valendo.
Entre 1954 e 2002, a empresa investiu nessas áreas, das quais o refino
representa um item, US$ 27 bilhões a preços de 2012, e de 2003 a 2015, investiu
US$ 100 bilhões, também a preços de 2012. Em ambos os períodos houve
investimento para expandir a capacidade, em transportes e em modernização e
melhora da qualidade. No primeiro período, a capacidade de refino cresceu de
zero para 2 milhões de barris por dia, e, no segundo, de 2 milhões para 2,4
milhões.
A menos que a composição do investimento no período atual
tenha sido muito diferente daquela dos 48 anos anteriores, algo de muito errado
ocorreu no ciclo de investimentos dos anos 2000.
Fonte e Foto: Folha de São Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores