25/08/2022
Pesquisa mostra que 76% dos que passaram a receber benefício
deixaram de comprar itens essenciais de alimentação e higiene pessoal por falta
de recursos para o básico
Em meio aos altos preços dos alimentos, que continuam
subindo apesar da deflação de 0,73% registrada no IPCA-15, do IBGE, e que
atingem principalmente os mais vulneráveis, uma pesquisa aponta que 76% dos
beneficiários do Auxílio Brasil deixaram de comprar itens essenciais de
alimentação e higiene pessoal.
Para esse grupo, carne bovina (80%), de frango (45,3%),
leites e derivados (57%) e produtos de limpeza (43,6%) e higiene pessoal (41%)
são as prioridades neste mês de agosto, quando passou a ser depositado o
benefício de R$ 600, turbinado em meio a ampliação de benefícios sociais às
vésperas da eleição. É o carrinho de compras que pretendem fazer com o
benefício.
O levantamento é da Associação de Supermercados do Estado do
Rio (Asserj), que ouviu 425 consumidores nos últimos dois fins de semana em
quatro supermercados das zonas Norte e Oeste do Rio. Do total, 41,6%
responderam que recebem algum benefício do governo federal, principalmente o
Auxílio Brasil.
O calendário de agosto do benefício começou no dia 9 e
terminou na última segunda-feira (dia 22). Além do acréscimo de R$ 200 – válido
até dezembro – também foram depositados os R$ 110 relativos ao vale-gás,
recebido por 5,6 das 20,3 milhões de famílias que recebem o Auxílio Brasil
neste mês.
A diferença no valor do auxílio foi sentida por Luciana
Ferreira, de 30 anos, mas não o suficiente para as necessidades básicas dela e
dos três filhos, de 5, 7 e 11 anos. Com os R$ 710 referentes ao benefício de
agosto, incluindo o vale-gás, a moradora de Belford Roxo, na Baixada Fluminense,
gastou boa parte do valor com alimentos.
O gás da casa, no entanto, acabou antes do previsto e ela
precisou pegar emprestado parte do valor para comprar outro botijão.
– Comprei um pouco de carne, antes só estava conseguindo
pagar pela carcaça, que é mais barata. Também comprei iogurte e uns biscoitos
para as crianças e mais feijão e arroz, que antes só conseguia comprar aos
poucos, de 1 kg em 1 kg, com o dinheiro que tinha na mão.
Paola Loureiro Carvalho, diretora de Relações Internacionais
e institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica (RBRB), lembra, no entanto,
que o alívio sentido pelas famílias com o acréscimo dos R$ 200 é temporário. A
partir de janeiro, o benefício volta aos R$ 400, de acordo com a lei em vigor.
Ela defende que o valor não dá conta da necessidade das
famílias. Pelos dados mais recentes do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica no Rio é a
quarta mais cara do país, de R$ 733,14, e consome 65,39% do salário mínimo.
– Quando discutimos em 2020 os R$ 600 do Auxílio
Emergencial, ao contrário do que o governo federal queria, defendíamos que era
o que mais se aproximava do valor da cesta básica, o que hoje não é mais uma
realidade – afirma. – O valor é uniforme dentro do programa, mas as realidades
são diferentes. Uma família mais numerosa recebe os mesmos R$ 600 que uma
família de duas ou três pessoas. Ele é importante pela situação da inflação e
do peso que isso causa aos mais pobres, mas é apenas uma resposta ao mínimo
necessário que uma família precisa.
Fonte e Foto: O Globo
UGT - União Geral dos Trabalhadores