24/08/2022
Influenciado pela queda nos preços dos combustíveis, em
particular da gasolina e do etanol, e da energia elétrica, o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, ficou em
-0,73% em agosto, após variação de 0,13% em julho. Foi a menor taxa registrada
desde o início da série histórica, iniciada em novembro de 1991. Apesar da
queda recorde, os preços de Alimentação e bebidas (1,12%) e Saúde e cuidados
pessoais (0,81%) continuaram subindo.
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,02% e, em 12 meses, de
9,60%, abaixo dos 11,39% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em
agosto de 2021, a taxa foi de 0,89%. Os dados foram divulgados hoje (24) pelo
IBGE.
Houve variações negativas em três dos nove grupos de
produtos e serviços pesquisados. A queda da gasolina (-16,80%) influenciou o
resultado do grupo dos transportes, que teve a maior variação negativa (-5,24%)
e o maior impacto negativo, de -1,15 ponto percentual (p.p.). Já a maior variação
positiva veio de alimentação e bebidas (1,12%), influenciada principalmente
pelo aumento nos preços do leite longa vida (14,21%), maior impacto individual
positivo no índice do mês, com 0,14 p.p.
A queda nos preços dos combustíveis (-15,33%) foi causada
não só pela gasolina, mas também pelo etanol (-10,78%), gás veicular (-5,40%) e
óleo diesel (-0,56%). Dentro do grupo transportes, outro subitem com intensa
variação negativa foram as passagens aéreas (-12,22%), após subirem quatro
meses consecutivos. No lado das altas, os veículos próprios (0,83%) continuaram
subindo: motocicleta (0,61%), automóvel novo (0,30%) e automóvel usado (0,17%).
Já a variação negativa no grupo habitação (-0,37%) está
relacionada ao recuo nos preços da energia elétrica residencial (-3,29%),
devido à redução em vários estados da alíquota de ICMS cobrada sobre esse
serviço. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou
revisões tarifárias extraordinárias de diversas distribuidoras que operam em
áreas de abrangência do índice, reduzindo as tarifas a partir de 13 de julho.
As áreas registraram variações que foram desde -16,18% em Recife - onde o ICMS
foi reduzido de 25% para 18% e houve retirada da incidência sobre os serviços
de transmissão e distribuição - até 2,96% em São Paulo, onde foi aplicado um
reajuste de 10,43% nas tarifas de uma das concessionárias pesquisadas, em vigor
desde 4 de julho.
Comunicação (-0,30%) também ficou em queda. O destaque ficou
com os planos de telefonia fixa e de telefonia móvel, cujos preços caíram 2,29%
e 1,04%, respectivamente, em agosto. Por sua vez, os aparelhos telefônicos
registraram alta de 0,57%, após queda de 0,52% em julho.
Em contraponto às quedas, a alimentação (1,12%) continuou em
alta. O resultado foi influenciado pelo aumento do leite longa vida, que
acumula no ano variação de 79,79%. Outros destaques no grupo foram as frutas
(2,99%), que também haviam subido em julho (4,03%), o queijo (4,18%) e o frango
em pedaços (3,08%). Com isso, a alimentação no domicílio variou 1,24% em
agosto.
A alimentação fora do domicílio também teve alta de 0,80% em
agosto, desacelerando em relação ao mês anterior (1,27%). Tanto o lanche
(0,97%) quanto a refeição (0,72%) tiveram variações inferiores às registradas
em julho (de 2,18% e 0,92%, respectivamente).
A variação positiva registrada em Saúde e cuidados pessoais
(0,81%), influenciada pelos planos de saúde (1,22%), correspondente à fração
mensal do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) em 26 de maio para os planos novos. Além disso, os itens de
higiene pessoal aceleraram de 0,67% em julho para 1,03% em agosto.
O grupo educação (0,61%) também teve alta. Os cursos
regulares subiram 0,52% principalmente por conta dos subitens creche (1,47%),
ensino fundamental (0,71%) e ensino superior (0,44%). Os cursos diversos
registraram alta de 1,18%, cuja influência veio dos cursos de idiomas (2,15%) e
cursos preparatórios (2,04%). Já as despesas pessoais (0,81%) apresentaram
variação próxima a do mês anterior (0,79%).
IPCA-15 tem queda em todas as áreas pesquisadas
A pesquisa mostra também que todas as onze áreas pesquisadas
tiveram variações negativas em agosto. A menor variação ocorreu em Belo
Horizonte (-1,58%), especialmente por conta da gasolina (-20,50%) e da energia
elétrica (-13,11%). A maior variação, por sua vez, foi em São Paulo (-0,11%),
cujo resultado foi influenciado pelas altas de 11,31% no leite longa vida e de
2,96% na energia elétrica.
Mais sobre o IPCA-15
O Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor -
SNIPC produz contínua e sistematicamente índices de preços ao consumidor. Com
divulgação na Internet iniciada em maio de 2000, o IPCA-15 difere do IPCA
apenas no período de coleta, que abrange, em geral, do dia 16 do mês anterior
ao 15 do mês de referência, e na abrangência geográfica.
Atualmente a população-objetivo do IPCA-15 abrange as
famílias com rendimentos de 1 a 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte,
residentes em 11 áreas urbanas das regiões de abrangência do SNIPC, as quais
são: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito
Federal e do município de Goiânia.
Fonte e Foto: Agência IBGE
UGT - União Geral dos Trabalhadores