18/08/2022
Segundo Rodrigo Garcia (PSDB), convênio com entidade de
saúde referência em câncer continuará pelos próximos anos
O convênio do Governo de São Paulo com o hospital A.C.
Camargo vai "continuar nos próximos anos", anunciou nesta quinta (18)
o governador Rodrigo Garcia (PSDB) após reunião com diretores da entidade, que
é referência no tratamento de câncer.
O hospital havia decidido que deixaria de atender os
pacientes do SUS a partir de dezembro, conforme antecipado pela Folha. A
justificativa da entidade para a medida era a defasagem na tabela.
De acordo com o governador, as secretarias estadual e
municipal da Saúde vão complementar recursos para que o hospital continue o
atendimento no setor público, centrando esforços nos casos mais complexos. O
prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), também participou da reunião.
Segundo Victor Pereira de Andrade, CEO do hospital, a
unidade atenderá casos de maior complexidade e, quando ficar estável, o
paciente será encaminhado para outras unidades.
"O A.C. Camargo é um hospital de natureza filantrópica.
Desde a sua existência a gente atende pacientes do setor público. É com alegria
que a gente chega ao fim dessa reunião encontrando um modo de continuar fazendo
isso", declarou após o encontro.
Segundo ele, na prática, o hospital não havia desistido de
colaborar com o setor público, mas para isso estava reposicionando sua
estratégia de responsabilidade social, com foco em prevenção. "É uma
satisfação grande saber que a gente vai ter sustentabilidade para continuar
prestando o serviço que prestamos hoje."
A notícia do fim do atendimento pelo SUS havia sido recebida
com preocupação por ONGs de apoio a pacientes com câncer, principalmente
considerando a fila de mais de 3.000 pessoas no estado aguardando tratamento
oncológico nos Cacons (Centros de Assistência de Alta Complexidade em
Oncologia), reguladas pela plataforma Cross (Central de Regulação de Serviços
de Saúde).
Para as entidades, o encerramento representaria risco de
aumento na fila e atraso no tratamento, além de abalar os pacientes que
necessitariam ser transferidos e afetar o treinamento de futuros profissionais.
Segundo Andrade informou ao anunciar a decisão anterior,
enquanto o SUS paga R$ 10 por uma consulta médica, os convênios reembolsam, em
média, R$ 100. A variação também é grande em tratamentos como quimioterapia e
radioterapia.
Por conta da diferença, todos os anos o A.C. Camargo tem de
aportar recursos próprios, vindos dos atendimentos particulares. Em 2021, por
exemplo, a receita do SUS foi de R$ 36 milhões e o hospital teve de injetar
mais R$ 98,46 milhões.
O valor defasado já vinha alterando o perfil de atendimento.
Em 2017, a instituição atendeu 1.500 novos pacientes do sistema público,
enquanto neste ano foram apenas 96. Ao todo, são 6.500 pacientes SUS, sendo que
1.500 já haviam sido transferidos pela gestão municipal para outros centros
oncológicos.
Fonte e Foto: Folha de São Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores