02/08/2022
Doenças mentais como estresse, depressão, burnout e
ansiedade são as principais causas de adoecimento da categoria
A maior causa do adoecimento na categoria bancária é a
pressão, com assédio moral, por metas abusivas. Este foi um dos principais
pontos da negociação que aconteceu na tarde desta segunda-feira (1º/8) entre o
Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
Segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese), nos últimos cinco anos, o número de afastamentos
nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%. A
variação entre os bancários foi 1,7 vezes maior do que a média dos outros
setores.
Para a categoria, o tema de Saúde tem uma importância muito
grande. Com as mudanças do setor financeiro houve alterações também no tipo de
doença entre os bancários. Antes as doenças que mais acometiam a categoria eram
as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (Dort) e agora é o adoecimento mental.
De acordo com os bancos, as metas não geram adoecimento e o
adoecimento mental não é um problema dos bancários. Em resposta, o Comando
Nacional demonstrou que o adoecimento mental dos bancários é maior que em
outras categorias e ressaltou a importância do avanço ao combate ao assédio
moral.
Após a pressão do Comando, a Fenaban aceitou analisar as
propostas da minuta de reivindicações da categoria.
A negociação
Durante a negociação foi ressaltado o aumento do adoecimento
físico e psíquico na categoria. De acordo com o levantamento do Dieese, a
partir de dados do INSS, as doenças mentais e comportamentais representavam 23%
dos afastamentos previdenciários da categoria em 2012. Em 2021, a porcentagem
passou para 36%. Entre os afastamentos acidentários (B91), o salto foi de 30%
em 2012 para 55% em 2021. As doenças nervosas saíram de 9% para 16%.
Além da exigência à questão da saúde, a categoria lembrou os
bancos sobre o recente episódio em que o banco Santander foi condenado a pagar
R$ 275 milhões de indenização por cobrança de metas abusivas, em uma ação
coletiva movida pelo Ministério Público do Trabalho com base em estudos
embasados em diversos dados, pesquisas e entrevistas com trabalhadores da
categoria. Na decisão, a Justiça proibiu o banco de continuar a exercer tais
práticas.
As denúncias de assédio moral e sexual que levaram à queda
do ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, também foram
evidenciadas durante o debate.
Os bancos insistiram quanto à necessidade da realização de
estudos que comprovem a relação entre o adoecimento mental e a pressão por
metas e assédio moral. Após o Comando Nacional apresentar diferentes casos
coletados a partir do atendimento diário aos bancários, a Fenaban aceitou
analisar as propostas da categoria.
“Para nós bancários a causa do adoecimento mental está
totalmente ligada à cobrança de metas abusivas, onde só 20% dos bancários
conseguem cumpri-las. Para a FENABAN, este continua sendo um problema do mundo
e da sociedade em geral. Vamos continuar com as cobranças por soluções para o
fechamento de um acordo com avanços para a Saúde da nossa categoria”, defende
Reginaldo Breda, secretário geral da Federação dos Bancários de São Paulo e
Mato Grosso do Sul.
Novas cláusulas
A categoria abordou, ainda, a necessidade da inclusão de
novas cláusulas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) em decorrência da atual
conjuntura sanitária do país e do mundo. Outra cláusula nova é a que trata das
medidas pós-covid-19, com a inclusão de procedimentos de combate e prevenção de
doenças e suas sequelas.
Próxima reunião
A próxima reunião de negociação da Campanha Nacional dos
Bancários 2022 com a Fenaban acontece na quarta-feira (3). Em pauta, as
cláusulas econômicas.
Fonte e Imagem: FEEB/SP-MS: Federação dos
Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul
UGT - União Geral dos Trabalhadores