19/07/2022
Descontado pela inflação, nota de R$ 100 em 1994 corresponde
hoje a R$ 13,91
Desde o lançamento do Plano Real, em julho de 1994, a
inflação acumulada no país alcançou a marca de 653%, segundo levantamento do
economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, que considera a variação do IPCA
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Com a corrosão do poder de compra provocado pela inflação ao
longo desses 28 anos, a nota de R$ 100 compra hoje o mesmo que seria possível
comprar com R$ 13,91 em 1994, descontada a inflação.
Ainda segundo o economista, ao fazer o cálculo inverso, os
mesmos R$ 100, em julho de 2022, corresponderiam a cerca de R$ 748, em julho de
1994.
No mesmo intervalo, o salário mínimo saiu de R$ 64,79 para
os atuais R$ 1.212, uma alta de aproximadamente 1.770%.
"Por mais que a gente tenha observado uma escalada dos
preços nos últimos 28 anos, de forma geral, o salário mínimo também cresceu
nesse período. O problema é que nos últimos dois, três anos, o brasileiro vem
perdendo poder de compra dos dois lados, com uma recomposição da renda
insuficiente para compensar a alta dos preços de itens básicos, como
alimentação e energia", diz o economista da LCA.
Imaizumi acrescenta que o quadro atual tem levado a
situações de compras de produtos de pior qualidade, principalmente por parte da
população de menor poder aquisitivo.
INADIMPLÊNCIA EM NÍVEIS RECORDES
Ele lembra ainda que, em um cenário de juros e inflação
rodando em níveis elevados no país, e com uma atividade econômica com
dificuldades para engatar, as pessoas com as contas em atraso têm alcançado
patamares recordes.
Dados do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do
Consumidor mostram que o Brasil bateu o recorde com 66,6 milhões de
inadimplentes em maio, o maior número desde o início da série histórica, em
2016.
Ainda segundo os dados da Serasa, na comparação com maio de
2021, houve um acréscimo de 4 milhões de nomes negativados.
Entre os principais fatores que mais têm contribuído para o
quadro, está a persistente pressão inflacionária. Puxado por preços mais altos
da alimentação fora de casa e dos planos de saúde, o índice oficial de inflação
do país subiu 0,67% em junho.
Para combater a alta dos preços, o BC (Banco Central) tem
promovido desde o início do ano passado uma série de aumentos na taxa básica de
juros, a Selic, que saiu da mínima histórica de 2% ao ano para os atuais
13,25%.
O aumento do custo do dinheiro, por sua vez, traz uma
pressão adicional para a renda das famílias, que têm de conviver ainda com uma
taxa de desemprego próxima dos dois dígitos.
Economistas assinalam que, apesar das medidas que têm sido
adotadas pelo governo na tentativa de reduzir a pressão inflacionária, com
cortes nos preços dos combustíveis e da energia, a sua efetividade é somente de
curto prazo, e com o risco de deixar um legado perverso a partir de 2023.
"Com as medidas eleitoreiras que temos visto, para cada
crescimento a mais que se joga para este ano, está sendo tirado do ano que vem.
E, para cada percentual de inflação que se tira neste ano, se joga para o ano
que vem", disse o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio
Vale.
Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, apesar
do aumento da inadimplência ser esperado, é possível melhorar a situação.
"Os consumidores precisam continuar se organizando financeiramente e
utilizando ferramentas disponíveis, como o saque do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço), para tentar tirar o nome do vermelho."
Fonte e Foto: Folha de São Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores