13/07/2022
Fechar lacuna, no ritmo atual, vai levar 132 anos; Brasil
fica em 94º lugar de lista com 146 países
O progresso global na redução da desigualdade de gênero tem
sido lento demais para recuperar as perdas acumuladas durante a pandemia de
Covid-19, de acordo com o mais recente relatório Global Gender Gap Report, do
Fórum Econômico Mundial, publicado nesta terça-feira (12).
Segundo o documento, a Covid-19 atrasou o avanço da paridade
de gênero em uma geração e a recuperação tem sido fraca demais para compensar
as perdas. “À medida que a economia global entra em seu terceiro ano de
disrupção contínua, levará mais 132 anos para fechar a lacuna de gênero”, diz a
instituição.
O resultado de 2022 representa uma melhora em relação ao ano
anterior, em que era preciso esperar 135,6 para acabar com a disparidade global
de gênero já havia aumentado, mas não compensa a piora geracional que ocorreu
nos anos de pandemia. Em 2020, essa lacuna era estimada em cem anos.
Em 94º lugar, de uma lista de 146 países, o Brasil tem uma
população aproximada de 108,1 milhões de mulheres. Segundo o relatório, o país
teve uma pequena melhora na diferença de oportunidades entre homens e mulheres,
em relação a 2021.
O país teve pontuação de 0,696 (de 0 a 1), ficando
classificado abaixo do Chipre (93º) e acima de Belize (95º). Na comparação com
os vizinhos, o Brasil fica bem atrás de Argentina (33º), Guiana (35º), Peru
(37º), Bolívia (51º), Uruguai (72º), Colômbia (75º) e Paraguai (80º).
“As mudanças mais significativas que o Brasil registrou este
ano foram no indicador de Participação Econômica e Oportunidade, onde melhorou
sua classificação em relação ao ano passado em quatro posições.”
Enquanto o Brasil ganha pontos nos quesitos igualdade de
oportunidade educacionais (1 ponto), ainda patina na participação econômica e
oportunidades (0,669) e empoderamento político (0,136).
De acordo com o relatório, a paridade de rendimentos
estimados melhorou ligeiramente no Brasil (alta de 0,052 ponto), mas isso
aconteceu, principalmente, porque a renda dos homens diminuiu: em 2022, as
mulheres ganham 1% a mais do que em 2021, enquanto os homens ganham 7% menos.
A igualdade salarial para trabalhos semelhantes também
melhorou, com um aumento de pontuação de 0,017. O único indicador em que o
Brasil apresenta desempenho inferior ao ano passado é o de empoderamento
político.
Na comparação regional, a América Latina e o Caribe ocupam o
terceiro lugar de todas as regiões, depois da América do Norte e da Europa, no
índice geral. A região superou 72,6% da lacuna de gênero, um aumento de quase
0,4 ponto percentual desde a edição anterior. Com base no ritmo atual de
progresso, a América Latina e o Caribe fecharão sua lacuna de gênero em 67
anos.
Seis dos 22 países latinos analisados melhoraram sua
pontuação de diferença de gênero em pelo menos um ponto. Entre eles, Peru,
Guiana e Chile foram os que mais subiram em suas pontuações de paridade de
gênero.
Por outro lado, países mais populosos, como Brasil, México e
Argentina, apresentaram estagnação nas pontuações.
Nos primeiros lugares do ranking, aparecem Islândia,
Finlândia, Noruega, Nova Zelândia e Suécia. Esses cinco países tiveram
pontuações de 0,91 a 0,822 (na escala de 0 a 1).
Na outra ponta, as piores pontuações são de Afeganistão
(146º), Paquistão (145º) e da República Democrática do Congo (144º) —com
pontuações indo de 0,44 a 0,58.
O tema da desigualdade de gênero, não apenas no mercado de
trabalho, ganhou destaque durante os anos de crise sanitária. Um estudo de 2021
da ONU (Organização das Nações Unidas), baseado em 13 países, apontou que 45%
delas relataram ter sofrido ou conhecer alguém que sofreu alguma forma de
violência durante a pandemia.
Para este ano, a ONU anunciou que seu tema era “Igualdade de
gênero hoje para um amanhã sustentável”. Os eventos da organização vão
reconhecer como mulheres ao redor do mundo estão respondendo às mudanças
climáticas.
Fonte e Imagem: Contec
UGT - União Geral dos Trabalhadores