11/07/2022
A OIT destacou hoje a necessidade de formular estratégias
efetivas para aumentar a produtividade do trabalho na América Latina, diante da
evidência de um persistente atraso regional que compromete as possibilidades de
encontrar o rumo de um futuro do trabalho com crescimento sustentável e mais e
melhores empregos.
"Enfrentamos o imperativo de aumentar a produtividade
na região", afirmou a OIT no novo relatório intitulado "Transição
digital, mudança tecnológica e políticas de desenvolvimento produtivo na ALC:
desafios e oportunidades” (“Transición digital, cambio tecnológico y políticas
de desarrollo productivo en ALC: desafíos y oportunidades ”), que foi
apresentado nesta quarta-feira durante uma conversa virtual com representantes
de governos, de organizações de empregadores e trabalhadores.
A diretora Regional a.i. da OIT para a América Latina e o
Caribe, Claudia Coenjaerts, iniciou a conversa destacando que a região enfrenta
"desafios estruturais" de grandes dimensões, pois "existem
grandes lacunas de produtividade dentro dos países entre setores produtivos,
empresas, grupos de trabalhadores", além de outras externas que
"foram ampliadas em relação aos países mais avançados no marco da
aceleração da transição digital e da mudança tecnológica".
Coenjaerts considerou que é necessário "um debate
renovado e aprofundado na região que aborde os principais fatores que
impulsionam o aumento da produtividade, a transição digital e as repercussões
desses processos sobre o trabalho decente, a criação de empregos, as melhorias
distributivas e o desenvolvimento de empresas sustentáveis e promotoras da
mudança tecnológica”.
O relatório da OIT foi objeto de um intercâmbio que contou
com a participação do ministro do Trabalho e Previdência do Brasil, José Carlos
Oliveira, dos vice-ministros do Trabalho do Equador e do Chile, Jorge Benavides
Ordoñez e Giorgio Boccardo Bosoni, respectivamente, de Kaira Reece, da
Confederação Sindical de Trabalhadores (as) das Américas (CSA), e de Imelda
Restrepo, da Organização Internacional de Empregadores (IOE).
A conversa, organizada como um evento paralelo à 4ª Reunião
Ministerial da OCDE sobre Produtividade, que está sendo realizada no Brasil,
também contou com a participação de José Antonio Ardavín, chefe da Divisão
América Latina da OCDE.
O novo relatório da OIT destaca a "necessidade urgente
de compreender de forma sistêmica os fatores que contribuem para o aumento
sustentado da produtividade e, com base nisso, incentivar as instâncias de
diálogo social necessárias para acompanhar e regular as inevitáveis transições
que esse processo implica".
O estudo acrescenta que "neste contexto, é imperativo
pensar sobre quais fatores estão por trás do atraso latino-americano".
O relatório destaca que, de acordo com a evidência
acumulada, “a grande maioria dos países da América Latina e do Caribe (ALC),
mesmo antes da crise sanitária e econômica derivada da pandemia da COVID-19,
apresentou uma estagnação tanto da produtividade do trabalho quanto da
produtividade total de fatores”.
“A produtividade do trabalho tem diminuído persistentemente
em termos comparativos com o resto do mundo durante as últimas quatro décadas”,
disse o consultor da OIT e autor do relatório, Claudio Maggi, na apresentação
para a audiência tripartite.
Maggi destacou a importância de identificar e de promover
uma série de "dinâmicas virtuosas entre produtividade, crescimento e
trabalho".
A conversação tripartite abordou aspectos como os desafios
impostos pela transição digital e pelo surgimento de novas tecnologias, assim como
os desafios em matéria de formação, a complexa situação atual caracterizada
pela alta incerteza internacional e por uma pandemia que ainda não terminou, e
a alta informalidade na região.
Da mesma forma, surgiram desafios em termos de políticas
públicas, e também no funcionamento das empresas.
Coenjaerts lembrou que a experiência da OIT “mostra que,
além de fatores externos (estabilidade macroeconômica, ambiente de negócios
favorável, estrutura setorial, mercados externos), a melhoria da cooperação no local
de trabalho, a representação efetiva dos trabalhadores, a gestão da qualidade,
a não produção poluente, a gestão de recursos humanos, a formação profissional
e saúde e segurança no trabalho contribuem positivamente para o aumento da
produtividade”.
Ao mesmo tempo, “a agenda da região em matéria de
transformação digital e produtividade necessita de políticas públicas que
ajudem a remover os obstáculos que se apresentam no caminho dessa transformação
e que assegurem que essa transição promova a criação de mais e melhores
empregos”.
Fonte e Foto: OIT
UGT - União Geral dos Trabalhadores