06/07/2022
Preços aumentaram, em média, 17% na pandemia, aponta
pesquisa de empresas de vale-refeição
Almoçar fora de casa ficou 17,4% mais caro para o
trabalhador brasileiro durante a pandemia, indica pesquisa da ABBT (Associação
Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador).
Conforme o levantamento, uma refeição completa –comida,
bebida, sobremesa e café– custou R$ 40,64, em média, de fevereiro a abril deste
ano no país.
Às vésperas da crise sanitária, o valor era de R$ 34,62,
segundo a edição anterior da pesquisa, feita entre dezembro de 2019 e fevereiro
de 2020. A alta de 17,4% (ou R$ 6,02 a mais) vem dessa comparação.
Para Jessica Srour, diretora–executiva da ABBT, o resultado
reflete pressões de diferentes origens sobre os preços.
Nos últimos meses, não foi somente a carestia de alimentos
que impactou bares e restaurantes. Os estabelecimentos também foram
pressionados por outros custos de operação, como aluguel e tarifas mais altas
de energia elétrica.
"É um pouco de tudo isso", diz Srour.
Agora, em um momento de retomada do setor de alimentação
fora de casa, há uma expectativa de recuperação das perdas causadas pela
pandemia, mas empresários relatam que o repasse para os preços segue complicado
devido ao orçamento enxuto dos consumidores.
"Muitos estabelecimentos não conseguiram sobreviver ou
se manter competitivos", afirma Srour.
A pesquisa da ABBT foi realizada em 51 cidades brasileiras.
A amostra envolveu restaurantes, bares, lanchonetes e padarias de 22 estados e
do Distrito Federal que aceitam como formas de pagamento benefícios para
refeição recebidos por trabalhadores.
Em uma situação hipotética, com R$ 40,64 gastos por almoço
em 22 dias úteis, um profissional teria de desembolsar R$ 894,08 por mês.
Esse montante correspondia a mais de um terço (35%) de um
salário médio no país no primeiro trimestre deste ano.
À época, o rendimento nominal do trabalho principal foi de
R$ 2.548 por mês, aponta o estudo, citando dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
PRATO FEITO SAI POR R$ 30,59
A pesquisa analisou quatro tipos de refeição. No modelo
comercial, que reúne opções como o popular prato feito, o preço médio foi de R$
30,59. Trata-se do menor valor do levantamento.
Na outra ponta da lista, o serviço mais caro foi do tipo à
la carte: R$ 64,83. Essa modalidade envolve pratos servidos em ambientes mais
sofisticados, nos quais o cliente escolhe a comida a ser preparada na hora.
As outras duas opções pesquisadas foram autosserviço (self
service) e refeição executiva. Os preços médios alcançaram R$ 35,91 e R$ 50,23,
respectivamente.
A modalidade de autosserviço reúne estabelecimentos que
servem refeições de bufês, cujos valores podem ser fixos ou por quilo.
Já a modalidade executiva é formada por pratos mais econômicos
em restaurantes à la carte durante a semana.
SUDESTE TEM O MAIOR PREÇO MÉDIO
O estudo ainda mostra que os preços variam de acordo com as
regiões e as cidades brasileiras.
O Sudeste teve o maior preço médio para o almoço: R$ 42,83.
O Centro-Oeste, por sua vez, registrou o menor: R$ 34,20.
Entre as capitais, o maior valor foi verificado em São Luís
(R$ 51,91). Srour diz que os custos elevados com transporte de alimentos e um
número menor de restaurantes podem explicar o valor mais alto na média da
capital maranhense.
Pelo levantamento da ABBT, o menor preço para a refeição
completa foi verificado em Goiânia: R$ 27,94. "Goiânia é uma capital mais
próxima das regiões produtoras de alimentos", diz Srour.
Na capital paulista, o preço médio do almoço chegou a R$
43,27. Foi o sexto mais elevado entre as metrópoles na pesquisa da ABBT.
É PRECISO TER CRIATIVIDADE, DIZ EMPRESÁRIO
Nesta terça-feira (5), um levantamento da Abrasel (Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes) em São Paulo apontou que 37% dos
empresários ouvidos tiveram lucro em maio. Outros 30% operaram com prejuízo,
enquanto 33% ficaram em equilíbrio.
Ainda de acordo com a Abrasel, a maior parcela dos
respondentes, de 53%, relata ter praticado reajustes nos preços abaixo da
inflação. Outros 16% não conseguiram elevar os valores do cardápio.
Segundo o levantamento, 26% reajustaram os valores somente
para acompanhar a pressão inflacionária. Apenas 5% conseguiram implementar
aumentos acima da inflação.
Paulo Rapetti, proprietário do restaurante Buteco da Carne,
na capital paulista, afirma que o setor precisa de criatividade para oferecer
opções que façam o consumidor sair de casa em tempos de inflação alta.
"Está difícil para todo mundo, mas o empresário tem de
inovar", diz. "Por exemplo, decidimos começar a ter música ao vivo,
criar um espaço mais aberto para as pessoas, trabalhar com mais drinks",
completa.
Fonte e Foto: Folha de São Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores