29/06/2022
Pedro Guimarães é um dos nomes mais próximos de Bolsonaro;
procurado, executivo não respondeu
Interlocutores no Palácio do Planalto dizem que a manutenção
de Pedro Guimarães à frente da Caixa Econômica Federal se tornou insustentável
em meio a denúncias de assédio sexual envolvendo o executivo.
Como ele faz parte do conselho da instituição financeira,
contudo, sua saída teria de ser via colegiado da Caixa ou por renúncia.
Nesta terça-feira (28), diante da repercussão do caso, a
Caixa cancelou evento que aconteceria na manhã desta quarta (29) com a presença
de Guimarães. O banco havia programado pronunciamento e uma coletiva de
imprensa sobre o Ano Safra 2022/2023.
Integrantes da campanha de Bolsonaro afirmam que, se forem
comprovadas as denúncias de assédio contra o presidente da Caixa, ele deve
deixar o posto.
Aliados do presidente afirmam que ele próprio deve tomar uma
atitude. Apesar disso, minimizam o impacto que as denúncias têm sobre o projeto
de reeleição.
Acusação revelada pelo portal Metrópoles nesta terça afirma
que ao menos cinco funcionárias da Caixa dizem ter sido vítimas de assédio
sexual por parte de Guimarães. Em um dos relatos, uma delas diz que uma pessoa
ligada ao presidente do banco perguntou o que fariam "se o
presidente" quisesse "transar com você?".
Segundo a denunciante, ele estava na piscina e "parecia
um boto se exibindo". Além disso, funcionárias recebiam chamados para ir
no quarto de Guimarães, entre outros relatos.
Procurado pela Folha para comentar as denúncias, o
presidente da Caixa não respondeu. Ao Metrópoles, o banco informou
desconhecimento acerca das acusações.
Uma apuração foi aberta na Procuradoria da República no
Distrito Federal. O caso tramita sob sigilo.
O presidente da Caixa é um dos nomes mais próximos do
presidente Jair Bolsonaro (PL) no governo. Está no cargo por indicação do
ministro da Economia, Paulo Guedes, e ganhou a confiança do chefe do Executivo
ao longo do mandato. Guimarães chegou a se colocar na disputa pela vaga de vice
na chapa de Bolsonaro que disputará a reeleição neste ano.
Na avaliação de interlocutores do Palácio do Planalto,
apesar da proximidade com o presidente, a saída dele do governo se fez
necessária devido às eleições deste ano.
As denúncias surgiram no momento em que Bolsonaro tenta
melhorar a imagem junto ao público feminino, fatia do eleitorado em que
registra um dos piores índices de intenção de votos.
Guimarães chegou a ser cogitado como substituto de Guedes em
momentos de crise na pasta de seu padrinho no governo. Ele se aproximou do
mandatário e sua família por ter uma visão de mundo similar à da família
Bolsonaro.
Isso ficou claro, por exemplo, quando o STF (Supremo
Tribunal Federal) mandou o governo divulgar o vídeo da reunião ministerial em
que o ex-ministro Sergio Moro afirmava que ficaria comprovada a interferência
de Bolsonaro na Polícia Federal.
No encontro, que ocorreu no início da pandemia da Covid-19,
Guimarães fez críticas ao isolamento social, que era recomendado pelo consenso
da unidade científica brasileira e mundial.
Ele criticou o fato de, na época, funcionários estarem
trabalhando de casa. "Tá todo mundo em home office. Que porcaria é
essa?", disse. Também chamou a pandemia de "histeria coletiva".
A proximidade ficou explícita em diversos eventos públicos e
nas lives semanais do presidente –ele era um dos mais frequentes participantes
das transmissões ao vivo de Bolsonaro nas redes sociais.
Em outro episódio, Guimarães atuou diretamente para evitar
que a Fiesp publicasse um manifesto em que demonstraria preocupação com a
escalada da crise entre os Poderes em meio às ameaças golpistas de Bolsonaro às
vésperas do 7 de setembro do ano passado.
Fonte e Foto: Folha de São Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores