27/06/2022
Pesquisa revela que 71,9% dos postos de trabalho perdidos em
2020 eram ocupados por mulheres
Pandemia atinge mulheres e a crise causada pela pandemia de
Covid-19 levou à saída de milhares de mulheres do mercado de trabalho, fazendo
a participação feminina retroceder ao patamar de 2016. Dos 825,3 mil postos de
trabalhos perdidos entre 2019 e 2020, cerca de 593,6 mil (ou 71,9%) eram
ocupados por mulheres. É o que aponta a pesquisa Estatísticas do Cadastro
Central de Empresas (Cempre) 2020, do IBGE, divulgada nesta quinta-feira.
A pesquisa mostra que a pandemia afetou fortemente o mercado
de trabalho, embora de forma desigual entre os gêneros. Enquanto o número de
homens assalariados caiu 0,9%, o de mulheres caiu 2,9% em 2020.
Pandemia atinge
mulheres
Foi a primeira vez, desde 2009, que houve uma queda relativa
maior entre os postos ocupados por mulheres frente aos postos ocupados pelos
homens entre a parcela de assalariados das empresas formais do país.
Em 2019, 44,8% dos assalariados eram mulheres. Em 2020, esse
percentual passou para 44,3%, uma queda de 0,5 ponto percentual em apenas um
ano. O movimento levou a participação feminina a recuar pela primeira vez desde
2010 e retroceder a níveis de 2016, momento em que o mercado de trabalho já
passava por uma crise.
Thiego Ferreira, gerente da pesquisa do IBGE, explica que a
perda de participação feminina no mercado de trabalho se deve a um conjunto de
fatores. Houve um crescimento de população assalariada em 2020 em setores que
empregam mais homens – como é o caso da construção, em que quase 91% da mão de
obra é masculina – o que leva a uma diminuição da participação feminina no
mercado como um todo.
Ao mesmo tempo, diz ele, houve uma redução da presença das
mulheres nos setores que mais as empregam, como é o caso da indústria têxtil,
educação, atividades de alojamento e alimentação, além de outras atividades de
serviços, que foram duramente impactadas pela pandemia.
— Isso tem uma relação direta com a própria dinâmica da
pandemia. Alguns setores que não eram considerados essenciais [durante a
necessidade de fechamento das atividades] tinham maior participação feminina,
além do fato de a mulher historicamente ter que ficar mais presente em casa.
Tudo isso contribui para uma diminuição da participação da mulher no mercado de
trabalho — explica Thiego Ferreira, gerente da pesquisa.
Presença menor nas empresas exportadoras
As mulheres também estão menos presentes, se comparado aos
homens, nas empresas exportadoras – segmento que registrou desempenho positivo
ao longo da pandemia por conta do ciclo favorável às commodities.
Enquanto o percentual de mulheres assalariadas nas
organizações representava 44,3% do total em 2020, esse contingente era de 30,1%
nas empresas exportadoras. Nesse segmento, homens representavam 69,9%.
Fonte e Foto: O Globo
UGT - União Geral dos Trabalhadores