14/06/2022
O aumento recorde no preço dos alimentos é global, afeta não
só o Brasil, mas outros países do mundo, por várias razões: economia
pós-pandemia, guerra na Ucrânia, choque de ofertas de alimentos e commodities.
Mas, a forma como cada governo reage à crise, faz muita diferença.
O economista Valter Palmieri Júnior explica que, por
enquanto, o cenário não é nada animador e não há previsão de melhora para alta
dos alimentos. Se o Brasil esbanja áreas agricultáveis e se destaca na produção
de alimentos, por que aqui os preços da cenoura, do tomate e alimentos in
natura em geral cresceram tanto nos últimos meses?
Palmieri divulgou na sua página ‘Comida e Economia’ uma
pesquisa recente mostrando que a inflação no Brasil é superior a dos Estados
Unidos, porque é um problema estrutural. E por que isso ocorre? Nos últimos
anos estamos com um problema de "reprimarização" da economia, ou
seja: o modo de crescer está ligado à exportação de commodities pelo
agronegócio, um agro que o economista considera latifundiário e monocultor.
“Cada vez mais as terras são destinadas a produzir produtos
para exportação e aí ficam menos alimentos no mercado interno para o Brasil.
Então, além desse setor de exportação não desenvolver o país, não gerar bons
empregos, ela dificulta a oferta de alimentos interna e contribui para que os
preços subam num ritmo muito maior”.
Com o encarecimento dos alimentos in natura, o brasileiro
passa a se alimentar pior, gerando um prejuízo à saúde no médio e longo prazo.
É o que afirma a Nutricionista Janine Coutinho, coordenadora do programa de
Alimentação Saudável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
“Infelizmente aquela comida que deveria estar no nosso prato
todos os dias, in natura ou minimamente processada com a referência do Guia
Alimentar da População Brasileira, tem aos poucos se tornado mais cara, o que
favorece, do ponto de vista da acessibilidade financeira, que o consumidor
tenha menos possibilidade de fazer a escolha desses alimentos”, avalia.
Por outro lado, o consumo de ultraprocessados tem crescido
cada vez mais, o que aumenta as chances de doenças crônicas.
“O consumo de produtos ultraprocessados têm uma relação
direta com o aumento da das doenças crônicas não transmissíveis, como pressão
alta, obesidade, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e até
depressão”, alerta a Nutricionista.
Fonte e Foto: SindNutri/SP
UGT - União Geral dos Trabalhadores