14/06/2022
Expectativa é que taxa suba de 12,75% para 13,25% ao ano
Em meio aos impactos da guerra no leste europeu e do
nervosismo no mercado financeiro internacional, o Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central (BC) começa hoje (14) a quarta reunião do ano para
definir a taxa básica de juros, a Selic. Amanhã (15), ao fim do dia, o Copom
anunciará a decisão.
Nas estimativas das instituições financeiras, o Copom deverá
encerrar o ciclo de aumento de juros, apesar das pressões atuais sobre a
inflação. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com
analistas de mercado, a Selic deverá passar de 12,75% para 13,25% ao ano, com
alta de 0,5 ponto percentual. Os analistas de mercado esperam que a taxa
permaneça nesse nível até o fim do ano.
Na ata da última reunião, os membros do Copom tinham
sinalizado que pretendiam concluir o ciclo de alta da Selic porque as elevações
dos últimos meses ainda estão sendo sentidas pelo mercado. No entanto, a guerra
entre Rússia e Ucrânia passou a impactar a inflação brasileira, por meio do
aumento dos combustíveis, de fertilizantes e de outras mercadorias importadas.
Além disso, a instabilidade na economia norte-americana, que enfrenta a maior
inflação nos últimos 40 anos, têm elevado a cotação do dólar em todo o planeta.
O mercado financeiro sentiu o impacto da economia externa. A
última edição do boletim Focus elevou a previsão de inflação oficial pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 8.89% para 9% em 2022
Para 2022, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo
BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,5%, com intervalo de
tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite
inferior é 2% e o superior é 5%. Os analistas de mercado consideram que o teto
da meta será estourado pelo segundo ano consecutivo.
Aperto monetário
Principal instrumento para o controle da inflação, a Selic
continua em ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho
de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o
Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegou a
6,5% ao ano, em março de 2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até chegar
ao menor nível da história, em agosto de 2020, em 2% ao ano. Começou a subir
novamente em março do ano passado, tendo subido 10,75 pontos percentuais até
agora.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos
públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e
Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é
o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O
BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e
vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao
valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, pretende
conter a demanda aquecida, causando reflexos nos preços porque os juros mais
altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas
seguram a atividade econômica. Ao reduzir a Selic, a tendência é que o crédito
fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle
da inflação e estimulando a atividade econômica.
Entretanto, as taxas de juros do crédito não variam na mesma
proporção da Selic, pois a Selic é apenas uma parte do custo do crédito. Os
bancos também consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados
dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas
administrativas.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do
encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas
das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No
segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as
possibilidades e definem a Selic.
Fonte e Foto: Agência Brasil
UGT - União Geral dos Trabalhadores