09/06/2022
Entendimento da corte incidirá em processos em todo o país
O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quarta-feira
(8), por maioria, que é obrigatório que haja uma negociação com sindicatos
antes da dispensa em massa de trabalhadores.
O tribunal chegou a esse entendimento, que incidirá em
processos equivalentes em todo o país, ao julgar um processo em que a Embraer
questiona decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho).
O Supremo definiu que é imprescindível "a intervenção
sindical prévia" nessas dispensas, mas que isso não deve se confundir com
"autorização prévia por parte da entidade sindical ou convenção de acordo
coletivo".
Embora tenha havido divergências em relação à redação dessa
tese, entenderam que há necessidade dessas negociações os ministros Edson
Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cármen Lúcia,
Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
Kassio Nunes Marques e Gilmar Mendes discordaram e o
presidente do STF, Luiz Fux, e o ministro André Mendonça não participaram do
julgamento.
O caso concreto que chegou ao Supremo, por meio de recurso,
é relacionado a uma dispensa de mais de 4.000 empregados da Embraer, em 2009.
A fabricante brasileira e a empresa Eleb Equipamentos
questionaram decisão do TST que estabeleceu a necessidade de negociação
coletiva em casos futuros. Segundo a corte trabalhista, nesses casos futuros,
"a negociação coletiva é imprescindível para dispensa em massa dos trabalhadores".
As empresas argumentavam que essa decisão havia atribuído à
Justiça do Trabalho a disciplina de um assunto que teria que ser decidido por
meio de lei complementar. Também alegaram que a decisão ameaçava a
sobrevivência de firmas em crise e que é contrária à livre iniciativa.
O caso começou a ser julgado no ano passado pelo Supremo,
sob relatoria do ministro Marco Aurélio, que atualmente está aposentado. À
época, Marco Aurélio entendeu que essa dispensa em massa não exigia negociação
coletiva.
O ministro Edson Fachin divergiu e considerou obrigatória a
negociação coletiva prévia para que haja demissões em massa. À época, Dias
Toffoli pediu vista (mais tempo para análise) e o processo só voltou a ser
julgado nesta quarta.
Sindicatos e entidades também haviam se manifestado durante
o julgamento. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) defendeu
a necessidade de negociação coletiva, tratada como um "avanço
civilizatório" no país.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, também se
manifestou de forma favorável a essas negociações.
A decisão do STF fixa jurisprudência sobre o tema, que vinha
causando um vaivém jurídico em casos similares.
A CLT não previa veto ou liberação às dispensas sem
negociação. Isso mudou com a reforma trabalhista, de 2017, que igualou a
demissão coletiva às individuais, nas quais o empregador não precisa negociar
nem comunicar o sindicato da categoria.
Mas a mudança na legislação não impediu novas ações,
propostas por procuradores do trabalho e por sindicatos.
No ano passado, o Ministério Público do Trabalho havia
iniciado ações contra a montadora Ford para impedir que a empresa fizesse
demissões em massa enquanto negociava planos de indenização com os sindicatos.
A empresa havia anunciado o encerramento da produção de veículos no Brasil.
Fonte e Foto: Folha de São Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores