01/06/2022
Transição para o chamado Open Finance deve ampliar a oferta
de serviços relacionados a produtos de corretoras de investimentos,
previdência, seguradoras e até câmbio
A 4ª fase do Open Baking no Brasil chega em sua última
etapa. A partir desta terça-feira (31), será possível compartilhar dados de
operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência entre bancos,
instituições financeiras e cooperativas. O compartilhamento das informações só
será realizado caso o cliente autorize.
A operacionalização dos dados transacionais dos usuários faz
parte da segunda parte da fase 4 do Open Banking, cuja primeira etapa dessa
fase começou em dezembro de 2021. Na ocasião, as instituições participantes apresentaram
a tecnologia que certifica a qualidade e a aderência às especificações do Banco
Central (BC) ao serviço.
Agora, a chegada da parte final da última fase marca a
transição do ecossistema para o chamado “Open Finance”, que expande o
compartilhamento de dados para além das esferas bancárias. Segundo o BC, “o
projeto como um todo se torna Open Finance”.
O Open Banking no Brasil teve início no primeiro dia de
fevereiro de 2021, com um cronograma projetado para efetuar todas as 4 fases
até o fim daquele ano. As três primeiras etapas tiveram foco no
compartilhamento de dados bancários dos usuários entre as instituições
financeiras, cada uma com as suas características operacionais.
A última fase vai ampliar o compartilhamento para todas as
finanças pessoais de um cliente, permitindo que informações sobre
investimentos, seguros, previdência privada entre outras cheguem mais
facilmente às empresas autorizadas pelo BC.
“São mais opções para compartilhamento de dados, a critério
do usuário final. Esse é um novo passo para o empoderamento da população como
real dona dos dados, que com isso poderá conseguir melhores ofertas de serviços
financeiros e se beneficiar de mais competição entre as instituições”, afirmou
Ricardo Taveira, CEO e fundador da Quanto, plataforma de Open Banking.
“Mas é preciso também lembrar que estamos só no início da
implementação, e o mercado precisa de um tempo para transformá-la em mudanças
efetivas para o consumidor”, acrescentou.
O que vai mudar?
O Banco Central confirmou ao CNN Brasil Business que o
calendário divulgado pela entidade monetária seguirá conforme planejado,
dependendo somente do desenvolvimento do mercado em relação às normas da
tecnologia.
Na prática, a partir desta terça-feira os clientes dependem
da competição entre as instituições financeiras, que devem começar a apresentar
ofertas personalizadas de acordo com os dados compartilhados dos usuários.
“O compartilhamento dessas informações permitirá que as
instituições que estão recebendo esses dados possam analisar e entender quem é
o indivíduo, qual o seu perfil de hábito de consumo, suas necessidades e,
assim, criar produtos e serviços visando atender o cliente da melhor maneira,
que caibam na realidade financeira dele”, destacou Fernando Tassin, gerente de payments
e Open Finance da TecBan.
Tassin reforça que esta nova fase trará mais competitividade
entre as empresas e mais informações aos clientes para contratar um serviço
financeiro.
“O cliente final será cada vez mais centrado em seu
empoderamento, além de obter o acesso a informações de forma simples e
transparente, podendo escolher a instituição financeira que lhe preste o melhor
serviço, o que necessariamente não é o serviço mais barato”, explicou.
Portanto, as empresas podem ofertar produtos que variam
desde mais limites no cartão de crédito, parcelas de financiamento,
investimentos ou seguro mais adequadas, e até mesmo pacote de benefícios de
tarifas mais atraentes, com isenção em determinados serviços.
“Antes, a pessoa batia de porta em porta pedindo
financiamento. Agora, isso vai se inverter. Com o histórico do consumidor em
mãos, as instituições financeiras que vão procurar o indivíduo e oferecer as
melhores ofertas disponíveis”, pontuou Rodrigoh Henriques, líder de inovações
financeiras da Fenasbac (Federação Nacional das Associações de Servidores do
Banco Central).
Próximos passos
Em 2022, o Banco Central estabeleceu um calendário no qual
será possível sentir mais os efeitos da implementação do Open Banking no país.
“Esperamos que nesse novo ano haja uma adesão ainda maior de
instituições financeiras no Open Banking, principalmente referente aos novos
bancos, que estão entendendo as maneiras de incorporar os dados internamente e
oferecer melhores produtos e serviços”, afirmou Gustavo Bresler, gerente de
estratégia da Quanto.
A partir deste ano também será possível a realização de
opções de pagamento junto ao Open Banking que vão além do Pix.
Em relação ao iniciador de pagamento (ITP), que é a
ferramenta utilizada para que uma empresa de serviço, como de aplicativos de
entrega por exemplo, comece a ofertar aos clientes a opção de pagamento
instantâneo dentro da própria plataforma.
Em 15 de fevereiro, o BC anunciou a possibilidade de
transferência direta para pagamentos com TED e transferência entre contas na
mesma instituição. Em 30 de junho, o mecanismo passa a funcionar para
pagamentos de boletos, enquanto em 30 de setembro terá início para pagamentos
com débito em conta.
Fonte e Imagem: Contec
UGT - União Geral dos Trabalhadores