11/05/2022
Setor bancário criou canal exclusivo de denúncia e programas
de acolhimentos e apoio às vítimas
Os casos de violência doméstica e familiar contra mulheres
que atuam no setor bancário cresceu 10,7% em 2021 na comparação a 2020. A cada
mês, 11 bancárias são agredidas de forma física, moral, patrimonial,
psicológica, sexual e virtual por seus companheiros, parentes ou pessoas de seu
convívio familiar, segundo levantamento feito pela Federação Brasileira de
Bancos (FEBRABAN) com 25 instituições financeiras.
Em dois anos de pandemia, entre fevereiro de 2020 e
fevereiro de 2022, os bancos acolheram 273 pedidos de ajuda de colaboradoras
vítimas de violência. Foram 121 casos em 2020, 134 casos em 2021 e 18 casos
atendidos pelos bancos até fevereiro deste ano.
Atualmente, as mulheres representam 49% dos cerca de 450 mil
empregados do segmento bancário brasileiro, que trabalham em aproximadamente
3,3 mil municípios do país.
“Profissional se sensibilizou com as questões que trouxemos
e participou da ação trazendo a sua experiência coma violência doméstica”
(Depoimento anônimo de uma profissional de RH de banco)
A preocupação com o aumento da violência doméstica no país
durante a pandemia, muitas vezes associado ao maior tempo de convivência entre
vítima e agressor devido ao isolamento social, levou a Federação Nacional dos
Bancos (Fenaban) e entidades sindicais representativas da categoria
profissional dos bancários a assinar, em 2020, um termo aditivo à Convenção
Coletiva de Trabalho prevendo ações que os bancos deveriam tomar para prevenir
a violência contra as mulheres bancárias.
A categoria bancária é a primeira a conquistar cláusulas em
acordo coletivo sobre igualdade de oportunidades e a única a manter uma mesa
permanente de negociações com representantes patronais sobre questões de
gênero, raça e orientação sexual.
Pela norma coletiva, as instituições se comprometeram a
implementar canais de apoio exclusivos para encaminhamento e tratamento, em
sigilo, de questões relativas à violência contra a mulher. Também assumiram o
compromisso de enviar comunicado interno às lideranças e demais funcionários
com o objetivo de informar sobre os tipos de violência doméstica e as condutas
a serem adotadas nas situações que envolvem denúncias.
“Pudemos dar suporte e apoio a uma colaboradora em situação
de violência doméstica crítica, inclusive a filhos e familiares” (Depoimento
anônimo de uma profissional de RH de banco)
“O avanço da violência contra a mulher é um problema social
crítico e, infelizmente, ainda longe de dar sinais de regressão. A orientação e
o diálogo permanentes com a sociedade são indispensáveis para a construção de
relações mais igualitárias entre homens e mulheres e para prover as mudanças
tão necessárias a essa situação gravíssima de violência”, afirma Isaac Sidney,
presidente da FEBRABAN, que completa: “O poder público, em todas as esferas,
precisa ser o principal protagonista de políticas voltadas à prevenção e
combate a qualquer tipo de violência doméstica contra a mulher”
Para o diretor executivo de Relações Institucionais,
Trabalhistas e Sindicais da FEBRABAN, Adauto Duarte, “na medida em que os
bancos passam a incluir em suas políticas de trabalho o acolhimento a
funcionárias que procuram o canal, há uma importante contribuição do setor na
redução de casos de violência contra as mulheres. Bancos e bancários estão
trabalhando com o mesmo propósito, que é a proteção à vida”.
A norma também assegura às mulheres em situação de violência
o direito de solicitar realocação para outra unidade do banco ou mudança de
horários de entrada e saída, com a garantia de sigilo para que o agressor não
fique a par da sua rotina. Onze
solicitações de transferência de localidade de trabalho a colaboradoras vítimas
de violências foram atendidas pelos bancos no período. Cada instituição pode, também, oferecer uma
linha especial de crédito ou financiamento para a denunciante.
Ações de prevenção e combate à violência
O levantamento
realizado pela FEBRABAN sobre as ações de Prevenção à Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher no Setor Bancário mostra o empenho dos bancos no
combate ao problema e traz um balanço do que foi feito pelas instituições
financeiras no período.
“Incrível o
posicionamento da organização diante do tema. Saiu do âmbito empresarial para
acolher funcionárias e parentes que passam pela situação de violência. Parabéns
pela proposta e pela coragem.”
(Depoimento anônimo de colaboradora de banco)
Em dois anos de pandemia, os bancos disponibilizaram
diversos canais para atendimento e acolhimento às mulheres em situação de
violência. E-mails, intranet e linha 0800 para denúncias e atendimento às
vítimas foram os meios mais utilizados pelos bancos para promover educação,
encorajamento, prevenção e apoio às bancárias.
Palestras sobre equidade de gênero; rodas de diálogo de
enfrentamento à violência; envio de comunicados internos informando os tipos de
violência doméstica e órgãos públicos e entidades privadas para suporte
especializado; e a divulgação de informações sobre condutas a serem adotadas
nos casos que envolvem denúncias foram outras ações promovidas pelos bancos no
período para impactar os colaboradores.
Fonte e Foto: FEEB/PR - Federação dos Bancários do Estado do
Paraná
UGT - União Geral dos Trabalhadores