25/04/2022
A construção civil nacional terá uma plataforma inédita para
medir a pegada ambiental de carbono e de energia de materiais de construção. Em
entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Vanderley John, do
Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP,
diretor do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) e coordenador
do Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção (Sidac),
discorre sobre a nova tecnologia.
A sustentabilidade da construção não é um assunto novo, ela
já está sendo abordada há aproximadamente 30 anos. De acordo com o professor, a
discussão começou com projetistas preocupados em propor soluções sustentáveis,
indicando produtos e processos a serem seguidos. “Era uma saída que funcionou
por algum tempo, mas tinha muitos limites. Isso gerou, por exemplo, os selos de
greenbuilding. Agora, nos últimos anos, começou a mudar um pouco a forma de
pensar, o que interessa não é que tipo de tecnologia foi utilizada, mas qual é
a pegada ambiental real que o produto vai ter”, afirma.
Um ponto de destaque para John é a importância que o
fornecedor dos materiais possui no processo: “Uma das coisas que a gente
estudou há algum tempo na Escola Politécnica é a diferença entre fornecedores.
Mesmo produto, um bloco de concreto, mesma resistência, você olhando para ele é
igual, mas quando você mede o impacto ambiental e compara dois fornecedores,
você pode ter 100%, 200% de diferença. Empresas da sua cadeia de suprimentos
estão fazendo um produto igual, mas com impactos ambientais muito diferentes.
Tem N razões que levam a esse caso, eu acredito muito em selecionar
fornecedores, mais do que selecionar produtos”.
Impacto ambiental
Em breve, será possível comparar o impacto ambiental em
diversas construções e aferir a energia necessária para que se realize. “Dentro
do Sidac tem um módulo que permite aos fabricantes de materiais estimarem ou
calcularem a pegada de CO2 do seu produto. O fabricante A vai declarar que a
janela que ele faz tem X quilos de CO2 para ser feita, quando o arquiteto ou o
consumidor selecionar aquela janela, ele vai saber qual é a pegada de CO2 e ao
saber qual é a pegada de CO2, ele vai adicionar à pegada do edifício que ele
está projetando. Então, o fabricante mede e declara e o construtor junta as
informações e mede a pegada do seu produto”, comenta o professor.
John projeta o futuro do sistema com esperança: “A gente tem
uma parcela importante da indústria e tem tido muita convergência. O sistema é
muito simples, muito prático, a indústria sente que é preciso medir CO2, é
preciso medir energia, disso vai depender o nosso futuro. Então está um clima
muito positivo e eu acredito que o sistema vai ser implantado muito
rapidamente”.
Fonte e Foto: Rádio Peão Brasil
UGT - União Geral dos Trabalhadores