08/04/2022
A inflação acelerou para 1,62% em março, após ficar em 1,01%
em fevereiro. Esse foi o maior resultado para o mês de março desde 1994
(42,75%), antes da implantação do Real. No ano, o indicador acumula alta de
3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12
meses imediatamente anteriores. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (8) pelo IBGE.
Em março, os principais impactos vieram dos transportes
(3,02%) e de alimentação e bebidas (2,42%). Os dois grupos, juntos,
contribuíram com cerca de 72% do índice do mês. No caso dos transportes, a alta
foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis (6,70%),
com destaque para gasolina (6,95%), que teve o maior impacto individual (0,44
p.p.) no indicador geral.
“Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina
vendida pela Petrobras para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também
altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel
(13,65%). Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta
nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel
(1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos
ônibus urbanos em Curitiba, São Luís, Recife e Belém”, detalha o gerente do
IPCA, Pedro Kislanov.
Por outro lado, houve queda 7,33% nos preços das passagens
aéreas. “Isso porque a metodologia empregada no indicador considera uma viagem
marcada com dois meses de antecedência. A variação reflete a coleta de preços
feita em janeiro para viagens realizadas em março. Em janeiro, houve um aumento
nos casos de Covid, o pode ter reduzido a demanda e, consequentemente, os
preços das passagens aéreas naquele momento”, relembra Kislanov.
No grupo dos alimentos e bebidas, a alta de 2,42% decorre,
principalmente, dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (3,09%). A
maior contribuição (0,08 p.p.) foi do tomate, cujos preços subiram 27,22% em
março. A cenoura avançou 31,47% e já acumula alta de 166,17% em 12 meses.
Também subiram os preços do leite longa vida (9,34%), do óleo de soja (8,99%),
das frutas (6,39%) e do pão francês (2,97%).
“Foi uma alta disseminada nos preços. Vários alimentos
sofreram uma pressão inflacionária. Isso aconteceu por questões específicas de
cada alimento, principalmente fatores climáticos, mas também está relacionado
ao custo do frete. O aumento nos preços dos combustíveis acaba refletindo em
outros produtos da economia, entre eles, os alimentos”, analisa Pedro Kislanov.
O grupo habitação (1,15%) teve aumento por conta do gás de
botijão (6,57%), cujos preços subiram devido ao reajuste de 16,06% no preço
médio de venda para as distribuidoras, em março. A alta de 1,08% da energia
elétrica também contribuiu para o resultado do grupo, principalmente por causa
dos reajustes de 15,58% e 17,30% nas tarifas de duas concessionárias de energia
no Rio de Janeiro.
Em março, também houve aceleração nos preços dos grupos
vestuário (1,82%) e saúde e cuidados pessoais (0,88%). O único com queda foi
comunicação, com -0,05%. Os demais ficaram entre o 0,15% de educação e o 0,59%
de despesas pessoais.
IPCA tem alta em
todas as áreas pesquisadas
A pesquisa mostra ainda que todas as áreas pesquisadas
tiveram alta em março. A maior variação ocorreu na região metropolitana de
Curitiba (2,40%), onde pesaram as altas da gasolina (11,55%), do etanol (8,65%)
e do ônibus urbano (20,22%). Já a menor variação foi registrada no município de
Rio Branco (1,35%), onde houve queda nos preços das passagens aéreas (-11,33%)
e do frango inteiro (-2,10%).
INPC foi de 1,71% em
março
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta
de 1,71% em março, acima do resultado do mês anterior (1,00%). Essa é a maior
variação para um mês de março desde 1994, quando o índice foi de 43,08%. O INPC
acumula alta de 3,42% no ano e 11,73% nos últimos 12 meses, acima dos 10,80%
observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Os produtos alimentícios passaram de 1,25% em fevereiro para
2,39% em março. Os não alimentícios também aceleraram e registraram 1,50%,
frente à variação de 0,92% do mês anterior.
Fonte e Foto: IBGE
UGT - União Geral dos Trabalhadores