05/04/2022
Aumento do querosene de aviação, com a alta do petróleo, e
mercado interno mais aquecido fizeram voos domésticos encarecerem
Os preços das passagens de avião no Brasil aumentaram em
março e devem seguir em alta este mês. A subida do preço do petróleo em meio à
guerra da Ucrânia está afetando um dos principais insumos das aéreas, o
querosene de aviação.
Levantamentos realizados pelas plataformas Kayak e Decolar,
tendo como base as tarifas médias praticadas no mês passado, mostram subidas
acentuadas nas rotas de alta demanda, especialmente no mercado doméstico.
Na comparação com fevereiro, um levantamento da plataforma
Decolar que leva em conta as rotas que têm origem nos aeroportos de São Paulo
(Congonhas e Guarulhos) mostra aumentos entre 16% e 40%.
O bilhete de São Paulo ao Rio de Janeiro, por exemplo,
custava ao passageiro R$ 504,19 em média em fevereiro e passou a R$ 598,99 no
mês passado, uma alta de 19%. Para Recife, passou de R$ 559,82 para R$ 783,57,
alta de 40%.
No levantamento da Kayak, que considera a média das
passagens de diferentes origens, a alta é ainda maior. Na comparação com o mês
de janeiro, os preços de passagens para São Paulo e Rio de Janeiro partindo de
diferentes locais subiram 49% e 47% no período, respectivamente. O preço médio
de um bilhete a São Paulo em março foi de R$ 1.021 e ao Rio, R$ 1.037.
Os dez destinos nacionais com maior demanda tiveram aumentos
de preço superior a 30% na comparação entre janeiro e março. A lista inclui
Recife, Salvador, Fortaleza, Maceió, Porto Alegre, Brasília, Natal e
Florianópolis. A subida mais acentuada foi a da capital catarinense, de 51%.
No caso das passagens internacionais, os reajustes de
fevereiro a março têm sido menores, segundo as pesquisas das duas plataformas.
De acordo com o Kayak, o preço médio aumentou 13% a Lisboa e
caiu 4% a Buenos Aires no período. São os dois destinos mais buscados por
brasileiros no momento.
Dólar mais barato
ajuda
Já o Decolar observou a mesma queda de 4% na passagem de São
Paulo a Buenos Aires, para onde o brasileiro poderia viajar, em média, por R$
1.310 em fevereiro e por R$ 1.260 em março. Os bilhetes de São Paulo a Milão,
outro destino muito procurado por brasileiros na plataforma, passaram de R$
3.288 a R$ 3.511 no mesmo período, subida de 7%.
A diretora de voos da Decolar, Daniela Araújo, afirma que a
demanda doméstica mais aquecida ajuda a explicar a diferença entre os reajustes
da aviação regional e da internacional.
— O aumento dos preços e combustível de aviação conta muito
nessa alta, mas na aviação doméstica há ainda a demanda que estava aquecida nos
últimos meses, diferentemente do cenário da aviação internacional, cuja demanda
tem crescido mais nas últimas semanas com a flexibilização de algumas barreiras
sanitárias, especialmente na Europa — afirma a executiva.
Daniela destaca ainda a queda do dólar nas últimas semanas,
que ficou na menor cotação em dois anos. A valorização do real ajuda a mitigar
em parte a alta do combustível e pode ser um estímulo também para viagens ao
exterior.
Combustíveis: Governo estuda incluir querosene de aviação em
solução para conter alta dos combustíveis
Para André Castellini, sócio da consultoria
Bain&Company, as margens das companhias aéreas são apertadas, e as empresas
já têm operado no prejuízo, mesmo com o aquecimento recente:
— Elas não têm espaço para segurar aumentos de custo ao
consumidor, houve queda na demanda por passagens, principalmente no Brasil. As
empresas são obrigadas a cortar voos, o que atrasa a retomada completa do
setor.
O especialista lembra que o preço do barril de petróleo já
vinha subindo antes da guerra na Ucrânia, o que fez o querosene de aviação
quase dobrar de preço em 2021. Agora, com o conflito, o preço do combustível
voltou a subir.
Recuperação adiada
A situação atual fez com que a consultoria reajustasse para
baixo suas previsões de retomada para a aviação doméstica brasileira.
— Prevemos que, em julho, a demanda esteja em 90% do que era
antes da pandemia, mas revisamos a estimativa para dezembro, que estava entre
100% e 105%, para 95%. O impacto vai ser maior na baixa temporada — diz o
executivo.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio
do litro de querosene de aviação subiu 15,7% de janeiro a março. O combustível
responde no geral por cerca de 35% dos custos das companhias aéreas. Na última
sexta-feira, o preço do combustível foi reajustado em 18%.
Fonte e Foto: O Globo
UGT - União Geral dos Trabalhadores