30/03/2022
Pesquisa do Instituto Pólis relaciona dados de ações de despejo
e mortes pela covid-19, e constata que periferias e região central tiveram mais
ocorrências em 2020 e 2021
A população de negros e as famílias chefiadas por mulheres
com renda de até três salários mínimos em São Paulo foram as mais afetadas com
ações de despejo na pandemia, e também as que mais morreram pela covid-19.
Isso é o que mostra uma pesquisa do Instituto Pólis, que
cruzou dados do Observatório de Remoções da USP com as taxas de mortalidade por
covid na capital entre 2020 e 2021, e com informações do Censo Demográfico do
IBGE de 2010.
As informações foram divulgadas na coluna de Mônica Bergamo,
na Folha de S.Paulo. A região central e as periferias da cidade aparecem nos
dois mapas: é onde mais acontecem ações de despejo e onde os óbitos por covid
são proporcionalmente maiores.
O Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu desocupações
durante a pandemia — medida que vale até a próxima quinta (31). Ainda assim, o
Observatório da USP mapeou 794 casos durante o período, que foram
contabilizados no estudo.
“Mesmo em meio à pandemia, em que a moradia é uma estrutura
básica para a adoção de medidas de prevenção sanitária, essas famílias seguem
ameaçadas de despejo”, afirma o instituto, que defende a prorrogação da
decisão.
Nas áreas mais afetadas (centro e periferias), os negros
representam 47,3% do total de mortos. A taxa está dez pontos percentuais acima
da representatividade deste grupo na cidade: 37% da população de São Paulo é
negra. O grupo também corresponde a mais da metade (51,8%) dos casos de
despejos.
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Já as famílias chefiadas por mulheres com renda de até três
salários mínimos representam 27,8% dos óbitos por Covid — quando correspondem a
23,4% da população da cidade. Além disso, foram vítimas de 27,9% dos casos de
desocupações.
Para o instituto, o levantamento mostra “que há camadas de
vulnerabilidade socioeconômica nos territórios mais sujeitos às remoções”. A
entidade diz ainda que os despejos representam não só uma ameaça individual à
saúde das pessoas, mas também podem potencializar novas cadeias de contágio
pela cidade.
Fonte e Foto: Rádio Peão Brasil
UGT - União Geral dos Trabalhadores