22/03/2022
Em evento promovido pela revista The Economist, António Guterres disse ser “loucura” a corrida por substituir combustíveis da Rússia por outras fontes fósseis; países do G20 devem liderar ações e impulsionar financiamento climático; compromissos atuais fariam aumentar em 14% as emissões globais.
O
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, esteve na abertura de um
fórum virtual sobre sustentabilidade promovido pela revista The Economist nesta
segunda-feira.
Em mensagem de
vídeo, o chefe da ONU destacou a importância de manter vivo o objetivo de
conter o aquecimento global em até 1.5ov C, lembrando que é necessário reduzir
as emissões globais em 45% até 2030.
Foto:UN
Photo/Eskinder Debebe
Catástrofe
climática
Em referência a COP26, Guterres afirmou que o problema não foi resolvido em Glasgow.
Na contramão
das discussões durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática
e contrariando as estimativas do último relatório do IPCC, ele reafirmou que,
com os compromissos nacionais atuais, as emissões globais devem aumentar quase
14% na década de 2020.
Assim, o líder
das Nações Unidas afirmou que o mundo caminha para uma “catástrofe climática”.
Ele também
citou o impacto da guerra na Ucrânia, com o risco de derrubar os mercados
globais de alimentos e de energia e ter grandes implicações para a agenda
climática global.
Guterres
alertou que enquanto as principais economias buscam uma estratégia para
substituir os combustíveis fósseis da Rússia, após as sanções impostas por
diversas nações, elas podem criar uma dependência ainda maior dessa fonte de
energia e prejudicar as ações para conter o aquecimento global.
O chefe da ONU
chamou de “loucura” a tentativa dos países de fechar a lacuna no fornecimento
de combustíveis ao mesmo tempo que negligenciam as políticas para reduzir o uso
deles.
Foto:WFP/Sitraka
Niaina Raharivaiv
Responsabilidade
e soluções
Para António
Guterres, os membros do G20, responsáveis por 80% das emissões globais, devem
liderar as ações para conter o avanço da temperatura.
Ele afirmou que
embora alguns países já tenham anunciado políticas para beneficiar o meio
ambiente, outras apontam as nações emergentes como as grandes culpadas do
aumento de emissões.
Para o líder da
ONU, essa não é hora de buscar culpados e sim de buscar coalisões para buscar
financiamento para expandir o uso de fontes limpas e renováveis de energia.
Ele também
chamou a atenção para áreas do setor privado que ainda financiam o carvão. Para
Guterres, esse é um investimento “estúpido”, que deixa bilhões em ativos
ociosos.
O
secretário-geral reforçou que “é hora de acabar com os subsídios aos
combustíveis fósseis e parar a expansão da exploração de petróleo e gás”.
Mitigação e
adaptação
Para António
Guterres, o aumento da vulnerabilidade de diversas populações com o aumento de
catástrofes climáticas destaca a necessidade de ações concretas para mitigação,
mas também para adaptação.
Assim, ele
destacou o aumento de investimento em planos que ajudem populações,
especialmente de nações insulares e de baixa renda, a lidarem com os eventos
climáticos.
Guterres
lembrou o compromisso financeiro de US$ 100 bilhões para que os países em
desenvolvimento possam implementar políticas climáticas.
Ao finalizar
sua participação, o secretário-geral pediu o compromisso com a eliminação do
carvão e de todos os combustíveis fósseis, bem como a transição energética
rápida, justa e sustentável.
Ele também fez
um apelo para o fortalecimento dos planos climáticos nacionais e coalizões
climáticas, além de focar na descarbonização de grandes setores como transporte
marítimo, aviação, siderurgia e cimento.
Fonte: ONU
Foto: ONU
News/Laura Quiñones
UGT - União Geral dos Trabalhadores