22/03/2022
A Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma instituição pública de
altíssimo nível essencial ao desenvolvimento nacional e ao bem-estar da
população brasileira. Seu destino não pode ser ameaçado por visões
arrecadatórias de curto prazo.
Um dos orgulhos
nacionais em termos de ciência e tecnologia e referência absoluta no setor, a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem sido objeto de
debates relativos ao seu papel e ao seu destino.
Conforme
anunciado pela direção da instituição, neste mês deve ficar pronta nova
modelagem para sua operação. Conforme divulgado pelos meios de comunicação, o
objetivo seria cortar custos administrativos, reduzir despesas com pessoal e
tornar a Embrapa mais lucrativa e independente do orçamento federal.
Como ninguém de
bom senso é contra a economia de recursos, especialmente em períodos de vacas
magras como o atual, num primeiro momento, a iniciativa intitulada “Transforma
Embrapa” parece alvissareira. No entanto, uma análise mais atenta gera preocupação
com o futuro dessa que tem sido ferramenta essencial ao Brasil há quase 50
anos.
O bom
desempenho do agronegócio brasileiro, a garantia de produção voltada à
segurança alimentar da população e os avanços em relação à sustentabilidade
ambiental devem-se em grande parte ao competente e admirável trabalho da
Embrapa de geração de conhecimento e tecnologia e de orientação aos produtores.
Assim, causa
preocupação quando se propõe uma reestruturação encomendada a uma consultoria
privada e, ao que se sabe, pouco debatida com os técnicos da companhia, que são
aqueles que conhecem efetivamente o seu funcionamento. O pacote incluiria o
tradicional corte de pessoal e a terceirização, mantras eternos da cantilena do
Estado mínimo que, como já demonstrado, podem significar desmonte e
precariedade futura sem grandes benefícios aos cofres públicos.
A iniciativa
incluiria ainda tornar a Embrapa sócia da iniciativa privada, com ganhos mais
substanciais pelos produtos e processos desenvolvidos. Obviamente, nada contra
ampliar a remuneração da empresa pública pelo seu desempenho, mas é preciso ter
uma visão mais ampla e a compreensão de que a instituição não pode ficar
limitada a interesses específicos do mercado no curto prazo; sua função vai
muito além disso.
A Embrapa tem
relação direta com o enorme potencial brasileiro em biodiversidade e energia,
para ficar em apenas duas searas de importância estratégica inquestionável,
sendo parte integrante de um projeto de desenvolvimento e soberania. Trata-se
de instrumento a ser fortalecido e qualificado, o que inclui valorização e
multiplicação de quadros técnicos capazes e comprometidos com esses objetivos.
Esvaziar essa
estrutura vai na exata contramão dessa meta e é medida que precisa ser evitada
a bem do interesse público e de um futuro melhor para os brasileiros.
Fonte e Foto:
Agência Sindical
UGT - União Geral dos Trabalhadores