21/03/2022
Empresa anunciou que irá focar seus esforços apenas em
setores capazes de liderar o mercado, como adegas, petshops e cornershops
Nos últimos dias fomos pegos de surpresa com o anúncio da
saída da operação da Uber Eats para restaurantes no Brasil. A empresa anunciou
que irá focar seus esforços apenas em setores onde é possível ter condições de
liderar o mercado, apontando especialmente para adegas, petshops e cornershops.
Para o mercado a notícia é muito negativa: a saída de um
player importante no cenário global, com liderança consolidada em diversos
países na América Latina, é algo realmente chocante e um mau sinal. O mercado
brasileiro já apresentava sinais de um monopólio há algum tempo, mas ainda
existiam duas ou três plataformas grandes para fazerem frente ao líder do
mercado e, algumas iniciativas regionais bem-sucedidas também deixavam o jogo
mais atrativo.
Com o anúncio, um espaço será deixado, mas a crença que isso
irá apimentar mais o mercado é infundada. Quem deve realmente tirar vantagem do
cenário é quem menos precisa desse tipo de ajuda: o iFood.
Dito isso, vemos um mercado cada vez mais concentrado e
menos favorável aos restaurantes e, consequentemente, ao consumidor de
delivery. Mercados saudáveis são mercados onde a competição é mais acirrada, há
um líder, naturalmente, mas a diferença para o segundo colocado não pode ser
gritante a ponto de fazê-lo desistir, como ocorreu agora.
Ter mais opções aumenta a oferta de serviços, diminui os
preços praticados e cria um ecossistema de ganha-ganha para todos os
envolvidos, além de fazer com que o poder de barganha mude de mãos, pendendo
para o lado mais fraco muitas vezes.
Na Let’s Delivery, desde que iniciamos a operação, ainda
como consultoria para o setor, buscávamos soluções para ajudar os restaurantes,
fazendo negociações em baciada, colocando três ou mais restaurantes em um mesmo
pacote para conseguir taxas melhores com os agregadores e assim permitir um
aumento de margem final para os restaurantes — não era incomum fazermos leilões
para forçar a taxa para baixo e só depois de analisar todas as propostas,
escolher o melhor caminho. Mas, desde sempre a nossa recomendação sempre foi a
mesma: não fique em apenas uma plataforma.
Ficar em uma plataforma tem suas vantagens e, por
consequência, sua atração: é apenas uma interface para gerenciar, não tem que
lidar com múltiplos perfis de entregadores, a conciliação bancária (que é um
sufoco sempre) tende a ser mais fácil e, no final as análises de performance
são mais simples — com as vendas concentradas apenas no iFood, não me resta
dúvida da origem, por exemplo.
Mas aí que mora o perigo: ao ficar com apenas uma
plataforma, apesar das aparentes comodidades, você deixa de falar com públicos
que podem se interessar pelo seu produto. Havia e há usuários que preferem a
Rappi, que preferem a Uber Eats, assim como diversos outros aplicativos
menores. Estar em apenas um é ignorar todos os outros e esse é um trade-off que
tem que ser feito consciente e não por “preguiça” administrativa.
Nossa recomendação sempre foi de abrir canais de venda,
estar em mais lugares, falar com mais gente. Se eu sou uma loja online, e é
isso que o restaurante no delivery é, não faz sentido não falar com quem está
no Instagram só porque a plataforma do Google é mais fácil de lidar. O público
deve ser levado em consideração sempre e, quanto mais audiência você atinge,
mais vendas você é capaz de fazer, pura matemática.
Claro que há dificuldades nessa abordagem, afinal, gerenciar
múltiplas plataformas distintas é sempre mais difícil do que gerenciar apenas
uma, mas esse não é um jogo de soma zero, é um jogo de multiplicação e estar em
múltiplos canais de venda te garante mais sucesso em diversos fatores: menor
dependência de um único agregador, possibilidades reais de aumento de margem
com taxas mais baixas e mais clientes novos.
Foi pensando nisso que desenvolvemos nosso sistema, o Let’s
Delivery Max, para controlar o delivery e a gestão do restaurante, pensando em
solucionar problemas do dia a dia que atuamos com tecnologia para criar uma
experiência única e amigável para que o restaurante não precisasse mais
gerenciar múltiplas plataformas e sim consolidasse sua gestão em um único
lugar.
É claro que o Max faz mais do que isso, e além de integrar
todas as plataformas você terá relatórios integrados e outras funcionalidades
exclusivas. Nosso compromisso sempre foi com o bem-estar do mercado e nesse
exato momento, reforçamos nossa posição ao permitir que os restaurantes
utilizem nossa plataforma de graça, até o final de fevereiro.
Em resumo, o cenário é preocupante para todos os donos de restaurantes
e consumidores, se a moda pega e outros concorrentes jogarem a toalha, teremos
um mercado muito concentrado e pouco competitivo, o que torna o líder mais do
que nunca um “fazedor de preços” (do inglês price maker) e isso muda tudo.
Portanto, não espere esse cenário acontecer para mudar seu jeito de trabalhar.
Fonte: exame.
Foto: Divulgação/Uber Eats
UGT - União Geral dos Trabalhadores