16/03/2022
O setor de serviços variou -0,1% na passagem de dezembro
para janeiro, após acumular um ganho de 4,7% nos dois últimos meses do ano
passado. Com o resultado de janeiro, o setor ficou 7,0% acima do patamar
pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e está operando em nível pouco
abaixo de agosto de 2015. No entanto, o setor ainda se encontra 5,2% abaixo do
pico da série, registrado em novembro de 2014. Os dados são da Pesquisa Mensal
de Serviços (PMS), divulgada hoje (16) pelo IBGE.
“Nesse processo de recuperação que o setor de serviços vem
apresentando desde junho de 2020, há um predomínio absoluto de taxas positivas:
são 15 positivas contra 5 negativas, ou seja, uma larga base de comparação, o
que faz com que, vez ou outra, o setor mostre algum tipo de acomodação”,
explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo. Ele destaca, no entanto, que ainda
não é possível saber se o resultado marca um ponto de inflexão da série ou
apenas uma tomada de fôlego.
Três das cinco atividades investigadas tiveram retração no
mês de janeiro, com destaque para serviços de informação e comunicação (-4,7%),
que recuaram pelo segundo mês consecutivo. Com isso, a atividade se coloca num
patamar 7,3% acima de fevereiro de 2020 e 4,9% abaixo do ponto mais alto da
série, em novembro de 2021. Nessa atividade, o segmento de tecnologia da
informação caiu 8,9%, e o de telecomunicações, -1,1%.
“O segmento de tecnologia da informação contribuiu decisivamente
para o resultado de -0,1% do setor de serviços. É o segmento que mais se
destaca desde janeiro de 2011, com aumento do ritmo de crescimento a partir de
maio de 2020, alcançando em dezembro de 2021 o ponto mais alto da série. Apesar
dessa queda, o saldo dos últimos 3 meses ainda é positivo em 2,4% e, em relação
ao patamar pré-pandemia, o segmento está 35,9% acima”, contextualiza Lobo.
Por outro lado, ainda dentro do setor de serviços de
informação e comunicação, o segmento de telecomunicações não só se encontra
abaixo do nível de fevereiro de 2020 (-5,6%) como também atingiu, em janeiro, o
piso de sua série, isto é, está 18,1% abaixo de outubro de 2014. Lobo destaca
que esse segmento é o de maior peso na pesquisa, dentre as 166 atividades de serviços
investigadas.
O segundo impacto negativo, em termos setoriais, veio dos
serviços prestados às famílias. “O setor foi o mais afetado pela pandemia em
função de seu caráter de atividades presenciais e vem mostrando um processo de
recuperação consistente. Mesmo com a queda de 1,4% em janeiro, o saldo ainda é
largamente positivo desde que se iniciou o processo de recuperação, em junho de
2020”, avalia Lobo. A atividade emplacou uma sequência de nove taxas positivas,
com um crescimento acumulado de 60% entre abril e dezembro do ano passado.
Apesar disso, ainda se encontra 13,2% abaixo de fevereiro de 2020 e 23,3%
abaixo do ponto mais alto da série, em outubro de 2013.
Com queda de 1,1%, os outros serviços tiveram o terceiro
impacto negativo, com destaque para administração de fundos por contrato ou
comissão e corretoras de seguros, de previdência complementar e de saúde. A
atividade está 0,6% abaixo do patamar pré-pandemia e 11,5% abaixo do ponto mais
alto da série, registrado em agosto de 2011 e em janeiro de 2012.
Já pelo lado das altas, o destaque ficou com os transportes,
que cresceram 1,4% em janeiro, terceiro resultado positivo seguido, acumulando
aumento de 6,6%. A atividade, que atingiu o ponto mais baixo da série em abril
de 2020, está 13,1% acima de fevereiro de 2020 e 2,7% abaixo do pico da série,
em fevereiro de 2014. “Esse crescimento vem do transporte rodoviário de carga e
da parte de logística de transporte e armazenagem de mercadoria, muito por
conta do boom do comércio eletrônico, trazendo o setor de transporte para o
maior nível desde novembro de 2014”, destaca Lobo.
Também com alta, os serviços profissionais, administrativos
e complementares cresceram 0,6%, com uma sequência de três taxas positivas,
acumulando ganho de 5,3%. A atividade encontra-se 1,4% acima do patamar de
fevereiro de 2020 e 19,5% abaixo do ponto mais alto de sua série, em julho de
2012 e setembro de 2014
Em relação a janeiro de 2021, o setor de serviços cresceu
9,5%, com alta em todas as atividades. “Essa é a 11ª taxa positiva seguida,
ainda em função de uma baixa base de comparação”, complementa Lobo.
Regionalmente, 12 das 27 unidades da federação tiveram
retração no volume de serviços entre dezembro e janeiro, com impacto mais
importante vindo do Distrito Federal (-9,1%), Rio de Janeiro (-1,2%) e Minas
Gerais (-1,9%). Em contrapartida, São Paulo (0,6%) e Goiás (4,5%) registraram
os principais avanços.
Atividades turísticas crescem 1,1% em janeiro
O índice de atividades turísticas cresceu 1,1% frente a
dezembro, oitava taxa positiva nos últimos nove meses, acumulando ganho de
69,6%. Contudo, o segmento de turismo ainda se encontra 9,7% abaixo do patamar
de fevereiro do ano retrasado
O índice tem um perfil semelhante ao dos serviços prestados
às famílias, pois muitas das atividades que compõem o indicador vêm desse
segmento. “Esse mês, no entanto, as atividades turísticas não seguiram o
movimento de queda dos serviços prestados às famílias, devido ao crescimento do
segmento de transporte aéreo, que mais que compensou as perdas vindas dos
restaurantes”, observa o pesquisador.
Mais sobre a PMS
A PMS produz indicadores que permitem acompanhar o
comportamento conjuntural do setor de serviços no país, investigando a receita
bruta de serviços nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas
ocupadas, que desempenham como principal atividade um serviço não financeiro,
excluídas as áreas de saúde e educação. Há resultados para o Brasil e todas as
unidades da Federação. Os resultados podem ser consultados no Sidra.
Fonte: Agência IBGE
Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE
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