09/03/2022
Setor fica abaixo do patamar antes da pandemia
A produção industrial recuou 2,4% em janeiro de 2022 frente
ao mês anterior, eliminando, assim, grande parte da expansão de 2,9% de
dezembro de 2021. Com o resultado, a indústria está 3,5% abaixo do patamar de
antes do início da pandemia de covid-19, em fevereiro de 2020, e 19,8% abaixo
do nível recorde alcançado em maio de 2011. Em relação janeiro de 2021, a queda
foi de 7,2%.
Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada hoje
(9), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
“Verificamos que o mês de janeiro está bem caracterizado
pela perda de dinamismo e de perfil disseminado de queda, uma vez que todas as
grandes categorias econômicas mostram recuo na produção, tanto na comparação
com o mês anterior quanto na comparação com janeiro de 2021”, disse, em nota, o
gerente da pesquisa, André Macedo.
Segundo ele, a expansão verificada em dezembro de 2021 pode
ter relação com a antecipação da produção, porque janeiro é um mês marcado por
férias coletivas.
Observou que o comportamento negativo do setor industrial
registrado em janeiro é algo que já vem sendo observado há mais tempo, com o
ano de 2021 tendo registrado oito taxas negativas.
“Até no indicador acumulado dos últimos 12 meses, no qual a
indústria permanece em crescimento, com expansão de 3,1%, os avanços perdem
cada vez mais a intensidade. Em agosto de 2021, a taxa chegou a 7,2%. Em
setembro, foi para 6,5%, 5,7% em outubro, 5% em novembro e 3,9% em dezembro”,
afirmou Macedo.
Maioria das atividades em queda
Na comparação com dezembro de 2021, 20 das 26 atividades
industriais pesquisadas tiveram queda na produção. Frente a janeiro de 2021, 18
registraram recuo.
“A indústria vem sendo afetada pela desarticulação das
cadeias produtivas por conta da pandemia, tendo no encarecimento dos custos de
produção e na dificuldade para obtenção de insumos e matéria-prima para a
produção do bem final, características importantes desse processo. Além disso,
os juros e a inflação em elevação, juntamente com um número ainda elevado de
trabalhadores fora do mercado de trabalho, ajudam a explicar o comportamento
negativo da indústria”, avaliou Macedo.
Segundo o IBGE, entre as atividades, as influências
negativas mais importantes na passagem de dezembro de 2021 para janeiro de 2022
foram registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-17,4%) e
indústrias extrativas (-5,2%), após acumularem expansão de 18,2% e de 6% nos
dois últimos meses de 2021, respectivamente. Frente a janeiro de 2021, essas
atividades foram as que mais impactaram negativamente o índice geral, com queda
de 23,5% na primeira e de 6,7% na segunda.
“O segmento de veículos automotores é um exemplo importante
de desarticulação da cadeia produtiva, já que tem dificuldades na obtenção de
insumos importantes para a produção do bem final. Já o setor extrativo, em
janeiro de 2022 teve a extração do minério de ferro bastante afetada pelas
chuvas em Minas Gerais”, disse o gerente da pesquisa.
Fonte: Agência Brasil
UGT - União Geral dos Trabalhadores