23/08/2021
“Ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar possibilidades para sua produção ou sua construção” – Trecho da frase
de Paulo Freire sobre a importância da formação e educação.
E
é com essa compreensão que a União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria
com o Instituto Solidarity Center (AFL-CIO), continua o Curso de Formação
Político-sindical para dirigentes da região sudeste, pois, nesse momento, o conhecimento
e a formação adquirem um importante papel na luta sindical e dos
trabalhadores/as.
No
terceiro dia do Curso, foram debatidos Temas cruciais à luta. O primeiro tratou
“As Reformas do Governo Federal (Trabalhista, Previdenciária, Administrativa,
entre outras), e os Impactos e Reações dos Sindicatos “, ministrado pelo sociólogo,
consultor técnico das Centrais Sindicais, professor e ex-diretor técnico do
DIEESE, Clemente Ganz Lúcio, e mediado pelo Presidente do Sindicato dos
Bancários de Cascavel e Região, Gladir Basso.
O
segundo Tema foi sobre a “Participação Sindical na Política: Noções Básicas do Processo
Eleitoral, Alternativas como Mandato Coletivo; Conhecer o papel do Legislativo
e do Executivo de âmbito Municipal, Estadual e Nacional”, que teve como expositor
Antônio Augusto de Queiroz (Toninho) do DIAP e como Mediador o Presidente da
UGT do Ceará e Presidente do Sindgel, Agenor Lopes.
Em
sua intervenção, Clemente Ganz deixa claro que a desregulação do mundo do
trabalho serviu como base para facilitar e favorecer a reorganização do sistema
produtivo; e a redução do custo do trabalho para favorecer a competição
globalizada. E que as reformas neoliberais do governo Bolsonaro têm como
objetivos ampliar os espaços ocupados pelo Mercado e reduzir o papel do Estado
ao mínimo, promovendo a maior desigualdade social já vista no país, escancarada
durante esse período de Pandemia do Coronavírus.
Na
opinião de Clemente Ganz, as saídas futuras devem considerar o mundo em que
estamos vivendo, de grandes dificuldades políticas e econômicas, além das
impostas pela Crise Sanitária no mundo. Para ele, é fundamental recolocar o
papel do Estado como Coordenador das
estratégias econômicas gerais; Articulador de estratégia de desenvolvimento
produtivo induzido; pela industrialização, considerando os avanços da tecnologia
e inovação, difundidas para todas as atividades; um Estado Investidor público e
que mobiliza investimentos privados; animador da demanda e indutor de
investimento privado pelo poder de compra; Indutor institucional do diálogo
social para a pactuação social; Promotor de políticas pró equidade; entre
outras funções sociais que o Estado deve desempenhar.
Neste
sentido, os desafios do Movimento Sindical são as lutas para conquistar um Projeto
de Desenvolvimento com Centralidade no Trabalho; por Geração de Emprego de Qualidade
e na Quantidade da Demanda; de Crescimento da Renda do Trabalho; de Valorização
da Negociação Coletiva e de Fortalecimento dos Sindicatos.
Para
Clemente, em um mundo do trabalho em transformação, as respostas imediatas dos
sindicatos devem considerar a importância de agregar os trabalhadores e suas
entidades representativas, da cooperação, da solidariedade, da união das forças
progressistas, de proteção aos direitos, e de lutar pela geração da seguridade
social pública e solidária. Portanto, é fundamental que os dirigentes
sindicais, os trabalhadores/as e a sociedade compreendam o que está em jogo,
pois, caso contrário, não será possível reverter essa drástica situação em que
estamos submetidos.
Política Nacional, Sindicatos
e Trabalhadores!
O diretor do DIAP, atualmente licenciado para terminar
sua especialização, Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, como é conhecido no
Movimento Sindical, disse em sua palestra que para falar sobre a participação
sindical na Política, é necessário contextualizar as forças em disputa na
sociedade e, principalmente, compreender o que é a política e para que serve,
além de falar das conquistas do processo civilizatório, que resultaram ou que
foram produto de decisão política. Além disso, é preciso compreender como
funciona o sistema social, com seus três setores, além de conhecer o conceito
de política, para atuar com clareza sobre os atores em disputa ou cooperação no
jogo político e eleitoral.
Mas, o que é política? A política foi a forma
que a civilização encontrou para mediar e resolver, de forma pacífica e
democrática, os conflitos e contradições que os indivíduos, na sociedade, não
podem nem devem resolver diretamente com fundamento na força, sob pena de
retorno da barbárie. É por meio da política que se definem as preferências, as
prioridades e se escolhem as pessoas que serão eleitas para implementar a
vontade do povo.
A essência da política é o ser humano. O ser
humano – possuidor de inteligência, livre arbítrio e detentor de valores e
espírito de agregação – é um agente político por natureza porque é o sujeito e
o artífice de sua própria história. Portanto, a política é inerente ao ser
humano e imprescindível para a paz social e para o bom governo.
O sistema social de qualquer país democrático
está estruturado em três setores: Estado, Mercado e Sociedade Civil. O
primeiro setor, o Estado, é formado pelos entes estatais e tem por
finalidade administrar o uso de bens públicos para fins públicos. O segundo
setor, o Mercado, por sua vez, é formado por agentes econômicos privados,
se pauta pela lei da oferta e da procura e tem a primazia da competição. E o
terceiro setor, a Sociedade Civil, formada por organizações e movimentos
não governamentais ou privados, tem a primazia das ações públicas não estatais.
Como se depreende desses conceitos, o
movimento sindical está no terceiro setor, e faz parte do quarto estágio de
atuação da sociedade civil. Ele tem função principal à defesa dos direitos e
interesses da classe trabalhadora, organizando e buscando solução para os seus
problemas, especialmente no aspecto da distribuição de renda.
Participar do Processo
Político é Essencial aos Trabalhadores!
As Consequências dessas políticas neoliberais
implementadas pelo governo Bolsonaro e pelo Congresso Nacional são graves e
ameaçam o presente e o futuro do Brasil enquanto nação, pois, tem como
resultado, um Estado fraco para coordenar um Projeto Nacional de
Desenvolvimento; um baixo crescimento econômico, com baixo incremento da
produtividade; a queda na qualidade do desenvolvimento social; uma crise
ambiental crescente; o aumento das desigualdades, as crises políticas e sociais
e respostas autoritárias e regressivas.
Diante desse caos, é preciso que os sindicatos debatam com os trabalhadores/as, dando-lhes consciência da importância de se tornarem agentes do processo político em curso e, principalmente, incentivem a participação efetiva no processo eleitoral, com candidaturas dessa parcela da população, pois é urgente as mudanças na presidência do país, bem como na composição do Congresso Nacional para evitar a barbárie. Sem essas mudanças, o Brasil estará condenado a ter que conviver com o aumento do desemprego, da carestia de vida, da ampliação da miséria, da fome e sem quaisquer respeitos aos direitos trabalhistas, sociais e democráticos.
UGT - União Geral dos Trabalhadores