04/08/2021
O Seminário dos Povos Indígenas, realizado
pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria com o Instituto
Solidarity Center, através da Secretaria de Organização e Formação
Político-sindical com o apoio da Secretaria de Povos Indígenas da UGT conta com
a participação de mais de 20 etnias indígenas de 15 estados, do Distrito
Federal, além de representantes da CSA, de inúmeros dirigentes nacionais da
Central e acadêmicos.
Tendo como tema central “Aliança UGT e
Povos Indígenas: Fortalecendo a Autonomia e Protagonismo”, o evento que acontece
dos dias 02 a 04 de agosto, aborda as dificuldades e os ataques que essa
população vem sofrendo com a política de extermínio implementada pelo governo
federal e seus principais órgãos de sustentação.
Para Ricardo Patah, presidente da UGT
Nacional, a questão indígena é uma das prioridades da Central, desde a sua
fundação, onde já foram realizadas várias Ações junto ao poder público e as
entidades representativas dos trabalhadores e da sociedade, no sentido de
contribuir com a autonomia, o respeito à cultura, às terras, costumes e do
direito à vida.
Chiquinho Pereira, Secretário de
Organização e Formação Político-sindical, fez questão de ressaltar na sua fala
que essas drásticas ofensivas à população indígena é fruto da política desumana
que o governo Bolsonaro tem implementado em todo o país, visando atender aos
interesses das grandes empresas e do sistema financeiro. “Uma coisa é certa,
esse governo nunca fez qualquer política ou ação que beneficiasse a população
brasileira ou o desenvolvimento do país. Ao contrário, ele aposta na destruição
do Estado, dos direitos e da vida dos mais pobres.
O professor Erledes Elias da Silveira,
Coordenador Executivo da Secretaria de Organização e Formação Político-sindical
e a filósofa, Marina Silva, coordenadora do Seminário, registram que essa
atividade ocorre no momento onde o governo federal tenta acabar com os
costumes, as culturas, as terras e a sobrevivência das populações indígenas.
PARTICIPAÇÃO DA LÍDER INDÍGENA SÔNIA
GUAJAJARA E ANTÔNIO AUGUSTO DE QUEIROZ (TONINHO DO DIAP)
Em sua exposição, a líder indígena, Sônia
Guajajara falou sobre as inúmeras dificuldades que as populações indígenas têm
sofrido com a atual política de Bolsonaro, especialmente durante a pandemia do
Coronavírus, onde as principais vítimas são as mulheres indígenas, muitas delas
responsáveis pelo sustento de suas famílias.
Sônia Guajajara registra, ainda, que a
grande ameaça recai sobre todas as nações e etnias, vitimadas pelos inúmeros
Projetos de Lei, alguns já aprovados no Congresso Nacional, como a privatização
da Eletrobras, e outros tantos que se encontram em tramitação no parlamento
brasileiro como, por exemplo, o que acaba com as demarcações das terras
indígenas, o que permite e oficializa a grilagem e a mineração em seus territórios.
Antônio Augusto de Queiroz, Diretor do
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), relata que, com
base em discurso e propostas hostis às minorias,
liderados pelo presidente da República, seus auxiliares mais próximos e por
parcela expressiva do Congresso Nacional, houve uma espécie de licença para
ataques ao meio ambiente, aos direitos sociais e aos direitos humanos, tanto na
sociedade quanto no Congresso e nos diversos órgãos do governo federal.
Para ele, o grau de abrangência desses ataques, em
decorrência de ação ou omissão governamental e do próprio Estado brasileiro, as
práticas das violências mais comuns na área de direitos humanos e sociais são
assustadoras, tais como: a violência e a ocupação de terras indígenas; a ampliação
da exploração do trabalho infantil e do trabalho análogo a escravidão; a
ampliação das desigualdades de gênero entre homem e mulher; a violência de
gênero, doméstica e familiar; a violência contra os direitos de gays, lésbicas,
bissexuais e transgêneros; e o desmonte da proteção social, dos direitos
trabalhistas e previdenciários.
A política ambiental do governo Bolsonaro tem deixado um rastro de
destruição, o que tem causado o desmatamento sem controle, sob a liderança de
madeireiros, mineradores, garimpeiros e do agronegócio; o uso exagerado de
agrotóxicos nas plantações; o desmonte dos órgãos ambientais, como o Ibama e o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; e o esvaziamento dos
órgãos de proteção aos indígenas, como a Funai.
Para Toninho
do DIAP, esses tipos de postura e de visão de mundo refletem o perfil e a
composição do governo e do Congresso, que podem ser classificados como liberal,
do ponto de vista econômico; fiscalista, do ponto de vista da gestão;
conservador, do ponto de vista dos valores; e atrasado em relação ao meio
ambiente e aos direitos humanos e sociais.
Historicamente, os povos indígenas têm sido discriminados, perseguidos, ameaçados, vítimas de doenças e agredidos, inclusive com o assassinato de suas lideranças, mas nos governos Michel Temer e Bolsonaro esse quadro se agravou. Não se trata apenas de omissão e conivência com essa situação, mas, em alguns casos, de ação deliberada do próprio governo, além de seu apoio quase que incondicional às ações dos adversários das causas indígenas, inclusive no patrocínio de propostas de desmonte das políticas públicas e dos órgãos de proteção aos povos das florestas. Relata Toninho.
UGT - União Geral dos Trabalhadores