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A histórica luta das mulheres


17/03/2021

O Dia Internacional da Mulher remonta ao século XVIII, período de grandes transformações no processo produtivo que culminaram na Revolução Industrial, que promoveu mudanças radicais nas relações de trabalho e levou à intensificação da luta por direitos.

Naquela época as operárias exerciam jornadas de trabalho tão longas que chegavam a 17 horas diárias. E as condições eram de insalubridade, ameaças sexuais e de espancamentos.

O descontentamento das trabalhadoras era grande e fazia pipocar manifestações. Em uma destas manifestações, ocorrida no dia oito de março de 1857, cento e vinte e nove operárias da fábrica de tecidos Cotton, em Nova Iorque, paralisaram os trabalhos pelo direito a uma jornada de 10 horas.

A violência com a qual elas foram reprimidas foi tão grande que ficou marcada em nossa história. Acuadas pela polícia, as operárias se refugiaram nas dependências da fábrica, e foram trancadas pelos patrões e pela polícia que, depois de trancar atearam fogo à fábrica, matando carbonizadas todas as tecelãs.

Sessenta anos depois, em março de 1917, tecelãs russas, utilizando o simbolismo da data, entraram em greve contra o czar Nicolau II e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial. A força daquelas mulheres precipitou movimentos que marcaram o início da Revolução Socialista na Rússia, há cem anos.

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Mulheres russas marcham, em 1917, em protesto à tragédia de 1857.

O 8 de março passou a ser celebrado como o Dia da Mulher até a década de 1920. Depois a data caiu em esquecimento. Na década de 1960 o movimento feminista recuperou este dia como o Dia Internacional da Mulher, e em dezembro de 1977 a Organização Nações Unidas reconheceu oficialmente a data.

A evolução da luta das mulheres

Dois anos antes do reconhecimento pela ONU do Dia Internacional da Mulher, uma Conferência Mundial na Cidade do México, patrocinada pela ONU e assistida por oito mil mulheres representantes de 113 países, definiu o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher.

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Este grande acontecimento na luta pelos direitos da mulher fomentou o surgimento de novas organizações e instituições voltadas à igualdade de gênero.

No Brasil, em 1979 ocorreu o Primeiro Congresso da Mulher Metalúrgica de São Paulo.

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Caderno do 1º Congresso da Mulher Metalúrgica

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Em 1985 muitas mulheres participaram da campanha pela redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais. No ano seguinte aconteceu o Primeiro Congresso da Mulher Trabalhadora, como desdobramento da Primeira Conclat, de 1981.

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Desde então a luta só cresceu

A campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, por exemplo, iniciada em 25 de novembro de 1991, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, mobiliza anualmente diversos atores da sociedade civil e poder público a fim de alertar a sociedade sobre diversas formas de violência contra mulheres. No Brasil a campanha acontece desde 2003, com a participação de diversas entidades do movimento social e do movimento sindical.

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16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, dezembro de 2015 – Foto: Erica Aragão

Outra iniciativa que se soma a esta luta foi a criação Comissão de Mulheres da Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul, em 1997, com o objetivo de analisar os impactos das mudanças econômicas, políticas e sociais sobre o trabalho das mulheres.

Em 2000 foi iniciada a primeira Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Sob o lema “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista” o movimento se iniciou no Dia Internacional da Mulher, oito de março e terminou em 17 de outubro, com a adesão de seis mil grupos de 159 países e territórios.

No Março Mulher de 2012, por exemplo, as manifestações começaram com uma grande passeata pelas ruas da região central da cidade de São Paulo, com as centrais sindicais – Força Sindical, CTB, CGTB, CUT, NCST e UGT – diversas entidades de movimentos sociais, movimentos estudantis, movimentos feministas e de moradia. Naquela manifestação as mulheres, gritaram palavras de ordem como: “Mulheres na luta contra a opressão. Abaixo o machismo e a exploração” e “Eu não sou miss, nem avião, minha beleza não tem padrão”, reivindicaram a obrigatoriedade da licença-maternidade de 180 dias, a aprovação do PL da Igualdade – Projeto de Lei que prevê a igualdade no mundo do trabalho, a ratificação da convenção 189 da OIT que trata dos direitos das trabalhadoras domésticas, o fim da violência contra a mulher com a implementação da Lei Maria da Penha e o fim do tráfico de pessoas.

Em 2014 outra ação muito importante marcou a luta das mulheres. Como parte de ações mundiais no combate ao câncer de mama o Sindicato da Saúde promoveu a 1ª Caminhada Outubro Rosa. Claro que a Secretaria da Mulher se fez presente. O movimento Outubro Rosa, que começou em 1997 nos Estados Unidos, é uma campanha global de conscientização para alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, o mais comum entre as mulheres em todo o mundo.

A luta é necessária

A situação que vivemos desde 2016, com o governo Michel Temer, é muito grave. Não só houve uma perda de direitos, com a reforma trabalhista, a maior perda de direitos da história, como, o que é pior, chegamos a recordes de informalidade e desemprego, não só pela pandemia, mas pela política adotada. E quando a situação social está ruim, para as mulheres está pior.

Em novembro a taxa desemprego geral era 14,6%. Esse número era de 12,8% para os homens e 16,8% para as mulheres. No dia 4/3/21, o IBGE divulgou uma pesquisa que mostra que mais da metade das mulheres que tem crianças de até 3 anos estão fora do mercado, 54,6%. Isso sem falar no aumento da violência doméstica e dos casos de feminicídio durante a pandemia. A situação da mulher hoje no mercado ainda é de fragilidade. Mas seria muito pior se não fosse uma história de lutas e de conquistas que nos orgulhamos de lembrar.

Fonte: Centro de Memória Sindical




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