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Construção civil recruta cortador de cana


05/10/2010

O nível de emprego na construção civil é recorde e as construtoras já começam a contratar mulheres e trabalhadores egressos do corte da cana-de-açúcar para atenuar o déficit de mão de obra no setor. A informação é de matéria publicada recentemente pelo jornal O Estado de São Paulo" salientando que a falta de pedreiros, carpinteiros, pintores e azulejistas nos canteiros de obras, por exemplo, pode chegar a 80 mil trabalhadores neste ano em todo o País.

Os cálculos são do diretor de Economia do Sinduscon-SP, (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) Eduardo Zaidan.Em julho, 2,771 milhões de trabalhadores com carteira assinada estavam empregados na construção civil, marca jamais atingida, revela o estudo do Sinduscon-SP, feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) com base nos dados do Caged ( Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Além do recorde em números absolutos de trabalhadores, as taxas de crescimento no emprego neste ano até julho e em 12 meses são robustas, de 12,79% e 16,67%, respectivamente.

Para a UGT (União Geral dos Trabalhadores), segundo seu Secretário Nacional da Agricultura Familiar, Gilberto Rodrigues Gonzalez, isso aponta como uma boa oportunidade para esses trabalhadores rurais em galgarem melhores posições no difícil mercado de trabalho, especialmente para aqueles cortadores de cana que não tiveram a saúde debilitada pelos sacrifícios a que são obrigados a dedicar no corte de cana. "Me parece importante essa iniciativa da indústria da construção civil dando uma oportunidade a esses trabalhadores de aprender uma nova profissão e com isso obterem salários mais dignos", explica Gilberto Rodrigues.

O dirigente do sindicato patronal da construção civil cita que o ritmo de crescimento do emprego em 12 meses até julho, do setor imobiliário(18,04%) supera o de infraestrutura (12,05%) em igual período. Isso representa um forte indicador de que a construção civil continuará aquecida por um bom tempo e que a demanda pela mão de obra para serviços de prepara ração de terrenos cresceu 10,6% nos últimos 12 meses, informa Zaidan, lamentando que um dos obstáculos para a sustentação desse ritmo seja a escassez de trabalhadores.

Em Ribeirão Preto, pólo produtor de cana-de-açúcar, a construtora Copema , por exemplo, tem ex-cortadores de cana em seus canteiros de obras. Segundo Marcelo Henrique Dinamarco, encarregado do departamento de Recursos Humanos da empresa, entre 60% e 65% dos trabalhadores que exercem funções em suas obras e foram contratados por empreiteiras vieram do corte da cana-de-açúcar. Além da mão de obra fornecida por empreiteiras, os ex-cortadores de cana representam cerca de 25% dos trabalhadores contratados diretamente pela construtora. "Se nós não tivéssemos essa oferta de ex-cortadores de cana, o déficit de mão de obra na construção seria maior", calcula o encarregado.

Embora não disponha de dados estatísticos oficiais, o Secretário da Agricultura Familiar da UGT, diz que uma boa parte do pessoal que atua no corte de cana já tem alguma experiência no ramo da construção civil, "pois saíram de suas cidades no Norte e Nordeste brasileiro justamente por falta de trabalho e foram forçados a se aventuraram na agricultura canavieira para a sobrevivência deles e de suas famílias e centenas se encontram desempregados devido a mecanização do corte de cana", esclarece Roberto Rodrigues Gonzalez.

Esses cortadores de cana, conforme o dirigente da UGT podem muito bem serem aproveitados em funções de pedreiro de assentamento, pedreiro de acabamento, azulejista, armador, carpinteiro e outras. "Isso é muito gratificante, pois nossos trabalhadores do corte da cana tem outras perspectivas no campo de trabalho e sonham um dia deixar de uma vez por toda aquele árduo e sofrido trabalho braçal dos canaviais", ressalta Gilberto.

Contudo, o secretário Gilberto Rodrigues Gonzalez diz que é preciso ver se esses trabalhadores absorvidos pela construção civil têm seus direitos trabalhistas assegurados, como salários dignos, registro em carteira e outras obrigações contidas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). "Não seria correto, por exemplo, utilizar essa mão de obra na informalidade e por salários bem abaixo daqueles pagos no mercado", adverte Rodrigues.

O representante da UGT acredita que a solução para o problema do alto índice de desemprego no setor rural não será equacionada pela indústria da construção civil. "Temos que pensar seriamente numa reforma agrária competente e operante nessas regiões canavieiras aonde a cultura da cana vem tomando conta de enormes espaços de terra não deixando sequer um pedaço para a agricultura familiar", conclui Gilberto Rodrigues Gonzalez.

Arlindo Ribeiro/Imprensa UGT

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

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