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A Organização Sindical na atualidade e Panorama das negociações coletivas em 2020


24/11/2020

No segundo dia do Curso de Formação Político-sindical promovido pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria com o Solidarity Center/ AFL-CIO, o professor e sociólogo, Clemente Ganz Lúcio, assessor técnico das Centrais Sindicais e ex-diretor técnico do DIEESE, abordou duas questões que são vitais para o Movimento Sindical Brasileiro: Os Desafios Sindicais na atualidade e um Balanço das Negociações Coletivas realizadas em 2020 no país.

 

Clemente aponta as profundas mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho, como consequência das alterações realizadas pela economia capitalista, que deixa de investir seus lucros no processo produtivo e passa a destinar boa parte deles aos acionistas das empresas, fortalecendo, em larga escala, o capital financeiro.

 

Outra mudança de grande significado para os trabalhadores e suas entidades representativas diz respeito ao avanço tecnológico que, proporciona as empresas a substituir a força de trabalho humana pelas máquinas, particularmente com uso da inteligência artificial, ocasionando o fim de inúmeras profissões e, consequentemente, a perda de postos de trabalhos.

 

Adicione a esses fatores a implementação de uma política voltada para atender, quase que exclusivamente, os interesses das grandes corporações e ao capital financeiro, como vem sendo adotada pelo atual governo brasileiro, onde as mudanças sofridas no mundo do trabalho são de grandes proporções e o Movimento Sindical Brasileiro, infelizmente, não estava preparado para responder as drásticas transformações ocorridas na relação capital e trabalho, perdendo sua capacidade de garantir e ampliar a devida proteção necessária aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do nosso país.

 

E nesse cenário, além das alterações nas formas dos contratos de trabalho impostos pela famigerada Reforma Trabalhista como, por exemplo, o contrato intermitente e o teletrabalho, os brasileiros são obrigados a amargarem as mais perversas formas de contrato, alguns chegando a vigências mensais, semestrais e até diárias, ocasionando perdas como direito ao 13º Salário, Férias, FGTS e até o direito à aposentadoria.

 

Mudanças profundas e urgentes são necessárias

 

As mudanças no mundo do trabalho e as alterações que estão em curso nas relações capitalistas, impõem, ao Movimento Sindical, novas formas de luta e atuação. Não é mais possível pensar a política e a organização das entidades sindicais como se existissem, por exemplo, trabalhadores assalariados clássicos. Hoje, o mundo do trabalho caminha para as mais variadas formas de relação capital e trabalho, onde o processo de produção será realizado por máquinas, e a inteligência artificial já é uma realidade.

 

Muitas profissões deixarão de existir, assim como muitos postos de trabalho. A tendência é o aprofundamento do desemprego estrutural e, lamentavelmente, o surgimento de um grande número de trabalhadores autônomos sem qualquer proteção trabalhista.

 

A pergunta que o Movimento Sindical precisa responder é como irá se organizar para defender os interesses desses trabalhadores. Enfrentar a perversa realidade que os sindicatos passam hoje é compreender que, independentemente da nossa vontade, o mundo do trabalho mudou, os trabalhadores vivem uma nova e triste realidade nas suas relações trabalhistas e, portanto, é preciso pensar e executar a política e a organização sindical de maneira que responda aos anseios e necessidades desses trabalhadores.

 

O Movimento Sindical Brasileiro precisa sair do quadrado, alterar e ampliar sua relação com a sociedade, conhecer o dia a dia dos trabalhadores estudando novas formas de organizá-los, adotar novas formas de unificação e, principalmente, entender que essa realidade não será alterada pela realidade do passado. É preciso se preparar para enfrentar a nova dinâmica imposta à vida de todos nós, gostemos ou não.

 

Grandes dificuldades nas Negociações Coletivas em 2020

 

Se a Reforma Trabalhista ocorrida em 2017 já apresentava um retrocesso aos direitos trabalhistas, com a pandemia do novo coronavírus as empresas tiveram força e organização o suficiente para impor piores e maiores derrotas aos interesses básicos dos trabalhadores. O fechamento de inúmeras empresas, a diminuição da garga horária de trabalho com diminuição dos salários, a implantação do trabalho em home office e ameaça do galopante desemprego são alguns dos elementos que dificultaram resultados positivos para os trabalhadores nas Negociações Coletivas. Pouquíssimas categorias conseguiram aumento real, muitas tiveram perdas salariais e outras foram forçadas a amargarem a perda de direitos históricos.

 

Diante de tamanha dificuldade, cabe aos sindicatos encontrarem formas de negociações que garantam a preservação dos direitos e a participação coletiva dos trabalhadores, pois as empresas e o governo investem na relação e participação dos mesmos de maneira individual, se aproveitando da fragilidade do trabalhador no embate direto com os patrões. Promover ações que mostrem aos trabalhadores e trabalhadoras a importância dos sindicatos na luta em defesa dos seus direitos, do emprego e das questões sociais, essenciais à vida.




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