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Fundos renomados reabrem para captação após perda de patrimônio


20/04/2020

Para atrair novos investimentos e evitar saques, gestoras reduzem taxas e aplicação mínima

 

Com a forte perda de patrimônio na crise do coronavírus, fundos de gestoras quase míticas, como Atmos, Bogari, Dynamo e Verde, que estavam fechados para novos investimentos há anos, reabriram para captação.

 

Muitos também reduziram a taxa de administração e os valores mínimos de aplicação, de modo a atrair novos investidores e reter cotistas.

 

Em março, o mercado financeiro global derreteu, na queda mais rápida da história. Investidores e fundos se desfizeram de diversos ativos em uma busca de mais segurança diante da incerteza da extensão dos danos econômicos da pandemia da Covid-19.

 

Nesse cenário, o patrimônio de fundos que têm renda variável na carteira caiu conforme a desvalorização dos ativos. E houve ainda pressão por vender parte dos ativos para pagar clientes que desejavam sair do risco em busca de aplicações seguras na crise.

 

Após o desmonte e com pouco dinheiro para reorganizar a estratégia de investimentos, os fundos reabriram para novas aplicações.

 

"Com captações, os fundos aproveitam para comprar ativos que estão baratos. Geralmente, quando o mercado está muito em alta, é o contrário, ele fecha para não ter que comprar ativos caros", diz Guilherme Ribeiro de Macêdo, doutor em Finanças e professor da UFRGS.

 

Por regra, fundos de ações têm que ter, no mínimo, 67% do patrimônio comprado nessa categoria. Alguns fundos multimercado, que combinam diversos tipos de ativo de renda fixa e variável, também seguem esta política. Ou seja, se o fundo segue captando com o mercado de ações em alta, teria que adquirir papéis a preços relativamente caros.

 

Na mesma lógica, a reabertura dos fundos é limitada. Gestores estipulam um período de poucos dias para novas aplicações ou um valor máximo que planejam captar. Assim que o patamar é atingido, o fundo é fechado novamente. No caso da Dynamo e da Atmos, as metas foram batidas rapidamente.

 

Apesar de ser um fundo voltado apenas a investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras), em dois dias o Dynamo Cougar, que estava fechado desde 2011, teve solicitações de novos investimentos que somaram R$ 1 bilhão. A aplicação mínima era de R$ 300 mil.

 

Os fundos do Verde, presidido pelo renomado Luis Stuhlberger, seguem abertos, com aplicação mínima de R$ 50 mil e sem necessidade de ser um investidor qualificado.

 

Desde 16 de março, a Bogari está com dois fundos de ações abertos. Um eles para investidores qualificados, com aportes mínimos de R$ 300 mil, e outro para o público em geral, a partir de R$ 150 mil. A captação máxima da gestora para os dois é de R$ 400 milhões —metade foi arrecadada.

 

A XP também reabriu três fundos que estavam fechados desde 2018, dois de ações e um multimercado. Após as captações dos três somarem R$ 500 milhões, eles foram fechados novamente.

 

"Fechamos lá atrás porque não queríamos crescer muito e perder a habilidade de performar [entregar rentabilidade]. Chegamos em R$ 5 bilhões de patrimônio e fechamos. Se você é um transatlântico, pode não conseguir fazer uma curva", diz João Luiz Braga, sócio-gestor da XP Asset.

 

Fundos com patrimônio muito elevado são mais difíceis de gerir e podem ter dificuldades de executar a estratégia de investimentos planejada. Quanto mais recursos, maiores e mais variadas tendem a ser as aplicações do fundo, tornando-o menos ágil em vender e comprar ativos, ao mesmo tempo em que encontram falta de liquidez no mercado de capitais brasileiro, ainda pouco desenvolvido.

 

Segundo Braga, a reabertura dos fundos era um pedido de longa data de clientes. "Com a crise, os patrimônios caíram muito e voltamos a ter capacidade para poder abrir."

 

"Nessa crise, os investidores estão com uma postura muito boa, melhor que nas outras crises. Em 2002, 2008 e 2015, se via pânico e pequeno investidor resgatando e saindo machucado [com prejuízo]. O comportamento mudou bastante", diz Braga. Ele aponta, porém, que a maior parte dos investidores são institucionais (outros fundos e empresas).

 

Diante da competitividade do setor, que viu uma explosão de fundos e corretoras nos últimos anos, muitas gestoras baixaram as taxas de administração e os valores de aplicações mínimas, como é o caso da Garin Investimentos.

 

"Baixamos a taxa de 2% para 1,5% neste mês porque conseguimos boa rentabilidade, apostamos na queda do mercado. E, com a Selic baixa, faz sentido desonerar o cotista", afirma Ivan Kraiser, gestor-chefe da Garin.

 

Tradicionalmente, fundos multimercado e de renda fixa têm como objetivo dar um retorno superior ao CDI, que é baseado na taxa básica de juros, atualmente, a 3,75% ao ano. Com juros menores, em tese mais fácil uma performance acima do CDI —e a taxa de 2% passa a ser considerada cara. Fundos multimercado cobram também taxa de performance.

 

Segundo dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), 42 fundos baixaram taxas de administração neste ano.

 

Especialistas apontam que o investimento em fundos requer cautela, especialmente nos de ações e multimercado, que são mais arriscados.

 

"É preciso estudar a natureza dos fundos e escolher bem, pensando sempre no longo prazo, não pode ser um dinheiro para emergência", diz Macêdo, da UFRGS.

 

No caso de fundos que costumam ficar fechados para a aplicação, o objetivo deve ser de prazo ainda maior, já que, após o resgate, não é possível reinvestir neles.

 

De acordo com o professor, fundos multimercado podem estar na carteira de investidores moderados e arrojados, ou seja, que aceitam tomar mais risco. Já os de ações, são indicados apenas para investidores arrojados.

 

Fonte: Folha de SP




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