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Empreendedorismo feminino: a força das mulheres nos negócios


16/03/2020

No Brasil, existem 24 milhões de mulheres empreendedoras, e o país tem a 7ª maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais do mundo

 

Em 2018, dos 52 milhões de empreendedores no Brasil, 24 milhões eram mulheres. O dado é do relatório ‘Empreendedorismo Feminino no Brasil’, divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), em 2019.

 

A publicação também aponta que o Brasil tem a 7ª maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais, num ranking com 49 países.

 

De acordo com o documento, as mulheres empreendem principalmente (44%) por necessidade. E 45% das empreendedoras são “chefes de domicílio”, ou seja, são as principais responsáveis pela renda da família.

 

O relatório ainda aponta questões de desigualdade de gênero: as mulheres empreendedoras têm mais escolaridade, em média, do que os homens, mas ganham 22% a menos.

 

Conheça abaixo negócios que liderados por mulheres que buscam gerar impacto positivo na sociedade.

 

 

 

SE VIRA, MULHER!

Fundado em 2017, o projeto Se Vira, Mulher! é um negócio que busca capacitar mulheres para que elas entendam e executem serviços de manutenção em residências e aparelhos eletrônicos.

 

A empresa, que é voltada exclusivamente para o público feminino, busca promover o empoderamento e combater a desigualdade de gênero através do conhecimento.

 

“De início, não era a intenção abrir um negócio. Porém, através das redes sociais, notei que muitas mulheres não tinham conhecimento sobre instalações domésticas. As mulheres não são incentivadas a aprender, porque essas atividades ainda são tidas como masculinas”, relata Thais Nobre da Silva, fundadora do projeto.

 

A empresária afirma que aprendeu sobre elétrica na faculdade, porém, outras funções básicas aprendeu com o pai, que trabalhava como eletricista e a levava para as obras.

 

Entre os cursos disponíveis na empresa criada por Thais estão marcenaria, elétrica, hidráulica, automobilístico, pintura e papel de parede, revestimentos de parede e piso, e jardinagem. Reparos domésticos e ferramentas serão inaugurados em breve.

 

O valor de cada curso varia entre R$ 120 e R$ 210, e quase 2 mil mulheres já participaram das capacitações. “A gente tenta levar a reflexão para as mulheres de que tudo é possível, principalmente essas atividades simples”, conta. Os cursos são realizados de forma presencial, na cidade de São Paulo (SP), mas há planos para começar a vender cursos online em breve.

 

A empresária ainda afirma que muitas mulheres procuram os cursos por falta de transparência de certos profissionais, já que eles cobram mais caro ou fazem o serviço com uma qualidade menor quando as clientes são mulheres, por julgarem que elas não entendem do assunto.

 

“Muitos profissionais agem de má fé. Isso deixa a mulher insegura, até na questão do assédio. Então, buscamos combater isso através do conhecimento e incentivando a autonomia dessas mulheres”, conclui.

 

LOJA PRETA PRETINHA

A Loja Preta Pretinha produz bonecas inclusivas. Entre as peças que podem ser encontradas na loja, sediada no Alto de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, estão bonecos negros com dreads, trança raiz e black power. Também é possível encontrar brinquedos com síndrome de Down, cegos, amputados, com vitiligo, lábio leporino, obesos e representando diferentes culturas, como indígenas e muçulmanos.

 

A loja foi fundada pelas irmãs e sócias Joyce, Maria Cristina e Lucia Venancio. A inspiração veio da infância, já que elas não se sentiam representadas quando pequenas.

 

“Só existiam bonecas brancas e, quando encontrávamos bonecas negras, elas eram estereotipadas com boca grande, tecido de qualidade inferior e com avental”, conta Joyce, diretora comercial da Loja Preta Pretinha e presidente do Instituto Preta Pretinha, que promove palestras, oficinas e exposições sobre inclusão.

 

A empresária afirma que a avó materna foi fundamental na sua educação e das suas irmãs. Foi ela, inclusive, quem fez a primeira boneca negra para as garotas. “Ela sempre falou muito sobre a importância do nosso papel perante a sociedade e a importância do estudo. Ela disse que poderíamos ser tudo o que quiséssemos, contanto que enfrentássemos os preconceitos. Ela sempre disse que iríamos encontrar dificuldades por sermos negras, mas que deveríamos estar preparadas para qualquer obstáculo”, conta.

 

As irmãs acabaram seguindo rumos diferentes em suas carreiras, mas em 2000 elas se uniram e criaram a loja. Por mês, são produzidos em média 1,2 mil bonecos. Os preços variam de R$ 10 a R$ 200. A loja também produz bonecos personalizados, que são feitos sob medida, e com preços negociáveis.

 

Para ela, um dos desafios de ser empreendedora e mulher negra no Brasil é que a cada dia surge um desafio novo e você precisa provar que é boa o tempo todo. Ela também ressalta que, mesmo em posições de destaque, as mulheres negras são desvalorizadas e recebem menos.

 

“Com as famílias pretas tudo é diferente, porque muitas acabam sendo empreendedoras por necessidade ou para sustentar a família. Os negros precisam ter muita determinação e coragem, e muitas vezes precisam começar o negócio sem nenhum recurso. Tem que ter força de vontade e perseverança para alcançar os seus sonhos”.

 

PROJETO MENINAS NEGRAS

Isabelle Cristina, de 16 anos, nasceu e cresceu no Grajaú, distrito localizado na Zona Sul de São Paulo. Ela é a responsável pelo Projeto Meninas Negras, que busca incentivar meninas e meninos da periferia a buscarem bolsas de estudos em colégios particulares.

 

Sua mãe, Regiane, foi a principal incentivadora dos seus estudos. Com a ajuda da internet, ela aprendeu inglês sozinha e também começou a estudar sobre as condições das mulheres negras no Brasil.

 

“Sempre fui uma mãe preocupada com o futuro da minha família, então eu sempre dei um suporte dentro de casa para que ela pudesse se desenvolver academicamente. Fui ensinando para que ela sonhasse grande, para que dessa forma ela pudesse adentrar todos os ambientes, independentemente da sua cor”, conta Regiane.

 

Assim, a mãe foi aos colégios mais caros de São Paulo em busca de uma bolsa para a filha e conseguiu uma oportunidade. Para elas, um dos passos fundamentais no projeto é trabalhar a autoestima desses adolescentes para que eles criem consciência do seu potencial.

 

A iniciativa utiliza ferramentas tecnológicas gratuitas, como o Hangouts do Google e o Skype, para promover videoconferências em que os participantes estudam disciplinas escolares juntos, e aprendem questões relacionadas ao empreendedorismo.

 

Para Regiane, a transformação social ocorrerá a partir do momento em que a população negra, principalmente a que vive em situação de vulnerabilidade social, ocupe mais espaços.

 

“Trabalhamos com os parâmetros acadêmicos, profissionais e culturais, e fazemos um trabalho de desenvolvimento humano, além de auxiliar na inserção no mercado de trabalho. Iniciamos com meninas negras, mas com o aumento da demanda, acabamos abrindo para outros públicos, então o nosso foco atualmente são meninas e meninos no geral”, diz Regiane.

 

Fonte: https://observatorio3setor.org.br/




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