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Apicultores são quase um quarto dos produtores sem área de Minas Gerais


16/12/2019

Dos mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários levantados pelo Censo Agropecuário 2017, cerca de 1,5% deles tinham produtores sem área, aqueles que não possuem um espaço físico delimitado e se aproveitam de oportunidades oferecidas pelas circunstâncias locais ou pela natureza para produzir.

 

É o caso de uma parcela de apicultores. Dos 77.037 produtores sem área catalogados na pesquisa, 4,5% são de criadores de abelha que produzem mel e própolis para comercialização. Minas Gerais é o estado com mais apicultores nessa condição, são 526, que constituem quase um quarto (23,4%) dos produtores sem área do estado. 

 

Foi para se dedicar a essa atividade que o advogado carioca Rafael Porto largou a empresa multinacional onde trabalhou por 14 anos, deixou sua cidade natal e foi viver em Bom Jardim de Minas, município da Zona da Mata de Minas Gerais. O estado é líder no ranking dos estabelecimentos de apicultores cujos produtores não tem área, abrigando 15,2% do total nacional. Rio Grande do Sul (14,2%), Bahia (13%), Santa Catarina e São Paulo (10,4%) completam as cinco primeiras posições.

 

A vontade de exercer profissionalmente uma atividade ligada ao campo levou Rafael a escolher pela apicultura. Ele mantém suas colmeias em estabelecimentos da região que pertencem a outras pessoas, como fazendas e sítios. “Todos os apicultores que eu conheço fazem isso: deixam as colmeias em terras de terceiros, dando uma parte da produção em pagamento”, explica.

 

Rafael não produz mel, apenas própolis verde, uma substância formada pelas resinas que as abelhas usam para desinfetar e fechar as frestas da colmeia. Ele explica que a opção pela Zona da Mata mineira é por conta da maior concentração da erva conhecida como vassourinha-do-campo ou alecrim-do-campo, da qual as abelhas recolhem essa resina que se transformará no produto. A colheita é feita por coletores alocados nas laterais das colmeias, exatamente onde as abelhas enchem de própolis para fechar o abrigo.

 

A safra vai de novembro a maio, período mais quente e chuvoso do ano, e Rafael vende a própolis verde para entrepostos comerciais. “Eles compram bruto e vendem para quem vai exportar. Uma colmeia boa, bem produtiva, consegue gerar de um a dois quilos dessa resina por ano”, afirma. A própolis verde é usada principalmente no Japão para auxiliar no tratamento de pessoas com câncer.

 

Considerando todos os tipos de produtores sem área, a maior concentração está no Nordeste: o Ceará lidera o quesito com 30,7% do país, seguido por Maranhão, com 22,8% e Piauí, com 10,8%.

 

Quem são os produtores sem área?

 

Um dos gerentes do Censo Agro 2017, o analista do IBGE Marcelo de Souza Oliveira explica que, além dos apicultores, também são considerados produtores sem área os extrativistas (de babaçu ou de seringueiras, por exemplo) e os criadores de animais em beiras de estradas. Ainda estão listados nesta classificação os produtores em vazantes de rios, roças itinerantes e beira de estradas que não mais ocupavam esta área, além do agricultor que produziu no período de referência da pesquisa em terras (arrendadas, em parceria ou ocupadas), mas que não estava com o uso da mesma quando respondeu o questionário. “São produtores que exploram áreas as quais não têm a posse nem o domínio”, esclarece.

 

Para Marcelo, essa tipificação demonstra a universalidade da pesquisa. “Vamos em todos as unidades de produção. É um universo extremamente heterogêneo e abrange todo mundo que produz", finaliza.

 

O Censo Agropecuário de 2017 trouxe uma importância mudança na questão dos produtores sem área: ao contrário do anterior, de 2006, não constou em questionário o produtor empregado/morador que exercia atividade agropecuária na área administração pelo produtor/proprietário. Ou seja, um funcionário que faz sua roça na terra do patrão, por exemplo, não entrou na conta dos produtores sem área em 2017, o que impossibilita a comparação com 2006.

 

Fonte: Agência IBGE




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