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Sintratel realiza Iº Encontro sobre Racismo Institucional e os seus efeitos na Sociedade Brasileira


11/11/2019

Na tarde desta sexta-feira (08), o Sindicato dos Trabalhadores e trabalhadoras em Telemarketing (Sintratel) promoveu o I Encontro para Análise e Percepção sobre a Secularidade do Racismo Institucional e os seus efeitos na Sociedade Brasileira. A atividade, realizada em virtude do mês da Consciência Negra, mostrou-se importante ferramenta para ampliar o debate sobre toda a problemática que envolve os atos de preceito e discriminação que acometem milhares de brasileiros e brasileiras.

 

O Encontro, que aconteceu na sede do Sindicato dos Padeiros de São Paulo reuniu dexenas de pessoas que lotaram o auditório para ouvir as histórias de vida e de superação.

 

Para o evento, o Sintratel convidou Done Oyacy, líder do quilombo de Araras, o Procurador de justiça da justiça, Nadir de Campos, o Professor da Unesp, JUAREZ Xavier e o Diretor do Esport Club Corinthians, André Luiz, que compartilharam suas análises sobre o tema com centenas de trabalhadores da categoria. Em seu discurso de abertura Marco Aurélio, presidente do sintratel reforçou a importância da realização do evento. “Este importante acontecimento na agenda sindical das organizações brasileiras do setor de telemarketing teve enorme relevância diante das análises realizadas que trouxeram consigo toda a problemática das manifestações do racismo no trabalho e nos espaços da sociedade”, disse.

 

Marco Aurélio destacou também que, na nossa sociedade, há uma violência empregada contra afro descendentes responsável pelo crescente índice de assassinatos e violações das liberdades individuais, em especial da juventude negra periférica e citou mapa da desigualdade publicado recentemente pela Rede Nossa São Paulo. “Quando a gente fala de combate ao racismo, a gente tem que ter a convicção de que o racismo é violento e nas periferias morre-se mais por causas externar (acidentes ou violência) do que em qualquer outro bairro, pois a idade ao morrer está diretamente ligada a cor da pele, ou seja, quem é da Cidade Tiradentes, extremo leste, vive, em média, 23 anos menos do quem mora em Moema, uma das regiões mais ricas da cidade e onde menos tem população negra, com apenas 5% de pessoas”.

 

Além desses dados alarmantes, Marco Aurélio fez questão de demonstrar, através do resultado do estudo publicado no mapa da desigualdade, que esse preconceito está institucionalizado já que no Bairro do Jardim Ângela, extremo sul, conseguir um trabalho com carteira assinada é 100 vezes mais difícil do que para quem mora na região central de São Paulo. “Esses números são violentos e gritantes, pois sabemos que nosso povo está na periferia”, explicou.

 

Paulo Martins, Secretário de Equidade nas Relações do Trabalho, agradeceu a presença de todos e endossou a fala de Marco Aurélio reforçando o quanto esse preconceito, que afasta cada vez mais pessoas para as regiões periféricas da cidade, influencia negativamente no mercado de trabalho, principalmente para o jovem negro, afrodescendente. “A inserção no mercado de trabalho para um jovem negro é muito difícil, mesmo que o afrodescendente se especialize, se capacite e busque cursos variados”, disse Paulo.

 

Segundo Paulo, os dilemas no mercado de trabalho acontecem por conta da imobilidade econômica e profissional da esmagadora maioria dos afro descendentes no setor de telemarketing, que ainda são exceções nos cargos de maior prestigio. “No início do século 20, as indústrias contratavam em massa, em grande quantidade, com salários extremamente baixos e com o mesmo problema da invisibilidade, o que podemos assimilar facilmente com nosso setor de call center”. 

 

O professor Juarez Xavier, fez uma analise sobre o racismo estrutural, articulando de maneira pedagógica, o que levou os participantes a revisitarem seus conceitos sobre o cenário social do Brasil atual, através de sua vivência acadêmica e reafirmando a importância das políticas públicas para a superação da desigualdade. O Procurador Nadir de Campos e André Luiz do Corinthians foram felizes ao narrar suas trajetórias com a superação dos desafios impostos pelo racismo.

 

De acordo com André Luiz a discriminação deve ser enfrentada, e ainda corrobora o Procurador Nadir de Campos quando afirma ser a Constituição brasileira a garantia de igualdade de direitos fundamentais como a liberdade e cidadania independente da nossa raça ou cor.

 

Emocionada a diretora sindical Valmira Luzia ouviu com atenção a análise de Doné Oyacy que materializou em suas palavras, simples e sabias, a importância da luta pelo do direito à terra e da vivência quilombola seundo Oyacy, negada durante séculos à população afrodescendente neste país.

 

Doné Oyacy entoou um canto ancestral Oyacy, que buscou inspirar a jovem plateia do Encontro a reivindicar também sua herança cultural, por meio do legado dos povos africanos escravizados no Brasil e que, por vezes, teve esta herança cultural relegada a sombra da identidade histórica brasileira e distribuiu sementes que simbolizaram o crescimento e o desejo do que quer para o futuro.

 

De acordo com Valmira Luzia os nossos ancestrais doaram, através de seu trabalho e da sua resistência, não apenas o direito a vida, mas a força e sapiência para constituirmos uma sociedade livre do racismo, cujo o único objetivo secular foi acumular riqueza através da exploração e opressão do outro e perpetuando a desumanização das relações sociais na nação que também é nossa. “Em todo continente americano, nós negros e nossos antepassados trabalharam arduamente e infelizmente não tiveram direito nem a terra, nem participação como cidadãos nessas sociedades”, disse Valvira que enfatizou a resistência da população afrodescendente no Brasil.

 

Segundo Valmira, o processo de resistência no brasil foi muito extenso e longo, começando pelos quilombolas organizando quilombos, como o dos Palmares, passando pela revolta dos Malês, Cabanagem e Balaiada, onde tivemos presença marcante, por que não eram só pessoas pobres, eram pessoas pobres e escravos que lutavam contra a desigualdade.

 

Ao final, I Encontro para Análise e Percepção sobre a Secularidade do Racismo Institucional e os seus efeitos na Sociedade Brasileira encerrou deixando como mensagem o lema do movimento internacional da organização das Nações Unidas "Vidas Negras Importam!”.

 

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