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No Brasil, Honda dobra cautela com híbridos


28/10/2019

Montadora japonesa entra no segmento com o Accord

 

O presidente da Honda na América do Sul, Issao Mizoguchi, aprendeu, como executivo, que para administrar uma empresa no Brasil é preciso muita cautela. Assim foi com a decisão de cancelar um projeto de ampliação industrial durante a crise. Agora, a montadora anuncia uma estreia discreta no mercado brasileiro de veículos eletrificados com a com a importação de um híbrido de luxo, o Accord. A marca começa a disputar esse mercado depois de Nissan e Toyota. Mas, para Mizoguchi, é melhor ir devagar para não se arrepender mais tarde.

 

“Ainda bem que a gente não fez uma loucura”, diz o engenheiro de 59 anos, há cinco nomeado o primeiro brasileiro a assumir o comando da montadora na região. O executivo refere-se à decisão de cancelar o plano de ter duas fábricas de automóveis no Brasil justo quando a segunda acabara de ser erguida, em 2016. Mizoguchi se diz aliviado com a opção de não ter seguido adiante com um plano que previa a criação de 2,5 mil empregos e que, a julgar pelos rumos que a economia tomou, teria fracassado.

 

Para ele, a expansão do mercado de veículos no país tem sido um tanto “forçada” pela necessidade da indústria de desovar no mercado interno as vendas que não vai conseguir fazer na Argentina. “A questão hoje é a qualidade da venda”, diz, em referência aos descontos oferecidos a frotistas que compram em grandes quantidades, como locadoras. “Nós não faremos isso em respeito aos nossos concessionários. Vamos nos limitar a vendas diretas em pequenas quantidades, como, por exemplo, lotes de dez veículos para diretores de uma companhia.” Na oitava posição, a Honda ficou com 4,97% das vendas de carros e comerciais leves de janeiro a setembro.

 

Outra sábia decisão, na opinião de Mizoguchi, foi encerrar a produção de automóveis na Argentina. A linha que produzia o modelo utilitário esportivo HR-V será desligada em julho. Naquela fábrica, instalada em Campana, região de Buenos Aires, serão produzidas apenas motocicletas. E, mesmo assim, num ritmo muito menor do que o esperado. A crise fez as vendas da Honda na Argentina caírem à metade.

 

Mizoguchi aproveitou uma viagem a Tóquio, para acompanhar o salão do automóvel, para anunciar o início das vendas de modelos híbridos no Brasil. Serão três carros até 2023. O primeiro será o mais caro da linha, o sedã Accord, provavelmente no próximo ano. O executivo faz segredo em relação aos outros dois. Existe a possibilidade de o segundo ser o utilitário esportivo CR-V, já vendido no Japão na versão híbrida.

 

Por enquanto a Honda não cogita produção nacional desse tipo de veículo. A Toyota já fabrica o Corolla híbrido no Brasil. Mas, no caso da Honda, Mizoguchi tem dúvidas de que essa seja uma boa ideia, por enquanto. Dois motivos o levam a manter cautela redobrada desta vez. “Conhecendo o Brasil, se todo o mundo começar a produzir carros híbridos, o governo vai elevar o imposto”, diz. Veículos elétricos e híbridos estão hoje na faixa de IPI mais baixa.

 

Além disso, o executivo mostra preocupação em relação à importação de peças. “Os componentes eletrônicos são todos importados da Ásia. Se aumentarmos muito o volume para montar carros eletrificados no Brasil a balança comercial vai para o brejo”, destaca.

 

Mizoguchi mostra-se também cauteloso em relação às motocicletas elétricas. “Nosso cliente roda muito. Precisamos pensar, também, em como vai ser usar moto elétrica em ruas muito inclinadas, como a avenida Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo”, afirma.

 

Embora satisfeito com a reforma previdenciária, o executivo prevê mais dificuldades com a reforma tributária que, ao final, segundo ele, “servirá apenas para simplificar” o recolhimento de impostos. “Será uma reforminha”, destaca. Para Mizoguchi, apesar da queda nas taxas de juros, a alta carga tributária no Brasil desestimula o consumo. “Consumo no Brasil é pecado”, afirma.

 

Fonte: Valor Econômico




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