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Bolsonaro abre mão de pronunciamento oficial no 1º de Maio, quebrando tradição


05/05/2021

Chefe do Executivo não se reportou aos trabalhadores em pronunciamento oficial.

 

Celebrado mundialmente no primeiro dia de maio, o Dia Internacional dos Trabalhadores é data especial para a sociedade brasileira, porque marca as oito décadas de existência da Justiça do Trabalho no Brasil. Há exatos 80 anos, para uma multidão de pessoas reunidas no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, o presidente Getúlio Vargas anunciava a instalação da Justiça do Trabalho no Brasil. Cabia à instituição "defender de todos os perigos a nossa modelar legislação social-trabalhista". No Brasil, tradicionalmente, os presidentes da República sempre fizeram pronunciamentos alusivos à data e à importância da classe trabalhadora para a economia e para toda a sociedade. Em 2021, porém, o Chefe do Executivo não se reportou aos trabalhadores em pronunciamento oficial, preferindo sobrevoar de helicóptero a manifestação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, organizada em apoio ao seu governo.

 

A partir de 1939, o Dia do Trabalho passou a ser comemorado no estádio de do Vasco da Gama, em São Januário, com a presença de autoridades governamentais, com destaque para o presidente Getúlio Vargas.

 

Nesse momento, o presidente fazia um discurso e sempre anunciava uma nova medida de seu governo que visava beneficiá-los, como o salário mínimo, a Justiça do Trabalho e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), três bons exemplos do porte das iniciativas que então eram ritualmente comunicadas ao público.Continua depois da publicidade

 

Após a reforma trabalhista, de 2017, tanto a Justiça do Trabalho quanto o sistema de fiscalização foram incluídos no processo de desmonte da própria estrutura estatal responsável pela proteção dos direitos trabalhistas. Três foram as mudanças que fragilizaram a Justiça do Trabalho: desconfigurar o direito do trabalho como direito protetor e promotor de avanços sociais aos trabalhadores, privilegiando o encontro ‘livre’ de vontades ‘iguais’; colocação de obstáculos para os trabalhadores tenham acesso à Justiça do Trabalho, e imposição de amarras à atuação dos juízes e tribunais do trabalho.

 

PRÁTICA DE TODOS OS PRESIDENTES

 

Nos anos 50, o presidente Juscelino Kubitschek também fez pronunciamentos no estádio, inaugurado três décadas antes, em 21 de abril de 1927, sendo, na época, o maior estádio da América do Sul. JK comparecia às comemorações do 1º de maio sempre em companhia do ministro do Trabalho e de membros do seu gabinete militar.Continua depois da publicidade

 

No 1º de maio de 1962, o presidente João Goulart discursou para os trabalhadores em Volta Redonda, cidade-sede da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Ele apresentou aos brasileiros os planos das suas “reformas de base”. No palanque, ao lado do presidente da siderúrgica, o almirante Lúcio Meira, Jango defendeu a urgência das “reformas agrária, bancária, eleitoral e tributária, e a difusão do crédito para a indústria, a agricultura e o comércio, e a regulamentação da remessa de lucros”.

 

Durante a ditadura militar (1964-1985), os presidentes também aproveitavam as comemorações do 1º de maio para divulgar mensagens aos trabalhadores brasileiros. No auge dos anos de chumbo e da repressão ao movimento sindical no país, o presidente Médici afirmou, em sua mensagem de 1972, que o governo lutava “pela dignificação dos que trabalham, pelo fortalecimento de um sindicalismo autêntico e pelo crescente bem-estar da família operária”.

 

Mesmo assumindo uma postura aparentemente contrária ao sistema no começo do mandato, aos poucos o presidente demonstrou que não age conforme discursa. A principal base de sustentação do Chefe do Executivo na atualidade é o chamado Centrão, um grupo de parlamentares de diversos partidos que negocia conforme seus próprios interesses.

 

Quando o mundo registra o trágico número de 3,22 milhões de mortes e o Brasil chega a 409 mil óbitos, em 04/05/2021, lembramos da postura debochada do presidente da República ao se referir à pandemia como uma “gripezinha”. Também recordamos da troca de ministros da Saúde, por não contentarem Bolsonaro.

 

Além de incentivar e participar de aglomerações, o presidente ainda insistiu em recomendar o uso de remédios de eficácia não comprovada para o tratamento da doença e que podem causar outros riscos à saúde, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

15,26% DE VACINADOS

 

E para piorar, desde que a primeira pessoa foi imunizada contra a covid-19, em 19 de janeiro de 2021, até o dia 03 de maio, haviam sido vacinados 32.316.507 pessoas, ou equivalente a 15,26% da população brasileira. Apesar de ter tradição em grandes campanhas de imunização, o Brasil está atrás de países como Estados Unidos, Israel, Chile e Reino Unido.

 

Enquanto isso, o médico cardiologista Marcelo Queiroga, empossado como ministro da Saúde, em 15 de março, prega o foco total na vacinação e persegue a meta de vacinar um milhão de brasileiros por dia. Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Queiroga defende o isolamento social como forma de combate à pandemia e já se posicionou contrário ao tratamento precoce à base de cloroquina, em postura contrária ao presidente.

 

Uma pergunta não quer calar: até quando Marcelo Queiroga será ministro da Saúde?

 

Por: Miguel Salaberry Filho

 

Fonte: https://seuexpediente.com.br/




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