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UGT Press 620: Fatos que dão o que pensar


19/06/2018

HAN ZICHENG: Han Zicheng, chinês falecido aos 85 anos, sobreviveu a muitas dificuldades: guerra civil, Revolução Cultural e invasão japonesa. Não conseguiu sobreviver à solidão. Em pungente reportagem do The Washington Post, reproduzida no Estadão de 04/05/2018, ficamos sabendo de sua dramática história. No final de 2013, com 80 anos, ele escreveu uma carta pedindo para ser adotado. "Procurando alguém para me adotar. Homem velho e solitário de 80 anos. Corpo forte. Pode fazer compras, cozinhar e cuidar de si mesmo. Eu não vou para um lar de idosos. Minha esperança é que uma pessoa ou uma família de bom coração me adote, me conforte na velhice enterre meu corpo quando estiver morto". Este é o retrato da política de filho único adotada pela China em função de sua superlativa população. Não há mais o entorno familiar, no qual viviam os mais velhos com os seus filhos e netos. Todavia, não é um problema exclusivamente chinês. Com o aumento da expectativa de vida, os velhos são recolhidos em asilos ou são abandonados, vivendo miseravelmente com aposentadorias irrisórias. Esta será provavelmente a realidade brasileira das próximas décadas. O Brasil está queimando o porvir de seus velhos com as ações administrativas dos predadores de plantão, atualmente Michel Temer.

 

DAVID GOODALL: o cientista britânico morreu em 10 de maio, aos 104 anos, em Basileia, na Suíça, depois que lhe foi administrada, a pedido, uma dose de Nembutal, barbitúrico sintético utilizado em suicídios assistidos. Muitos velhos, não necessariamente doentes terminais, estão recorrendo a isso. No Brasil, segundo o Estadão (11-05-2018), que fez a reportagem a partir de informes das agências internacionais, isso não é permitido, assim como na maioria dos países. O professor Goodall lecionava na Universidade de Melbourne, na Austrália, onde o procedimento também é proibido. À véspera do procedimento, ele concedeu entrevista coletiva: "Os idosos deveriam ter o direito de decidir por si mesmos ... É a minha própria decisão. Quero pôr fim à minha vida e estou agradecido que isso seja possível na Suíça. Seria muito mais conveniente se tivesse sido capaz. Mas, infelizmente falhei."

 

DREW CLOUD: você pode abrir no Google, encontrar o seu endereço no Twitter ou conhecer o seu site - The Student Loan Reporter. Jornais respeitáveis, como o The Washington Post ou The Boston Globe, a rede de TV CNBC e outros meios de comunicação citavam-no constantemente. Bem, acontece que Drew Cloud nunca existiu e este fato, verdadeiro, foi descoberto pelo jornal Chronicle of Higher Educacion, que revelou tratar-se de invenção da empresa de empréstimos estudantis LendEDU. O site falso funcionou por dois anos sem ser descoberto, informou a Folha de São Paulo, em 04/05/2018. Esclarecer o erro foi essencial para notarmos o alcance impressionante das coisas falsas na internet (Fake News), a sofisticação dos meios utilizados, capaz de enganar inclusive organizações de alta reputação. Isso aconteceu nos Estados Unidos, um país com costumes duríssimos contra o exercício da mentira e da falsidade. Imaginem em países que não têm o hábito de investigar ou checar informações?

 

HISTÓRIAS: as duas primeiras histórias são comoventes e nos levam a pensar em nosso próprio futuro como velhos, moradores de um país cujo desenvolvimento tem sido jogado pelo ralo, em função da irresponsabilidade da atual geração de políticos brasileiros. A terceira história é mais preocupante à medida que escancara a capacidade de manipulação através da internet.  Talvez sejam histórias que não deveriam estar juntas, dada a complexidade e assimetria. São nomes que serão esquecidos rapidamente. Os existentes e o não existente. Isso mostra a precariedade de nossas vidas e a vulnerabilidade de nossas informações diárias. Nós, brasileiros, estamos perdendo a oportunidade de fazer deste país alguma coisa séria e consequente. Parece que todos estão preocupados com as futuras eleições, que não serão divisores de águas, serão mais do mesmo. Preocupação inútil, num país que não é mais do futuro, como escreveu Stefan Zweig.

 




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