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UGT Press 552: Globalização - fábricas em busca de menores custos


11/04/2017

TRUMP VERSUS BM após criticar em sua campanha presidencial o tratado de livre comércio entre seu país, o México e o Canadá (NAFTA), o presidente Donald Trump advertiu a montadora alemã BMW: “Diria à BMW que esqueça se querem construir uma fábrica no México e querem vender carros nos Estados Unidos sem uma taxa de 35%... desperdicem seu tempo e seu dinheiro se quiserem exportar para outro país”. A entrevista foi publicada no jornal alemão “Bild” no mês de janeiro. O plano de fabricar no México foi anunciado em 2014 e não se trata de uma simples montadora, mas de uma grande unidade, na qual a BMW pretende investir um bilhão de dólares. Os trabalhos estão adiantados e a empresa alemã afirmou, depois da advertência de Trump, que continua “totalmente comprometida” com a construção da nova fábrica. Os números da indústria automobilística mexicana são impressionantes: de tudo o que ela fabrica, 77 % (setenta e sete por cento mesmo!) são vendidos para o mercado americano.

 

AS MULTIS ESTÃO PREPARADAS: desde que surgiram os blocos econômicos, este é um problema sério: as multis (transnacionais ou empresas globais) são capazes de instalarem, mudarem ou se transferirem de um país para outro com extrema rapidez e facilidade. Fazem isso de olho no custo de produção. Assim, tem sido comum ver muitas marcas famosas produzirem seus produtos em países, por exemplo, da Ásia, enquanto o designer e a propaganda e outros aspectos mais sofisticados permanecem nos países de origem. São essas grandes organizações que patrocinam grandes clubes e grandes atletas. Um jogador como Neymar tem faturamento anual maior do que algumas grandes fábricas brasileiras. A mão de obra de uma grande fábrica brasileira, em geral, custa menos do que o salário de um jogador famoso. São as incoerências da chamada modernidade. Contudo, o principal é a capacidade dessas organizações de se aproveitarem das brechas legais e usufruir das inúmeras formas que municipalidades e estados oferecem, dando-lhes terrenos, infraestrutura e isenções. Além de explorarem a mão de obra barata, pagam poucos impostos sob a alegação de que estão criando empregos.

 

MERCOSUL: em nosso Mercosul também as transnacionais usam e abusam de suas facilidades e regalias. Não é incomum ver anúncios de organizações que pretendem se instalar no Uruguai, Paraguai e Argentina, cuja finalidade é vender para o mercado brasileiro. É o mesmo caso da BMW no México, só não temos por aqui um Donald Trump para se arvorar contra isso e nem sabemos se esse procedimento é correto. A crise momentânea no Brasil aumenta o desemprego no país. Enquanto temos anunciados 12 milhões de desempregados, o Paraguai, por exemplo, apresenta bons índices de crescimento. É preciso reconhecer que a crise brasileira também afeta o Paraguai, uma economia historicamente dependente da economia do Brasil. Enfim, o Paraguai é uma economia muito pequena quando comparada com a do Brasil e esses arroubos de nacionalismo econômico sequer soam bem. Analisar melhor o quadro econômico é recomendável, enquanto fortalecer o Mercosul ainda parece ser o melhor caminho, apesar dos desvios eventuais recorrentes desde sua instalação e, depois, falta de aperfeiçoamento. Isso cabe aos governos dos países membros, na maioria malgovernados, corruptos e sem visão de futuro.

 

FÁBRICAS BRASILEIRAS NO PARAGUAI: valendo-se de um sistema tributário simplificado (10 +10 + 10: 10% de IRPF, 10% de IRPJ e 10% de IVA), há muitas indústrias brasileiras, principalmente do setor do vestuário, se instalando no Paraguai. O Paraguai cria essas facilidades para se aproveitar da proximidade com o Brasil e aqui vender seus produtos. Com isso tem conseguido atrair investimentos. Há outras vantagens no Paraguai: mão de obra e energia baratas. O programa paraguaio já atraiu mais de 100 empresas brasileiras que geraram mais de 10 mil empregos. Dois terços dos investimentos no Paraguai, nos recentes anos, foram de iniciativas brasileiras. Convém prestar atenção. 




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