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UGT Press 508: A economia global e o Brasil


16/06/2016

ECONOMIA GLOBAL: havia até 2015 a perspectiva de que a economia global poderia, afinal, respirar a partir de 2016. Algumas evidências fizeram o Banco Mundial (BM) mudar suas já tímidas previsões: a desaceleração dos emergentes (só a Índia vai bem), iniciada pela China em 2010 e agravada pelo Brasil em 2015/2016; com isso, também as economias mais avançadas ficaram em compasso de espera; o preço das commodities, sustentáculo de algumas economias médias, caiu sensivelmente e, das 46 matérias primas acompanhadas pelo BM, 42 delas sofreram redução de preços em 2015; a questão do petróleo, já abordado neste espaço, que poderia ser motivo de euforia nos países consumidores não teve qualquer efeito em função de outras causas, a exemplo do endividamento interno ou falta de investimento. Em tempos de crise, todos metem o pé no freio e, em economia, isso significa retração.

 

BRASIL: perguntado sobre o Brasil pelo jornal Folha de São Paulo (26/03), o diretor do BM, o turco Ayhan Kose, (26-03), disse: “De um lado, o Brasil enfrenta o ambiente externo, com a queda das commodities. A China, um grande parceiro, está desacelerando. No plano interno, há os óbvios desafios para o governo. Essa combinação, com espaço limitado para a política fiscal e monetária, torna muito complexo o desafio do governo para delinear políticas. Há desafios nos dois cenários. Um período de crescimento baixo é inevitável”. Ele falou diplomaticamente em “crescimento baixo”, quando, na verdade, o Brasil está diante de uma recessão com percentuais negativos na redução da atividade econômica. Tudo isso, agravado por problemas políticos insuperáveis, leva o país a ser uma enorme interrogação no cenário global. Não há boas perspectivas à vista.

 

IMPASSE: segundo o professor Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil vive o seu grande momento, um impasse no qual terá de definir se vai premiar o combate à corrupção ou manter a política do “jeitinho” e empurrar os problemas com a barriga, em linguagem popular. Numa entrevista de página inteira na Folha de São Paulo, na segunda-feira, 28 de março, ele foi claro: “O Brasil vive um momento ímpar, uma oportunidade histórica de definir seu futuro. Se será fundamentalmente ancorado na impessoalidade, na competência e na meritocracia; ou nos panos quentes, no acordo de elites políticas que se sentem ameaçadas diante de processos políticos-judiciais. Essa é a grande bifurcação em que estamos. E a sociedade está sabendo o que quer”. Como o professor falou isso no fim de março, daquela a esta parte, o que vimos foi a segunda opção, infelizmente. O jeitinho brasileiro sendo administrado pelas novas autoridades, com visível intenção de se livrarem de um passado recente indigesto.

 

PODER JUDICIÁRIO: nunca, em época alguma de nossa história, o país esteve tão dependente das decisões de nosso Poder Judiciário. Diariamente, a Corte Suprema tem sido acionada pelos demais poderes – Legislativo e Executivo – para dirimir pendências cabeludas, decorrentes das práticas suspeitas do passado recente. O próprio professor Pereira, na mesma entrevista, diz: “Estamos falando de um escândalo de corrupção de cifras bilionárias, de dragagem de dinheiro público a partir de contratos superfaturados de empresas e da burocracia da Petrobrás para drenar recursos para partidos políticos da base aliada. No agregado, eu identifico a atuação das instituições de controle como extremamente positivas. Obviamente que um processo como esse, com essa complexidade e magnitude, não é linear”. Talvez, exatamente por essa falta de linearidade, aí mora o perigo. As instituições fiscalizadoras e judiciárias não podem fraquejar e devem continuar obstinadamente o enquadramento dos faltosos, sejam quais forem essas pessoas. Estamos falando de presidentes da República, de presidentes do Senado Federal e do ex-presidente da Câmara Federal. Não estamos falando de um cidadão comum. Essa necessidade de enquadramento penal de poderosos demandam coragem e firmeza de caráter de nossas autoridades judiciárias.




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