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UGT Press 506: Sugestão de leitura


08/06/2016

ALTRUÍSMO: no Dicionário Aurélio, altruísmo é "amor ao próximo, filantropia, desprendimento, abnegação". Deve ser tudo isso, mas o altruísmo como prática individual ou coletiva deve ser mais abrangente e situar-se como norma no interior das pessoas ou das comunidades, de forma a ser algo natural, normal ou desinteressado. E isso ocorre frequentemente e pode ser constatado quando pessoas são homenageadas por gestos e ações que ultrapassaram os limites do convencional. Algumas se surpreendem, outras ficam constrangidas ou boa parte delas não se interessa por essas demonstrações de apreço público, pois, quando praticaram atos inusuais, fizeram-nos de forma espontânea, como um prolongamento dos deveres habituais do ser humano. Há também a vaidade e muitos gostam de ser reconhecidos, mas não são todos que agem assim, embora a sociedade atual tenha o péssimo costume de valorizar o individualismo. É a forma de educação ocidental que vem desafiando o tempo.

 

BANALIZAÇÃO DO MAL: no Brasil, infelizmente, estamos assistindo à banalização do mal em detrimento das melhores e exemplares atitudes dos cidadãos. Diariamente, na televisão, vemos um desfile sem fim de maus exemplos, retrato de uma sociedade que se vulgarizou, abandonou a educação e viu crescer a marginalização e a violência. Maus exemplos vieram de cima: a corrupção e a impunidade, de responsabilidade dos três poderes da República, contribuíram para o alastramento das piores formas de convivência, aquelas em que até mesmo os parentes e vizinhos deixam de ser reconhecidos ou ajudados. Há pessoas que moram durante anos em determinado lugar sem ter um dia sequer cumprimentado o vizinho. Nossos antepassados recentes, da primeira metade do século XX, eram pessoas que se ajudavam. Fomos gradativamente perdendo esses bons costumes e assumindo um individualismo feroz, sem barreiras e nocivo à convivência social.  

 

BANALIZAÇÃO DO BEM: a novidade, apresentada no livro de Matthieu Ricard "A revolução do altruísmo", Editora Palas Athena, está em ver e praticar o contrário, falando também da "banalidade do bem, ao lembrar das mil e uma expressões de solidariedade, de atenção e de comprometimento em favor do bem do outro que pontuam nossas vidas cotidianas e exercem influência expressiva sobre a qualidade da vida social". Entre um quinto e um terço da população europeia, dependendo do país, participam de atividades voluntárias. Nos Estados Unidos, entre mulheres e aposentados, quando dispõem de tempo livre, as pessoas consideram um dever prestar serviço voluntário em favor de outros membros da sociedade. Por exemplo, mais de mil pessoas trabalham gratuitamente para o Museu de Belas Artes de Boston. Os dados são do próprio livro de Ricard. No entanto, se olharmos as notícias do dia a dia, em jornais, revistas e canais de televisão, vamos somente ter conhecimento de crimes, de intolerância racial ou do tratamento injusto dispensado aos migrantes.

 

DESAFIOS DA ATUALIDADE: Matthieu Ricard diz textualmente: "Somos defrontados em nossa época por inúmeros desafios. Uma de nossas maiores dificuldades consiste em conciliar os imperativos da economia, da busca pela felicidade e pelo respeito ao meio ambiente. Esses imperativos correspondem a três escalas de tempo: em curto, em médio e em longo prazo, às quais se sobrepõem três tipos de interesses - os nossos, os de nossos próximos e os de todos os seres", Ele cita os dados do mercado de capitais, no qual se fazem 400 milhões de transações por segundo, concebidas pelos bancos e utilizadas na maior parte por especuladores treinados. Essa velocidade que favorece aqueles que vivem em abundância dificulta a existência de um olhar mais atento aos necessitados. Um terço da população mundial vive abaixo da linha da pobreza.

 

BRASIL: a prática do altruísmo no Brasil deve ser mais difícil, mas, por certo, temos muitos exemplos. Aqui, entre nós, o governo deixa de praticar a mais simples e comezinha das obrigações: a de favorecer a maioria mais pobre. Ao contrário, como estamos vendo todos os dias, os poderosos nadam em dinheiro, grande parte subtraído de nossas maiores empresas e de nossos orçamentos públicos. Tudo isso graças à impunidade oferecida pelo nosso velho e carcomido arcabouço judicial e, de resto, pelos nossos costumes políticos, baseados na influência do poder econômico. Fica difícil acreditar no futuro do país quando as poucas chances de passá-lo a limpo são desprezadas por suas maiores autoridades.    




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