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UGT Press 500: De quem é a culpa?


19/04/2016

UGTPRESS: você está recebendo o boletim eletrônico UGTpress de número 500 (quinhentos). Boletim semanal independente, destemido e corajoso, sem meias palavras e não cooptado por qualquer partido, corrente, ideologia ou confissão religiosa. Este é o segredo de sua sobrevivência. Vamos continuar com o decidido apoio do presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, alguém que dá valor à liberdade e se mostra um conciliador nato nas grandes questões da República.

 

CULPAS DIFUSAS: num caso como esse, que levou à admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, sobram explicações e as culpas se diluem em cipoal de circunstâncias. Nada é muito claro. Contudo, algumas causas são visíveis, sem as quais não haveria qualquer tentativa no sentido do afastamento de uma presidente legitimamente eleita em eleições democráticas e regulares. A causa maior é a deterioração da economia, com o aumento da inflação, crescimento do desemprego, afugentamento das inversões e falta de crescimento. Esses fatores econômicos contaminam o ambiente político e fazem dos governantes reféns da situação.

 

LULA: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é também uma das principais figuras do processo. Com partido e discurso que "venderam" a ideia de ética e moralidade, não foi capaz de entregar nenhuma dessas duas coisas básicas e essenciais. Mensalão e petrolão são palavras que não sairão mais do dicionário político brasileiro. Beneficiado por conjunto de situações econômicas favoráveis, com preços de matérias primas e commodities elevados, teve a rara oportunidade de aprofundar a democracia e consolidar o Estado de Direito. Não! Preferiu outros caminhos, entre os quais o de fazer acordos com as raposas felpudas do Parlamento Nacional, a exemplo de Antônio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Paulo Maluf e outras figurinhas carimbadas, todas ligadas a escândalos. Não poderia mesmo dar certo e essas figuras todas (exceção a ACM, morto) votaram a favor do impeachment de Dilma.

 

AINDA LULA: com cacife eleitoral elevado, ele fez a escolha do sucessor, incensando sua ministra Dilma Rousseff e elegendo-a presidente da República. Certamente, no universo petista, teria outras opções. A escolha recaiu em quem, desde a primeira hora serviu aos seus propósitos, inicialmente no ministério das Minas Energias (leia-se Petrobrás) e depois na Casa Civil. Poderia ter reivindicado a possibilidade de ser ele o candidato em 2014, mas, provavelmente, não teve força para isso. Dilma, sem seu apoio, não teria sido reeleita. Não teve força nem mesmo para influenciar no ministério do novo governo quando se exigia a presença na economia de nomes fortes, alinhados ao ajuste fiscal e ao mercado. Em 2015, o desastre começava a ser alinhavado.

 

DILMA ROUSSEFF: tudo indica que a presidente é pessoa teimosa e de difícil trato. Negligenciou a crise, não deu importância às consequências da Operação Lava Jato e afastou-se de seu criador, reconhecidamente melhor articulador. Quando voltou-se a ele, seu gesto foi visto como ilegítimo porque se destinava a blindá-lo contra possível prisão. Mas, o principal mesmo foi deixar de fazer de 2015 o ano de recuperação econômica e saneamento das finanças públicas. O déficit continuou a crescer e, pior do que isso, Dilma se utilizou de medidas passíveis de ilegalidade para ir driblando os efeitos deletérios da falta de recursos. A essa altura, as relações com o maior partido de sustentação da base aliada já estavam comprometidas e o vice-presidente estava claramente a favor de seu afastamento. Para complicar, a divulgação de gravações de conversas, com os impropérios habituais de Lula. Ela perdeu a opinião pública, e viu  seus erros serem maximizados pelos meios de comunicação.

 

SEQUÊNCIA: a sequência deste imbróglio é previsível: haverá muita pressão sobre o Senado da República e, salvo um milagre, lá também haverá admissibilidade do processo de impeachment. Se for afastada por seis meses, a estratégia parece clara: presença de Lula nas principais regiões do país e busca de apoio internacional, onde ainda há sinais claros de inconformidade com o afastamento da presidente. Mas, a volta de Dilma, caso isso aconteça, será quase impossível. Manifestações são previsíveis de lado a lado. Dilma tem cerca de 20 dias para mudar o quadro político e econômico, numa corrida de obstáculos quase intransponíveis.

 

DIFICULDADES: seja quem for o presidente para os próximos seis meses, as dificuldades são visíveis. É muito pouco tempo para a solução dos graves problemas econômicos. Se não houver continuidade da Operação Lava Jato e punição para Eduardo Cunha, o processo perderá credibilidade. Não se descartam greves e intervenções pontuais dos movimentos sociais na vida do país, crescendo a ideia de anormalidade. Não sabemos o que vai ocorrer e, rezar, talvez  seja preciso.

 




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